42aa- «Os discípulos gritaram cheios de medo

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 19 do T. Comum)

 

“O barco ia já no meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar, assustaram-se, pensando que fosse um fantasma. E gritaram cheios de medo. Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo: «Tende confiança. Sou Eu. Não temais»”… (Mt 14,25-27 / 3ª L.).

 

Não temais!… Deus não está nem nas catástrofes naturais (1Rs 19) nem nas devastações provocadas pelo ser humano… Tudo isso funciona assim: para «o universo», seguindo unas leis (fixas – aleatórias) – à partida criadas por Deus – e, para «os humanos», consoante a livre vontade deles (igualmente criada por Deus!)… Claro que, como se está a ver, Deus está no princípio, e estará igualmente no fim, mas acompanhando sempre, desde dentro, a vida de todo o ser humano! Ainda que este continue a ter sempre medo, perante toda a realidade “imprevista” e desconhecida (seja ou seja boa)!

 

A – É verdade, também das coisas boas! Basta lembrarmos o episódio da Transfiguração de Jesus: no meio do gozo daquele ambiente de glorificação, “os três discípulos sentiram medo”! Tal como aconteceu igualmente aos três pastorinhos, videntes de Fátima, à vista de Nossa Senhora…

B – Quer uns quer outros, tiveram de ser acalmados por Maria ou por Jesus… Aliás, Jesus Ressuscitado e Glorioso, nas “aparições”, tinha de repetir a saudação: «A paz… Não temais!».

A – Pareceria normal que sentíssemos medo ou temor perante o que experimentamos como mau ou negativo. Mas o bom ou positivo, não teria de suscitar em nós sentimentos de paz e de alegria?

B – Acontece que, no caso presente, há um medo inicial provocado por um “erro na apreciação”, quando os discípulos confundem Jesus com um fantasma; aqui falham os nossos sentidos…

A – E, precisamente, este último acontecimento pode dar-nos a chave que nos ajude a refletir acerca da origem dos nossos medos. Não será que os nossos temores têm um denominador comum, ao sentirmos receio de todo o desconhecido ou, como já apontámos, do “imprevisto”?

B – Se for assim, perguntamos nós, haverá algum “tratamento” para os nossos temores?… Talvez pudéssemos pensar em duas direções ou pistas: no “conhecimento” e na “amizade”(?)…

A – Quer dizer – supomos nós – uma vez que a origem dos medos parece estar no “desconhecido”, se aprofundarmos no «conhecimento» da vida humana, na sua dimensão natural e sobrenatural, então, interpretaremos esses “fenómenos” numa visão e sentido diferentes…

B – E, desde logo, se cultivarmos, por cima de tudo, a “Amizade” com aquele Ser Omnipotente – Deus em Jesus Cristo! – até ela ser «mais forte do que a morte», então, nada nem ninguém poderá tirar-nos o sossego interior, a calma do espírito, como aconteceu com tant@s sant@s!!!

A – Fica aqui o nosso “desafio”: Porque é que nós, cristãos, sentimos ainda tantos “medos”!?…

 

A/B: Será, Senhor, que o medo se instalou e deitou raízes dentro de nós

e não vamos ser capazes de o eliminar como sendo uma “erva daninha”?

Claro que somos herdeiros duma tradição bíblica («Javé-sebaot, dos exércitos»),

mas desde que Jesus, o Filho, nos revelou o Teu verdadeiro rosto de Pai, Abbá,

queremos sentir-nos e vivermos como filhos do Amor, e nunca do temor!  

             

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net