
(Ciclo A – Domingo 11 -Tempo Com.)
«MEDIADORES» – INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS!
É bastante evidente que Deus, ao criar o mundo, principalmente ao nível dos humanos – e porque nos dotou de liberdade – quer que sejamos “protagonistas” da nossa vida e da nossa história, bem como cooperadores na melhoria das vidas e das histórias dos outros… Logo no início da Palavra de Deus de hoje, aparece Moisés com uma missão para os outros! “O Senhor chamou Moisés, da montanha, e disse-lhe: «Assim falarás à casa de Jacob, isto dirás aos filhos de Israel: … Agora, se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial…” (Ex 19 / 1ª L.). Não é que o Senhor não possa comunicar diretamente com o povo de Israel, como, aliás, ia demonstrá-lo, numa encenação espetacular, logo a seguir, desde aquele mesmo monte Sinai, «monte da aliança», onde O Senhor proclamou o famoso «Decálogo moral»: Porque “lá houve trovões e relâmpagos e uma nuvem pesada sobre a montanha, e um som, cada vez mais forte, de trombeta… E foi assim que Deus pronunciou todas estas palavras” (Ex 19-20). Dizia a gente do povo a Moisés: “Fala-nos tu, que não nos fale Deus, para não morrermos!”. Expressão repetida várias vezes no AT, para indicar a impossibilidade de ver a Deus com os olhos corporais… Ou, dito de outro modo, está nos planos de Deus a não comunicação direta com o homem, enquanto duram estas “coordenadas espácio-temporais”.
Por isso, nunca foi nem será este o proceder normal e habitual do Senhor. Longe de Deus semear o medo entre a gente humana (como quando “aquele povo tremia no acampamento”, perante a voz e a presença majestosa do Senhor). Ele prefere fazê-lo através de outros homens como instrumentos necessários (!?) nas Suas mãos, embora respeitando sempre a liberdade desses “instrumentos”, como não podia deixar de o ser. São as «mediações» de Deus!
Há, não obstante, entre estas “mediações”, uma, que é singular e privilegiada, e que revela, mais uma vez, a vontade que o Senhor Deus tem de agir e atuar sempre por meios instrumentais e não diretamente. Estamos a falar, nada menos que do Seu próprio Filho, Cristo Jesus, a Quem invocamos, por isso, como Mediador Universal. Paulo, na sua Carta aos Romanos, deixa-o bem patente. “… Por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores” (Rm 5 / 2ª L.). Ou seja, uma vez que Deus como tal, “não podia” morrer (tal como nós entendemos a morte) teve de “se encarnar” na pessoa do seu Filho para, através deste «Mediador» – Único e necessário – produzir a nossa Salvação! A conclusão de Paulo, a seguir, não deixa lugar a dúvidas: “Fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho”.
Resta-nos uma questão final importante, para nós e para todos: Qual deve ser a nossa atitude e disposição para nos transformarmos nos “melhores instrumentos” nas mãos de Deus, seguindo o exemplo de Jesus?… Por enquanto, o Evangelho de hoje nos avisa acerca da nossa «mediação», através da missão que o mesmo Jesus nos confia. Então, “ao contemplar Ele as multidões e encher-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor…”, parece que o normal teria sido acudir a Deus, pedindo-Lhe que agisse imediatamente para remediar a situação, dizendo, por exemplo: «Pai, tem compaixão e faz alguma coisa por esta gente». Mas não. Porém, o que Ele disse aos discípulos foi “Pedi ao Senhor da seara que mande operários para a sua seara”. E, logo a seguir, põem-se todos mãos à obra (“operários”) para cumprir a “Missão” – Mediação – de Evangelizar!… Primeiramente, “Jesus chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder…”. E, a seguir, depois de lhes dar as devidas instruções… conclui com estas significativas palavras para nós e para todos: “«De graça recebestes, dai de graça»”. (Mt 9 / 3ª L.). É que estas mediações, ou são gratuitas – voluntárias, generosas, solidárias – ou não prestam!
Esta é a chave especial, Senhor,
do nosso labor evangelizador
–dar de graça pois de graça recebemos–
que jamais devemos esquecer!
E porque somos o Teu povo,
as ovelhas do Teu rebanho,
pastoreados, alimentados e salvados
por Teu Filho Jesus, o bom Pastor,
–Mediador principal e necessário–
nós queremos demonstrar-Te a nossa gratidão.
E porque sabemos que Tu nos fizeste
como rebanho que a Ti pertence,
aqui nos tens, entregues a Ti, ó Pai,
para que faças, de todos e cada um,
voluntários disponíveis nas Tuas mãos,
os instrumentos que Tu preferes
–ao mesmo tempo ovelhas e pastores–
para a salvação dos outros irmãos…
E prometemos ser-Te leais e fiéis,
para corresponder à Tua fidelidade
que se estende de geração em geração!
[ do Salmo Responsorial / 99 (100) ]
16 Junho, 2017
«MEDIADORES» – INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 11 -Tempo Com.)
«MEDIADORES» – INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS!
É bastante evidente que Deus, ao criar o mundo, principalmente ao nível dos humanos – e porque nos dotou de liberdade – quer que sejamos “protagonistas” da nossa vida e da nossa história, bem como cooperadores na melhoria das vidas e das histórias dos outros… Logo no início da Palavra de Deus de hoje, aparece Moisés com uma missão para os outros! “O Senhor chamou Moisés, da montanha, e disse-lhe: «Assim falarás à casa de Jacob, isto dirás aos filhos de Israel: … Agora, se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial…” (Ex 19 / 1ª L.). Não é que o Senhor não possa comunicar diretamente com o povo de Israel, como, aliás, ia demonstrá-lo, numa encenação espetacular, logo a seguir, desde aquele mesmo monte Sinai, «monte da aliança», onde O Senhor proclamou o famoso «Decálogo moral»: Porque “lá houve trovões e relâmpagos e uma nuvem pesada sobre a montanha, e um som, cada vez mais forte, de trombeta… E foi assim que Deus pronunciou todas estas palavras” (Ex 19-20). Dizia a gente do povo a Moisés: “Fala-nos tu, que não nos fale Deus, para não morrermos!”. Expressão repetida várias vezes no AT, para indicar a impossibilidade de ver a Deus com os olhos corporais… Ou, dito de outro modo, está nos planos de Deus a não comunicação direta com o homem, enquanto duram estas “coordenadas espácio-temporais”.
Por isso, nunca foi nem será este o proceder normal e habitual do Senhor. Longe de Deus semear o medo entre a gente humana (como quando “aquele povo tremia no acampamento”, perante a voz e a presença majestosa do Senhor). Ele prefere fazê-lo através de outros homens como instrumentos necessários (!?) nas Suas mãos, embora respeitando sempre a liberdade desses “instrumentos”, como não podia deixar de o ser. São as «mediações» de Deus!
Há, não obstante, entre estas “mediações”, uma, que é singular e privilegiada, e que revela, mais uma vez, a vontade que o Senhor Deus tem de agir e atuar sempre por meios instrumentais e não diretamente. Estamos a falar, nada menos que do Seu próprio Filho, Cristo Jesus, a Quem invocamos, por isso, como Mediador Universal. Paulo, na sua Carta aos Romanos, deixa-o bem patente. “… Por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores” (Rm 5 / 2ª L.). Ou seja, uma vez que Deus como tal, “não podia” morrer (tal como nós entendemos a morte) teve de “se encarnar” na pessoa do seu Filho para, através deste «Mediador» – Único e necessário – produzir a nossa Salvação! A conclusão de Paulo, a seguir, não deixa lugar a dúvidas: “Fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho”.
Resta-nos uma questão final importante, para nós e para todos: Qual deve ser a nossa atitude e disposição para nos transformarmos nos “melhores instrumentos” nas mãos de Deus, seguindo o exemplo de Jesus?… Por enquanto, o Evangelho de hoje nos avisa acerca da nossa «mediação», através da missão que o mesmo Jesus nos confia. Então, “ao contemplar Ele as multidões e encher-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor…”, parece que o normal teria sido acudir a Deus, pedindo-Lhe que agisse imediatamente para remediar a situação, dizendo, por exemplo: «Pai, tem compaixão e faz alguma coisa por esta gente». Mas não. Porém, o que Ele disse aos discípulos foi “Pedi ao Senhor da seara que mande operários para a sua seara”. E, logo a seguir, põem-se todos mãos à obra (“operários”) para cumprir a “Missão” – Mediação – de Evangelizar!… Primeiramente, “Jesus chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder…”. E, a seguir, depois de lhes dar as devidas instruções… conclui com estas significativas palavras para nós e para todos: “«De graça recebestes, dai de graça»”. (Mt 9 / 3ª L.). É que estas mediações, ou são gratuitas – voluntárias, generosas, solidárias – ou não prestam!
Esta é a chave especial, Senhor,
do nosso labor evangelizador
–dar de graça pois de graça recebemos–
que jamais devemos esquecer!
E porque somos o Teu povo,
as ovelhas do Teu rebanho,
pastoreados, alimentados e salvados
por Teu Filho Jesus, o bom Pastor,
–Mediador principal e necessário–
nós queremos demonstrar-Te a nossa gratidão.
E porque sabemos que Tu nos fizeste
como rebanho que a Ti pertence,
aqui nos tens, entregues a Ti, ó Pai,
para que faças, de todos e cada um,
voluntários disponíveis nas Tuas mãos,
os instrumentos que Tu preferes
–ao mesmo tempo ovelhas e pastores–
para a salvação dos outros irmãos…
E prometemos ser-Te leais e fiéis,
para corresponder à Tua fidelidade
que se estende de geração em geração!
[ do Salmo Responsorial / 99 (100) ]