24aa- «Deu-te a comer o maná...

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo A – CORPO E SANGUE DE CRISTO.-«Corpo de Deus»T. Comum)

 

“«O Senhor, teu Deus, fez-te sair da terra do Egito, da casa de escravidão, e te conduziu através do imenso e temível deserto… Foi Ele quem, da rocha dura, fez nascer água para ti e, no deserto, te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido»” (Dt 8 / 1ª L).

 

“Imenso e terrível deserto” (que “o Senhor Deus fez percorrer, ao Seu povo, durante quarenta anos”)… O mesmo Deus que “fez nascer água de uma rocha dura” para saciar a sede, e deu a comer aquele estranho alimento, “maná”, antes nunca visto… E vêm à nossa memória aqueles quarenta dias (que não anos) de Jesus: também num deserto, onde também sentiu fome, mas onde não transformou aquelas pedras duras en pão, porque aquilo não passava de uma tentação do Maligno que pretendia torcer a sua Missão…

 

A – Parece, por vezes, como que Deus nos introduz nos desertos da nossa vida; outras vezes, somos nós que, voluntariamente, entramos em desertos que acabam por ser “imensos e terríveis”.

B – O que sim parece normal, ao longo da nossa vida, é o facto de termos de atravessar diversos desertos. É que – neles – resulta ser bem preciso sentirmos a sede de água e a fome de pão, para compreendermos a nossa cabal insuficiência e dependência de Deus e de todo o transcendente…

A – Dir-se-ia que “a libertação de toda a escravidão” (e não apenas a do Egito) exige, primeiro, uma “travessia do deserto” e, depois, recuperar as forças e energias que se gastam “nesse caminho”…

B – E é então que aparece o Deus Providente… o Deus capaz de transformar a roca dura em água e fazer surgir um “maná nutriente”… o Deus capaz de – Ele mesmo – se transformar em Pão…

A – Porque, afinal, o “caminho desértico” deve conduzir a uma meta certa e esperada, que será de completa e total realização pessoal em felicidade… num desejado «monte da Transfiguração»…

B – Só que a «meta final» que Deus “sonhou” para nós é nada menos que «nos transfigurarmos» n’Ele próprio, tal como os alimentos se transformam naqueles que os consomem e assimilam…

A – Então, agora já percebemos porque é que Deus quis fazer-se corpo, «o Corpo de Deus», na Pessoa do Filho, Jesus, que se encarnou e se fez “carne e sangue”, e depois, pão e vinho!

B – E neste sentido, entende-se o «símbolo do pelicano» – aplicado a Deus pelos cristãos desde muito antigo – pelo facto de esta ave ser capaz (se necessário) de «rasgar o seu peito para alimentar, do próprio sangue, os seus filhotes». Jesus era então, para eles, «o Divino Pelicano»!

 

A/B: Que grande dignidade, Senhor, para nós, quando, no Teu ato criador,

quiseste que nascêssemos de Ti, “à tua imagem e semelhança”!

Mas que vocação maravilhosa, a que Tu “sonhaste”, também para nós,

quando puseste à nossa frente um “caminho” que só acaba em Ti,

porque “a meta” que temos no horizonte é – ó mistério e maravilha! –

a nossa transformação em Ti, segundo as palavras de Jesus (“haveis de ser Deus”)*.

O que agora Te pedimos é que, com a Tua graça, aprendamos a alimentar-nos

do Corpo e Sangue do Teu Filho Jesus, que é o Teu próprio «Corpo», ó Deus!

(*) – Jo 10,34ss / Ao interpretar e confirmar o Sl 81(82),6.   

     

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:

http://palavradeamorpalavra.sallep.net