– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 18 do T. Comum)

 

“Disseram-lhes (a Moisés e a Aarão) os filhos de Israel: «Antes tivéssemos morrido, às mãos do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne e comíamos pão até nos saciarmos. Mas Vós trouxestes-nos a este deserto, para deixar morrer à fome toda esta multidão». Então o Senhor disse a Moisés: «Vou fazer que chova para vós pão do céu…” (Ex 16,3-4 / 1ª L.).

 

Tinham passado apenas algumas semanas (?) desde a “maravilhosa” Libertação da escravidão do Egito e da passagem “prodigiosa” do mar vermelho, e já começaram as críticas e murmurações do povo hebreu contra Moisés e contra Deus… Nos seus ‘itinerários’ – de acampamento em acampamento (Nm 33) – agora calhava “rebelar-se” por causa da falta de alimento (anteriormente o tinham feito por motivo de umas águas que lhes pareciam “amargas”, no ‘lugar de Mara’ / Ex 15,22…)!… E é nestas “flutuações” – de adesão e de rebeldia – que se vai processar toda a travessia do deserto (40 anos!?)…

 

A – Nesta altura, ‘o tal povo’ libertado por Javé-Deus, atreve-se, não apenas a duvidar da atitude do seu Deus, mas, esquecendo a Sua ação espetacular em seu favor, ousa ‘preferir a escravidão’! É preciso ter ‘perdido a cabecinha’ para se não lembrar do seu estado anterior, de escravatura terrível!

B – Como é fácil, para a nossa ‘condição humana’, esquecermos os bens recebidos num passado às vezes bem próximo! E sobretudo, duvidar da bondade e generosidade de Quem no-los deu, sempre de graça!

A – E, se bem repararmos, não é só ‘levantarem-se contra’ os seus guias, Moisés e Aarão, mas fazê-lo ao mesmo tempo contra o próprio Senhor e Libertador, em Quem, segundo parece, já não confiam!

B – Sim, porque, se observarmos com atenção, eles começam a sua queixa referindo-se àqueles dois chefes, mas acabam atribuindo a Deus essa falta de pão e de carne. Porque, afinal, quem os fez sair e quem os conduz, não é precisamente o Senhor? O mesmo que agora diz: «Vou fazer chover pão…».

A – Por vezes, agimos tão faltos de senso (in-sensatos!) que somos capazes de trocar – quantas vezes!? – o ouro, que agora temos, pelos bronzes ‘enferrujados’ que já tivemos!… O problema pode estar em que não sabemos distinguir, entre si, os metais, ou as carnes, ou os pães, ou os ‘ídolos’

B – Aliás – e isto parece já mais próprio dos nossos dias – voltarmos ao que também fizera, sucessivamente, aquele «povo de Javé»: trocar o Deus Vivo por ‘divindades inertes’. Quantas vezes foram “denunciados” pelos profetas, por se terem “voltado para os ‘ídolos’ materiais sem alma”!… Então, cada qual que o veja!…

A – Sorte a nossa, que o nosso Deus Vivo e Verdadeiro – na Pessoa do Filho Jesus – está sempre pronto e é generoso ao “fazer chover para nós o verdadeiro Pão do Céu” (!?)… Eis a nossa grande dita e felicidade!

 

A/BO Teu apóstolo Paulo, Jesus, conhecia bem «a triste condição humana»,

com as suas tendências e oscilações entre ‘o novo’ e ‘o velho’, o espírito e a matéria

Com ele, e na Tua presença, queremos hoje aceitar e assumir essas forças contrárias:

pois só conhecendo o nosso homem velho, poderemos abandoná-lo de vez! (Ef 4/2ª L.).

Só com o alimento do Teu Corpo, Jesus, verdadeiro Pão enviado do Céu pelo Pai,

é que poderemos revestir-nos do “homem novo, criado à imagem de Deus”,

pela renovação e transformação do nosso espírito, em justiça e santidade verdadeiras.

E nunca mais, Senhor, voltarmos – com falsas saudades – “para a vida de outrora”;

pois, afinal, tudo não passa de vulgares ‘alhos e cebolas no Egito’(Nm 11,5)!

 

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