– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo A – Domingo 11 do T. Comum)

“«Se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos. Porque toda a terra Me pertence – diz o Senhor –; mas vós sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação santa»”. (Ex 19,5-6 / 1ª L.)

O povo hebreu está agora acampado no sopé da montanha do Sinai. Faz três meses («no terceiro novilúnio») da sua saída da terra do Egito. O Senhor Deus – na linguagem dos autores bíblicos – está como que a preparar o seu povo para a solene proclamação da Aliança, ou “teofania” (manifestação grandiosa de Deus) para o Decálogo bíblico («os dez mandamentos»)… Quer dizer, neste contexto, assistimos então a uma espécie de proposição preparatória. Será só isso?

A – Quem está a falar (no texto do Ex) é o Senhor, mas fá-lo através de Moisés, o seu escolhido para chefe do povo eleito; guia e “mediador” durante a longa travessia do deserto (40 anos)…
B – O plano de Javé Deus é ir transformando lentamente – muito lentamente – esse povo difícil (“de dura cerviz”, repetirá a Bíblia) “numa nação santa, num povo de sacerdotes”. Nada menos!
A – “Os projetos de Deus são inescrutáveis”, diz também a Sagrada Escritura repetidas vezes. E uma vez que para o Senhor não há nada impossível, também isto será realizado ao seu tempo…
B – E podemos pensar – continuando a usar a linguagem humana – que, ao falar desse “reino” ou daquela “nação santa”, como que Deus pensava já na futura Igreja, fundada por seu Filho Jesus…
A – Quanto à «nação santa», embora uma ‘realidade exigente’, compreende-se o seu significado; mas como se pode entender o sentido de «reino de sacerdotes»? Não parece assim tão simples.
B – É verdade; porque, tradicionalmente – no povo bíblico e não só – a figura do «sacerdote» é considerada como alguém, escolhido de entre o povo, para fazer de ponte (“pontí-fice”, mediador) entre a Divindade e a assembleia dos fiéis, ainda que estes fossem todos «santos» (consagrados).
A – Isso quer dizer que, segundo essa definição, não teria sentido serem todos sacerdotes. Porém, aqui afirma-se que haverá um “reino de sacerdotes”, ou também um “povo sacerdotal”.
B – Isto – a partir do próprio Jesus, o Filho, e na perspetiva da Sua Igreja – é explicado assim pelos biblistas e teólogos: Uma vez que este povo é consagrado (“santo”) pelo Batismo cristão, todos os fiéis desta Assembleia (“Igreja”) unidos ao Sumo Sacerdote, Cristo, são eles “sacerdotes” …
A – Assim, por ex., para a 1ª Carta de Pedro, os cristãos são “linhagem escolhida, sacerdócio real, nação santa…”(1 Pe 2); e o Apocalipse confirma: “fizeste deles um reino de sacerdotes”(Ap 5).

A/B: Hoje, Senhor, fazemos a nossa oração com este «hino dos redimidos», e convidamos:
«Povo de Reis, Assembleia Santa, Povo sacerdotal, Povo de Deus: Bendiz o teu Senhor!».
Sabemos, ó Deus, que “se ouvirmos a Tua voz, se guardarmos a Tua aliança,
seremos a Tua propriedade entre todos os povos, porque toda a terra Te pertence”.
Quer dizer, sem fazeres aceção de pessoas nem forçar a liberdade de ninguém,
nós, e todos, podemos chegar a ser o povo escolhido, a Igreja da Tua propriedade.
Prometemos amor fiel ao teu Filho Jesus, para se realizar o “sonho” da Tua Aliança.

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net