55aa- «A Sabedoria é luminosa...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

  (Ciclo A – Domingo 32 do T. Comum)

 

A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam e faz-se encontrar aos que a procuram. Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam… E quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados”. (Sb 6,12/ 1ªL.).

 

O próprio autor deste “livro” (que não é Salomão, e cujo título é precisamente “Sabedoria”) atribui a autoria àquele rei de Israel (pelo facto de ser chamado “o rei Sábio”?). Embora esse verdadeiro autor viveria oito séculos depois, entre aqueles «sábios de Alexandria», de cultura judeu-helenista, cerca de um século anterior a Jesus. A parte do livro a que pertence o nosso texto, leva por título «elogio da Sabedoria»… É fácil verificar que, no próprio livro (e noutros do NT) essa Sabedoria é “personificada”, isto é, considerada com atributos próprios de uma “pessoa” e, como tal, “relacionando-se” com outras pessoas…

 

A – Além do mais, chama a atenção que essa Sabedoria seja luminosa, radiante, de brilho estável; e ainda, que Ela estime a “vigília” (“quem lhe consagra as vigílias ficará sem cuidados”)…

B – É fundamental, no entanto, o gozo que a Sabedoria sente ao “se relacionar” com o ser humano. “Deixa-se ver… faz-se encontrar… dá-se a conhecer… antecipa-se… sentada…”, são expressões e atitudes próprias de uma pessoa “em relação”. Poderia Ela existir fora do “ambiente relacional”?

A –Temos uma outra passagem, esta do livro dos Provérbios – onde é a própria Sabedoria a falar – que nos lembra: “Eu brincava no orbe da Terra, e as minhas delícias são estar com os filhos dos homens”.(Pr 8,31). Quem seria capaz de imaginar isto, se não fosse a Palavra de Deus a dizê-lo?

B – Os teólogos bíblicos interpretam vários textos do livro da Sabedoria como “divinização” desta “pessoa” da Sabedoria, e usam expressões como «Sabedoria divina»… A Sabedoria é Deus!?

A – É que o autor, ou autores, deste livro, referem-se por vezes a Deus como à própria Sabedoria, que atuou e atua na História de Israel e do mundo (nomeadamente nos caps. 11-12 e 16-19)…

B – E ainda mais: Ela “prefigura” o amor e a sabedoria de Deus, que culmina em Jesus Cristo, também chamado “Sabedoria de Deus”, no NT, especialmente em Paulo (1 Cor 1,24.30) …

A – Está dito acima, que a Sabedoria tem como que o seu foco de atenção gozosa nos humanos… Mas será que nós, “os humanos”, temos de focar também a nossa atenção na Sabedoria?

B – Parece evidente ser isso o que a Sabedoria quer. Que significado teria, se não, a expressão já salientada, “consagrar-lhe as vigílias”? Pois estar vigilante é o mesmo que focar a atenção (!).

A – Constatamos que o próprio Jesus – a «Sabedoria de Deus» – tem várias parábolas acerca desta “vigilância” e “atenção”: as virgens das lâmpadas acesas (Mt 25,1-13); o porteiro que vigia (Mc 13,33-37); os servos vigilantes (Lc 12,35-38); o dono da casa perante o ladrão (Mt 24,42-44); etc.

B – E Maria, Mãe deste Jesus e nossa, leva o título de «Trono da Sabedoria» (atestado pela “arte”). Então, a síntese esquemática do nosso Texto seria: A Sabedoria divina (“pessoa”) é Luz perene que se revela com prazer aos “filhos dos homens” – vigilantes e ativos – e com eles se relaciona…

 

A/B: «Deus dos nossos pais, Senhor da misericórdia,…

– hoje  quero rezar com a “oração de Salomão” e de outros amigos Teus –

…Concede ao Teu servo um coração cheio de entendimento e de inteligência

para discernir entre o bem e o mal, na procura do caminho da Verdade…

Que eu saiba ser vigilante e diligente para Te procurar e encontrar…

Dá-me, Senhor, essa Sabedoria – radiante – que está sentada no Teu trono

e assim me aches digno de ser Teu filho»… E Tu, Maria, Trono da Sabedoria, ajuda-nos!

                

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net