32b- «SÁBADO» SIM!... «SÁBADO» NÃO!

 

«SÁBADO» SIM?… ou «SÁBADO» NÃO?

Ou seria melhor tentarmos refletir, mais uma vez, acerca do tema da liberdade, da verdadeira liberdade?… Talvez! Mas lá iremos.

Antes de mais, lembremos o modo como parece ter sido a origem deste “dia especial” que se repetia no fim de cada “semana”. E porque uma semana? – Era o período de tempo (sete dias) resultante de dividir a duração total de um ciclo lunar (vinte e oito dias, sensivelmente) palas quatro fases que se observavam ao longo de cada ciclo da lua. Digamos que as “culturas pioneiras” na sociedade humana viram – desde muito antigo – a necessidade ou conveniência da haver um “descanso” periódico nessa “obrigação universal” (lei natural ou divina?) de trabalhar todos os dias. Pareceu razoável, adequado e justo que existisse esse dia de folga, repetido após cada seis dias de trabalho continuado…

Ao aparecer a primeira religião monoteísta, personificada naquele patriarca Abraão e no povo hebreu, passou a ser preceito importante da sua “lei”, com o nome de «descanso sabático» (de ‘Shabbat’, nome do sétimo dia da semana); os restantes dias seriam para o labor (ou dias “de feira”: desde a 1ª feira até à 6ª feira). Para o tal «sabat» ou sábado, a novidade introduzida, na lei dos hebreus, pelo Deus único e verdadeiro, era o facto de já não ser só “de descanso” mas também “de dedicação a Deus” e ao culto divino… E tudo sob a influência do «relato da Criação», imaginando Deus no trabalho de criar, durante aqueles «seis dias», para descansar no «sétimo». (cf.: Gn 1 e 2,1-4). Então, os autores do Deuteronómio, imbuídos desta tradição anterior, põem na boca do Senhor estes “avisos sabáticos”: “Eis o que diz o Senhor: «Guarda o dia de sábado, para o santificares… Trabalharás durante seis dias e neles farás todas as tuas obras. O sétimo, porém, é o sábado do Senhor, teu Deus… Recorda-te que foste escravo na terra do Egipto e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com mão forte … Por isso, o Senhor, teu Deus, te mandou guardar o dia de sábado»”.(Dt 5 / 1ª L.).

Então, ao chegar “a plenitude dos tempos” (na linguagem paulina), aparece o Messias Jesus, quem, a respeito daquela Lei do povo judeu, começaria por esclarecer que Ele não vinha a revogar ou anular, mas antes a completar e aperfeiçoar essa Lei, dita de Moisés… Mas, no que ao sábado diz respeito, qual foi a novidade ou “perfeição” introduzida por Jesus? Vejamos.

Aqui cabe então “a resposta” para a pergunta inicial, em que adiantávamos: Não seria melhor – em vez de ficar só pelo “sábado sim ou sábado não?” – questionar-nos acerca da “verdadeira liberdade”?… Sim, porque, afinal, todo e qualquer preceito ou lei deve ter por objetivo primordial promover e defender a Liberdade de todos e de cada um. E é “aqui e agora” que vem a atitude e a palavra de Jesus, contra aqueles defensores da «lei do sábado» por cima de qualquer bem humano… Pois, para Ele, era exatamente o oposto: o Homem, primeiro que tudo! E para lhes convencer e confundir, lembra-lhes “o que fez David e companheiros…” ou, então, o que eles deveriam fazer no caso de – a um sábado – ter de escolher entre “tirar a vida ou salvá-la”, “fazer o bem ou fazer o mal”…? Mas, como a malícia que os “dominava” não os permitia responder, Jesus teve de proceder e agir à frente de todos, e proclamar, para não haver dúvidas: “«O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado»”.(Mc 2 / 3ª L.).

Quanto a nós, o que devemos fazer? – Pois se surgir qualquer coisa que pretenda dominar-nos ou escravizar-nos, teremos de sair e fugir para a Liberdade! E nesta saída, como em tudo, iremos seguir sempre o exemplo e as pegadas de Jesus, que nunca se deixou dominar por “nada” nem por “ninguém”, pois Ele é «Senhor de tudo», como é “Senhor do sábado”!

Tu, Senhor Deus, proclamaste no salmo,

«aliviei os teus ombros do fardo

e soltei as tuas mãos dos cestos;

gritaste e Eu te libertei…»;

e ao promulgar, entre “as tuas leis”,

o “solene descanso sabático”,

nos recordas, logo a seguir, a falta de liberdade,

quando “éramos escravos na terra do Egito

e Tu nos fizeste de lá sair com mão forte”

E tudo para não esquecermos

que o preceito do “Sábado”

nunca poderá estar ligado

a uma “nova escravatura”…

Esta verdade, Senhor, nosso Deus,

foi restituída ao seu “sentido inicial”

pela palavra e a vida do Teu Filho, Jesus

– o Homem mais livre e mais fiel! –

que nos alertou para  sermos sempre

«senhores do sábado» como Ele,

e nuca escravos de nada nem de ninguém…

Porque isso, seria como “adorar ídolos,

deuses alheios ou divindades estranhas”

E nós queremos amar-Te somente a Ti

e “aclamar-Te sempre, ó Deus, nossa força! ”.

                     [ do Salmo Responsorial / 80 (81) ]