
(Ciclo A – Domingo 26 -Tempo Com.)
PODER/VALOR DA PALAVRA!
O primeiro filho – dos dois que foram chamados pelo pai – disse «Não quero ir!», e o segundo, «Eu vou, pai!» (Mt 21). Claro que “falar” é relativamente fácil, sobretudo quando a “palavra” é superficial, inconsequente, daquelas que “o vento leva”, ou seja, palavras sem compromisso. E vê-se logo que, neste caso – para bem ou para mal – nenhum dos dois filhos foi coerente com o que tinha dito. O primeiro, mais espontâneo ou irreflexivo, respondeu e disse aquilo que, depois, julgou que não deveria efetuar; e ainda bem, porque, assim, este acabou por fazer a vontade do pai! Quanto ao outro, pelos vistos mais frio e calculista, respondeu ao pai com aparente docilidade, mas também não foi coerente com a sua resposta, e assim não fez o que o seu pai queria. E esta “segunda palavra” também não tinha “poder” e ainda menos podia ter “valor”. Que desgraça! Infelizmente, são assim as “palavras” de muitas pessoas na nossa sociedade humana!
Ainda bem que a “palavra” das pessoas conscientes de serem filhos de Deus, reflete e imita a Palavra do Pai, que é, cabalmente, «Palavra de Amor, Palavra». E nesta da Liturgia de hoje brilha perfeitamente a coerência da lógica do Amor, de uma Misericórdia infinita.
Aqueles pseudo-sábios “da casa de Israel” pretendiam dar a Deus uma lição de justiça na “lógica do talião”, esquecendo que a justiça de Deus «não é linear» como a dos homens, mas aposta sempre «na misericórdia, para além da justiça» – lembram-se? – . Pois neste diálogo com os “sensatos comandantes” do povo de Israel, a lógica da justiça deles fica superada e banida pela “i–lógica” misericórdia de Deus, que é Pai de todos. “«Escutai, casa de Israel: … Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado, praticar o direito e a justiça, salvará a sua vida. Se abrir os seus olhos e renunciar às faltas que tiver cometido, há de viver e não morrerá»” (Ez 18 / 1ª L.). Não importa a sua vida anterior – onde “aqueles” queriam aplicar “a sua justiça” – mas a nova vida, após a sincera conversão, onde o homem novo é apenas envolvido pelo Amor e a Misericórdia Divina: é a «lógica de Deus»!
E é evidente que, para S. Paulo, esta lógica de Deus aponta para o seu Filho Jesus, o Salvador, manso e humilde de coração, em Quem se encarnou a Misericórdia Divina e em Quem reside toda a plenitude da Sabedoria e Bondade de Deus. Daí que o Apóstolo das gentes, escrevendo aos cristãos de Filipos, nos exorte encarecidamente, a todos, a imitarmos este Jesus: “Tende entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração… sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus…” (Fl 2 / 2ª L.). Pois se queremos ter os mesmos sentimentos e a mesma caridade que tinha Jesus Cristo, teremos de olhar primeiro aos interesses dos outros, nossos irmãos (“numa só alma e num só coração”) antes de pensarmos nos próprios interesses.
E se formos, como diz o povo, «pessoas de palavra» – não como aqueles “dois filhos” da parábola – saberemos primeiro escutar com atenção a Palavra de Deus, em Jesus Cristo, e depois, tentaremos ser coerentes e fiéis. Mas se, apesar de tudo, tivermos a desgraça de cairmos na tentação de seguirmos pelos caminhos “dos publicanos ou das mulheres de má vida”, ou como “o primeiro daqueles filhos”, que saibamos então – igual que eles – acreditar e convertermo-nos para “irmos diante [dos «príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo»] para o reino de Deus”. Porque estes, “que o viram claramente, não quiseram arrepender-se nem acreditar”. (Mt 21 / 3ª L.).
Em definitivo, a Palavra – o Verbo – por ser a Palavra de Deus “in-carnada”, é a única palavra capaz de nos transformar em homens e mulheres de Palavra, aliás, em pessoas de «Palavra de Amor, Palavra!».
Confiado, ó Pai, em que não queres
nem pensar nas minhas faltas
nem nos pecados da minha juventude…
lembra-Te agora da Tua misericórdia
e das Tuas graças que são eternas.
Eu quero aprender a escutar, Pai,
a Tua Palavra de Amor – essa Palavra
que é o Teu Filho, o Verbo Encarnado –
para eu ser autêntica “pessoa de Palavra”…
Mostra-me, Senhor, os Teus caminhos,
ensina-me as Tuas veredas, para que,
sendo fiel e coerente no falar e responder,
faça em tudo o que é a Tua Vontade…
Eu quero ser do número dos humildes,
pois eles são orientados por Ti na justiça…
Eu sei que Tu és bom e reto
e ensinas o caminho aos pecadores:
por eles, eu Te peço agora, Senhor,
pela Tua bondade e fidelidade…
E guia-me – guia-nos – na Tua Verdade
porque Tu és Deus, meu Salvador:
Em Ti, ó Pai, nós esperamos sempre!
[ do Salmo Responsorial / 24 (25) ]
29 Setembro, 2017
PODER/VALOR DA PALAVRA!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 26 -Tempo Com.)
PODER/VALOR DA PALAVRA!
O primeiro filho – dos dois que foram chamados pelo pai – disse «Não quero ir!», e o segundo, «Eu vou, pai!» (Mt 21). Claro que “falar” é relativamente fácil, sobretudo quando a “palavra” é superficial, inconsequente, daquelas que “o vento leva”, ou seja, palavras sem compromisso. E vê-se logo que, neste caso – para bem ou para mal – nenhum dos dois filhos foi coerente com o que tinha dito. O primeiro, mais espontâneo ou irreflexivo, respondeu e disse aquilo que, depois, julgou que não deveria efetuar; e ainda bem, porque, assim, este acabou por fazer a vontade do pai! Quanto ao outro, pelos vistos mais frio e calculista, respondeu ao pai com aparente docilidade, mas também não foi coerente com a sua resposta, e assim não fez o que o seu pai queria. E esta “segunda palavra” também não tinha “poder” e ainda menos podia ter “valor”. Que desgraça! Infelizmente, são assim as “palavras” de muitas pessoas na nossa sociedade humana!
Ainda bem que a “palavra” das pessoas conscientes de serem filhos de Deus, reflete e imita a Palavra do Pai, que é, cabalmente, «Palavra de Amor, Palavra». E nesta da Liturgia de hoje brilha perfeitamente a coerência da lógica do Amor, de uma Misericórdia infinita.
Aqueles pseudo-sábios “da casa de Israel” pretendiam dar a Deus uma lição de justiça na “lógica do talião”, esquecendo que a justiça de Deus «não é linear» como a dos homens, mas aposta sempre «na misericórdia, para além da justiça» – lembram-se? – . Pois neste diálogo com os “sensatos comandantes” do povo de Israel, a lógica da justiça deles fica superada e banida pela “i–lógica” misericórdia de Deus, que é Pai de todos. “«Escutai, casa de Israel: … Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado, praticar o direito e a justiça, salvará a sua vida. Se abrir os seus olhos e renunciar às faltas que tiver cometido, há de viver e não morrerá»” (Ez 18 / 1ª L.). Não importa a sua vida anterior – onde “aqueles” queriam aplicar “a sua justiça” – mas a nova vida, após a sincera conversão, onde o homem novo é apenas envolvido pelo Amor e a Misericórdia Divina: é a «lógica de Deus»!
E é evidente que, para S. Paulo, esta lógica de Deus aponta para o seu Filho Jesus, o Salvador, manso e humilde de coração, em Quem se encarnou a Misericórdia Divina e em Quem reside toda a plenitude da Sabedoria e Bondade de Deus. Daí que o Apóstolo das gentes, escrevendo aos cristãos de Filipos, nos exorte encarecidamente, a todos, a imitarmos este Jesus: “Tende entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração… sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus…” (Fl 2 / 2ª L.). Pois se queremos ter os mesmos sentimentos e a mesma caridade que tinha Jesus Cristo, teremos de olhar primeiro aos interesses dos outros, nossos irmãos (“numa só alma e num só coração”) antes de pensarmos nos próprios interesses.
E se formos, como diz o povo, «pessoas de palavra» – não como aqueles “dois filhos” da parábola – saberemos primeiro escutar com atenção a Palavra de Deus, em Jesus Cristo, e depois, tentaremos ser coerentes e fiéis. Mas se, apesar de tudo, tivermos a desgraça de cairmos na tentação de seguirmos pelos caminhos “dos publicanos ou das mulheres de má vida”, ou como “o primeiro daqueles filhos”, que saibamos então – igual que eles – acreditar e convertermo-nos para “irmos diante [dos «príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo»] para o reino de Deus”. Porque estes, “que o viram claramente, não quiseram arrepender-se nem acreditar”. (Mt 21 / 3ª L.).
Em definitivo, a Palavra – o Verbo – por ser a Palavra de Deus “in-carnada”, é a única palavra capaz de nos transformar em homens e mulheres de Palavra, aliás, em pessoas de «Palavra de Amor, Palavra!».
Confiado, ó Pai, em que não queres
nem pensar nas minhas faltas
nem nos pecados da minha juventude…
lembra-Te agora da Tua misericórdia
e das Tuas graças que são eternas.
Eu quero aprender a escutar, Pai,
a Tua Palavra de Amor – essa Palavra
que é o Teu Filho, o Verbo Encarnado –
para eu ser autêntica “pessoa de Palavra”…
Mostra-me, Senhor, os Teus caminhos,
ensina-me as Tuas veredas, para que,
sendo fiel e coerente no falar e responder,
faça em tudo o que é a Tua Vontade…
Eu quero ser do número dos humildes,
pois eles são orientados por Ti na justiça…
Eu sei que Tu és bom e reto
e ensinas o caminho aos pecadores:
por eles, eu Te peço agora, Senhor,
pela Tua bondade e fidelidade…
E guia-me – guia-nos – na Tua Verdade
porque Tu és Deus, meu Salvador:
Em Ti, ó Pai, nós esperamos sempre!
[ do Salmo Responsorial / 24 (25) ]