63a- «Espelho de Deus» - Maria

(Ciclo A – Assunção de Maria – 15 de agosto)  

«ESPELHO DE DEUS» – MARIA.

Cristo em Maria, Maria com Cristo – Mãe e Filho – eis o «Par de Salvação». Nos planos de Deus, a Virgem Maria e o seu Filho Jesus, ficaram associados – desde toda a eternidade!? – para um Projeto Salvador. Era preciso “salvar” o Plano Divino, que a liberdade humana tinha destruído, arruinado, perdido, através daquele outro par, «Adão e Eva – Eva e Adão». Ou seja, os homens e as mulheres, todo o homem e toda a mulher, representados naquela «figura Adão-Eva»: eis o «Par de Perdição». Entenda-se, portanto, até ao grau conveniente, esse «sentido figurado»!

E é Paulo quem começa a “desvelar-nos” este mistério, na sua primeira carta aos cristãos de Corinto: “Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida”… (1 Cor 15 / 2ª L.). Claro que todos o entendemos: onde diz “Adão” quer dizer «Adão-Eva». Tal como, onde diz “em Cristo”, nós interpretamos agora «em Cristo e Maria».

Para este Projeto de Salvação, era preciso preparar bem as coisas “desde as origens”: já naquele “Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar” (Gn 3, 15). Como sabemos, na «descendência» daquela mulher, que esmagaria o Mal, há que entender, inseparavelmente: Maria, a Mãe, e Jesus, o Filho Salvador. E porque Deus “o sonhou” assim, era necessário associar ao Homem perfeito, Jesus, a Mulher perfeita, Maria. E então, a Virgem Maria teria de começar por ser “Imaculada” na sua “Conceição”: foi desta forma que se iniciou aquele «Sonho de Deus» – lembram-se? – “sonho azul de mulher”.

Pois este “sonho divino de mulher”, que naquele ponto tinha o seu início, agora alcança o seu cume e apogeu, neste texto do Apocalipse: “Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”… (Ap 11 / 1ª L.). Tal como o Filho tinha Ressuscitado e Ascendido ao Céu, também – neste dia da Assunção – a Mãe é elevada (“Assunta”) ao mesmo Céu, em Corpo e Alma, do modo como é exposto aqui, nesse texto Apocalíptico. Tinha assim ficado “reconstruído”, ou restaurado, aquele «espelho humano» que, inicialmente, refletira, com nítida beleza, a “imagem de Deus” (por ter sido “criado à Sua imagem e semelhança”).

A missão – “vocação” – de Maria, ao longo de toda a sua vida terrena, foi conseguir transformar-se num «espelho perfeito» onde “se refletisse” a Imagem de Deus e, ao mesmo tempo, “se espelhasse” a verdadeira imagem do homem. E o Evangelho de hoje oferece-nos uma pista, que constitui a chave fundamental para compreender a atitude vital da Virgem Maria, a Mãe de Jesus.

Estava Ela a iniciar a fase fundamental da sua vida consciente e livre (após o Anúncio da Encarnação do Verbo) quando “se pôs a caminho, apressadamente, para a montanha, em direção a uma cidade de Judá” para visitar a sua parenta Isabel. Esta recebeu-a com aquela saudação inesperada de admiração e elogio: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?… Feliz aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor!”. Está certo e com todo o mérito!

Mas esta Maria Virgem – que acaba de iniciar a sua Maternidade Divina – não pode, não é capaz de ficar com queles elogios para si mesma, aliás bem justos e merecidos. E porque Ela sente-se apenas como um instrumento humilde nas mãos do Senhor, reenvia esses louvores – enriquecidos com outros da sua inspiração – para quem é Deus e Senhor da sua vida e de todo o seu ser. “ «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva…» ” (Lc 1 / 3ª L.). Ou seja, estava formulado o «Magnificat», o primeiro e grande hino de louvor divino… E, como se vê, o louvor que Maria recebe (de Isabel) reflete-se n’Ela (“límpido espelho”), e volta para Deus, que está a olhar para Ela. Assim, o Senhor “se espelha” em Maria, e Ela reflete e reenvia os louvores para Deus. Fica bem claro: MARIA, «ESPELHO DE DEUS»!

 

Senhor do Céu, Deus e Pai nosso,

queremos agora louvar-Te, com Amor,

como nos ensinou a Mãe, Maria,

e com as suas mesmas palavras:

«A nossa alma Te glorifica, Senhor,

e o nosso espírito se alegra em Ti,

o nosso Deus, Pai e Salvador»…

Mas queremos também louvar, com Amor,

à Mãe, Maria, porque Ela merece:

«Neste dia da tua Assunção e glorificação, ó Maria,

vêm ao teu encontro “filhas de reis”,

porque estarás sempre à direita do Rei,

que ficou enamorado da tua beleza…

Mas tu, ó Mãe, não esqueças o teu povo

nem olvides a casa da tua raça…

Porém, ouve, Mãe, vê e presta atenção

quando cheguem à tua presença

as filhas e os filhos de reis

(que agora somos todos nós,

junto com os nossos irmãos e irmãs)

a pedir-te ajuda, conforto ou proteção…».

Sabemos que «Tu podes: és Mãe do Rei;

e que Tu deves: és nossa Mãe»…

…E sentiremos em nós a bênção do Senhor,

e o Seu Amor encherá toda a terra!

                       [ do Salmo Responsorial / 44 (45) ]