3bb- «Não apagueis o Espírito...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 3 do Advento)

 

“Vivei sempre alegres… pois é esta a vontade de Deus… Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos; mas avaliai tudo, conservando o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal. O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo – se conserve irrepreensível para o Dia do Senhor”… (1Ts 5,16-23 / 3ª L.).

 

Como questão interessante e curiosa, lembramos que esta Carta de Paulo, aos cristãos da cidade de Tessalónica, é considerada pelos biblistas como o primeiro Escrito do Novo Testamento, ou seja, o mais antigo dos “livros” bíblicos escritos depois de Jesus Cristo (apenas e só 15 a 20 anos após a Ascensão de Jesus); todos os outros Escritos, também os Evangelhos, foram posteriores… E digamos que foi escrita num contexto de inseguranças e perseguições da parte dos judeus, naquela cidade; e numa altura em que aqueles cristãos estavam aflitos por um possível e iminente «fim do mundo», o tal “dia do Senhor”…

 

A – E, apesar disso, começa por ignorar tristezas e preocupações para, como se vê, insistir na importância de “viver na alegria” e satisfação. E isto, só pelo facto de “ser a vontade de Deus”.

B – Nessas circunstâncias, e porque na Carta predomina um tom “pastoralista”, é natural que revele grande intensidade afetiva; sentimentos de gratidão, entusiasmo, confiança, solicitude maternal…

A – Ora bom, é preciso então perguntarmo-nos: sendo assim tão importante a Alegria, mesmo em ambientes contrários, onde é que podemos descobrir as suas fontes ou causas? Como poderemos nós assentar os melhores alicerces… para que ela, a alegria, não falhe em tempos de tempestade?

B – Não parece que seja suficiente “tentar afastar-nos de toda a espécie de mal”, mas é necessário igualmente aprender a “avaliar tudo, para ficarmos só com o que seja bom”. Um conselho sábio!

A – Ao que parece, Paulo e seus colaboradores – pois é uma carta coletiva – estão convictos da nossa ligação com Deus. É que só assim “todo o nosso ser – corpo, alma e espírito – será capaz de se conservar sempre irrepreensível”, de modo que nunca haja temor face a essa “vinda do Senhor”!

B – E notemos que Paulo introduz aqui, na estrutura do ser humano, um terceiro elemento, o “espírito”, o que costuma ser entendido e explicado como “o princípio divino da nova vida em Cristo” ou, então, como “a parte mais elevada do homem, aberta também à influência do Espírito”

A – Tendo isto em atenção, concluímos que, em tudo isto, o protagonista é o Espírito Santo, quer naquela Igreja nascente quer na vida da Igreja de todos os tempos, e portanto na Igreja de hoje…

B – E agora se entende a recomendação de Paulo, para todos: “Não apagueis o Espírito”. Ou seja: “Não deixeis extinguir os dons do Espírito Santo em vós”. De contrário, andareis tristes e perdidos!

 

A-B: Hoje, Senhor, ocorre-nos pensar no nosso «hino à Alegria»…

Invocamos a assistência gozosa do Teu Espírito com os seus sete dons:

para que a Alegria, «o mais belo fulgor divino, que inunda toda a Natureza»,

seja capaz, «com a força do seu encanto, de refazer as uniões desfeitas».

Fiquem assim «todos os homens irmanados, gozosos como um herói vitorioso,

com essa alegria que todos os seres bebem» na Mãe-Natureza.

Que «nos abracemos todos como Irmãos, seguindo o Caminho celeste…

até chegarmos à morada do Pai Amado, além da ‘abóbada estrelada’»!

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net