24bb- «Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança...

   – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 ( Ciclo B – Solenidade . CORPO e SANGUE de CRISTO -)

 

“Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus: «Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus»”. (Mc 14,23-25 / 3ª L.).

 

Para contextualizarmos o presente texto, é preciso retrocedermos até às “nascentes” da História da Aliança (ou «História Sagrada»?). Tudo começa com a tradição dos ‘holocaustos’, sacrifícios cruentos (com derramamento de sangue), onde eram sacrificados e oferecidos animais (incluídos seres humanos). Basta lembrarmos a ‘história’ ou ‘peregrinação’ de Abraão e dos seus primeiros descendentes… E chegamos ao “êxodo” ou “saída libertadora” do Egito. Aqui é que vai aparecer, pela primeira vez, a “figura” do «sangue do cordeiro» que é a “prefiguração” do futuro Verdadeiro Cordeiro que derramará o Seu próprio Sangue verdadeiro. Vemos no Êxodo (no c.12) que com o sangue do cordeiro (‘pascal’) seria marcado o dintel das portas dos hebreus, como sinal da «aliança de Javé». E anos mais tarde (lemo-lo na Palavra de hoje, Ex 24 /1ª L.): “Moisés tomou o sangue e aspergiu com ele o povo, dizendo: «Este é o sangue da aliança que o Senhor firmou convosco»”…

 

A – Entre os vários significados que o sangue (ou o seu derramamento) tem tido desde a antiguidade, está, mormente, o de ‘aplacar’ a ira dos deuses ou ‘limpar’ os pecados dos homens…

B – Esta significação continua a ser válida no caso de Jesus – o Messias de Deus – embora devamos aprofundar ainda numa outra aceção ou valor que o sangue representa, desde antigo.

A – Certamente não pode ser outro que o de representar “a mesma vida” em todos os animais superiores que possuem este ‘líquido elemento’. Claro, porque tirar o sangue quer dizer tirar a vida. Era assim para muitos povos da antiguidade, entre os quais o povo hebreu…

B – Dar sangue, por consequência equivale a dar vida (e não apenas nas ‘transfusões’ humanas!). Só que no caso de Cristo Jesus, este sangue foi dado – entregue – na sua totalidade, e com um objetivo que ultrapassa tudo que se possa imaginar: salvar, transformar, os seres humanos…

A – Aquilo que, na antiga aliança, era o “sangue de um tenro cordeirinho sem mancha” (Ex 12,5), na Nova Aliança é, exatamente, o Sangue imaculado do divino Cordeiro de Deus…

B – E o que se transmite ou entrega, não é tanto a vida humana, mas é, rigorosamente, a mesma Vida de Jesus-Deus, isto é, a Vida Divina, real e verdadeiramente! Ó insondável mistério!

A – Ninguém pode duvidar desta Verdade. Pois é o próprio Jesus que insiste de várias formas (cf. Jo 6): “Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e Eu nele” (6,56). Ou: “Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (6,54).

B – Claro que Jesus nos transforma no seu “Corpo e Sangue”, pois ambos são inseparáveis para poder estar ‘Vivo’, para ser e dar Vida. Se bem que Ele teve de aceitar a “separação de um e outro” para significar, para produzir, a Sua ‘morte’. “Tirar” o sangue de um corpo vivo é matar esse ser!

A – Porém, a morte nada podia contra a VIDA. E assim, a vida humana também foi retomada por Quem tinha poder sobre a vida e a morte: o Cordeiro de Deus, Cristo Jesus. (Jo 10,18).

 

A-B: Tantas coisas, Senhor, que não compreendemos neste Mistério:

‘aliança nova e eterna’, ‘cordeiro de Deus’, ‘comei Meu corpo’, ‘bebei Meu sangue’,…!

Dá-nos, Jesus, pelo teu Espírito, fé firme para crer o que não entendemos;

e que aprendamos a viver a entrega pelos outros que Tu levaste até ao fim,

pois é isso que significa “Fazei isto (a entrega que eu faço) em memória de Mim”!

    

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net