  “…Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: Não se esgotará a panela da farinha, nem se esvaziará a almotolia do azeite…”. [ 1Rs 17,14 (1ªL.) ].

 “«Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu (duas moedinhas, dois tostões) tudo o que tinha…»” [ Mc 12,43-44 (3ªL) ].

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Não é esta a primeira vez – e também não será a última! – que nas nossas Reflexões semanais aparece este tema. Na verdade, trata-se de um assunto paradoxal (e insondável?) mas tão profundo e essencial quanto incompreensível… Porque é que Deus, esse «Deus pequeno – Deus imenso» (lembram-se?), tem de ser assim, precisamente!? Ou então, como é que “a fraqueza de Deus é mais forte que toda a potência humana”? (1Cor 1,25)… Não é isto um impossível paradoxo?… Mas porquê?… Como é que isso deve ser entendido?…

Ora bom, nesta Palavra de hoje (nos dois textos que destacamos) aparece Deus, claro, mas nunca se mostra ou manifesta através do “poder dos grandes” – ainda que pudesse fazê-lo! – (então, não é Ele quem «Cria e Recria constantemente» toda a maravilha do Universo?). Mas não, Ele gosta de agir sempre através “dos pequenos” (“as pobres viúvas”) e “do pequeno” (“a panela e a almotolia”, “as duas moedinhas”). Atitude de Deus que é ‘uma constante’, quer na Palavra do AT, quer na Palavra e Vida de Jesus, o Filho, em todo o NT… Não será, talvez, isto uma ‘paradoxal’ metamorfose?…

Aliás, nunca devemos esquecer que: Se Deus – no Seu modo de agir com os humanos! – não Se manifesta nas “imensas forças físicas” ou nas “potências magníficas e espetaculares”, é porque tenta dizer-nos (e, quiçá, demonstrar-nos) que não é bom olharmos as forças e potências (que, ainda por cima, não dominamos!), mas para o débil, o frágil, o insignificante… pois é através disso que realizaremos as “maiores coisas”(!). Ora, nem mais! É que ao fazermos assim, imitamos o Pai-Deus no Seu modo de agir, e ficamos confiados, serenos e alegres… pois se, e quando, for preciso, Ele atuará por nós e connosco, interagindo com Sua Omnipotência!

« E hoje, Mãe, Nossa Senhora de Altötting, ou “Mãe da Graça”, queremos orar com a sugestão que o Papa Bento XVI (Teu grande devoto desde a sua infância) fez diante desta Tua Invocação. Sim, Mãe, Tu começaste por entregar o teu querer à vontade de Deus com aquele “Eis a escrava do Senhor; faça-se en mim o que diz a tua palavra”. E assim, nós queremos seguir a Tua humilde atitude, fazendo nosso o teu ‘Magnificat’, que Tu cantaste a seguir: «Certos sempre, de que o Pai-Deus exaltará os humildes, enquanto humilhará os soberbos; que colmará, de bens, os pobres e despedirá, vazios, os ricos… Porque a Sua Misericórdia é Eterna!»

NOTAS COMPLEMENTARES:

1-] Nossa Senhora de Altötting (Alemanha). Ou, então, «N. S. da ‘Capela de Graça’» (‘Gnadenkapelle’, em alemão). Uma das Invocações de Maria mais antigas (no primeiro Santuário mariano da Alemanha) situa-se na Baviera (e muito perto do local de nascimento do Papa Bento XVI, daí a sua grande devoção!)… Datada no ano 660, a primeira ‘capela octogonal’ albergava a primitiva imagem, considerada a «padroeira de Alemanha». Uma segunda Imagem foi esculpida duzentos anos depois (séc. IX), que representa Nossa Senhora, levando ao colo com o braço direito o Menino Jesus (que segura na mão uma ‘esfera’); e, no braço sestro d’Ela, um ‘cetro-flor-de-lis’… E já em 1489, segundo uma tradição, esta imagem (conhecida na altura como «a Virgem Negra»[*] pela cor escura da face e das mãos) seria protagonista de um milagre, ressuscitando uma criança de 3 anos, que se tinha afogado e que a sua mãe trouxe e colocou sobre o altar, junto da Imagem… Este Santuário Mariano constitui, na atualidade, o principal destino de peregrinação dos católicos do país e um dos mais importantes da Europa… Como nota ‘curiosa’, registe-se que, nessa mesma capela octogonal, encontra-se uma ‘urna de prata’ contendo “28 corações” de outros tantos membros da casa real de Baviera (!?) …

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[*] – Existem algumas centenas de Imagens de Nossa Senhora (“Invocações”) conhecidas como «Virgens Negras», devido ao tom escuro ou preto dos rostos e mãos… Há várias opiniões, teorias (todas elas com a sua parte de verdade) que tentam explicar este facto. Por isso, eis um resumo sintético das diversas hipóteses: 1.- Devido a fatores triviais como o envelhecimento da madeira, o tipo de madeira ou a acumulação de fumos ao longo de séculos… 2.- Foram propositadamente executadas daquela maneira, por herança de tradições pagãs, de divindades e cultos da fertilidade da antiguidade pré-cristã, associadas ao Culto Mariano que “explodiu” no período medieval europeu… 3.- Nos países sul-americanos, por seu lado, onde também são muitas as representações da Virgem em tom escuro e/ou feições mestiças, terá sido determinante sobretudo a ligação às características dos povos nativos e à necessidade de promover a sua identificação com os símbolos cristãos… 4.- As “Virgens Negras” terão sido deusas de cultos pagãos, e seriam, elas mesmas, no início, deusas pagãs; o que não é de admirar, pois o Cristianismo assumiu cultos e rituais antigos (lembrar Cibeles, Diana e Vénus, que teriam semelhanças com as deusas Kali, Innana e Lilith)… 5.- Para os psicólogos modernos, a ‘Virgem Negra’ representa o feminino sombrio (por ex., para Carl Jung, seria Ísis, a deusa egípcia) que conectaria com a Pré-História e ao culto da Grande Mãe-Terra

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2-]  Nespereira europeia (Mespilus germanica). Árvore de até 5 m de altura, é uma planta muito diferente da Nespereira japonesa (Eriobotrya japonica), até de ‘Géneros’ distintos (como se vê), embora pertençam à mesma ‘Família’ (Rosaceæ). Deveriam portanto ter nomes vulgares diferentes (!).  Esta – a ‘europeia’ – pelo facto de ser a primeira e mais antiga em Europa (já do tempo dos romanos) era chamada Nespereira comum (ou ‘Nespereira de inverno’ pelo que mais à frente se indicará). O nome do Género, “Mespilus”, se deve ao grego ‘mespilon’ (de Estrabão), mas já existia 1000 anos antes na região do mar Cáspio…  Infelizmente, ao ser substituída pela importada ‘japonesa’, devido a apresentar mais vantagens a nível de consumo imediato e pela sua comercialização, esta tomou também o nome da primeira (e é aí que começa a confusão). Mas é preciso salientar que o fruto da “Mespilus germanica”, que agora nos ocupa, apesar de não ser comestível até que começa a “apodrecer”(?) (cá está uma das suas dificuldades!) tem, de resto, outras vantagens importantes: + é resistente ao frio (‘N. de inverno’) e tolera quase qualquer substrato, exceto solos alcalinos; + os frutos (a semelhança dos marmelos) son duros e ácidos quando ‘frescos’, mas tornam-se comestíveis ao ficarem muito moles (“quase podres”, diz-se) o que se consegue, ou naturalmente (pelas geadas), ou sendo armazenados por um tempo suficiente; + chegado au seu ponto ótimo de consumo, o fruto transforma-se num doce natural, de textura mole e suave, de olor fragrante agradável com toques de álcool fermentado mas adocicado intenso (e tudo, sem ter passado por qualquer processo culinário); consome-se então ao natural, o em marmeladas, compotas e outras conservas

3-]  Eis os ‘Lugares’ (Santuários-Aparições-Títulos-Invocações…) de ‘NOSSA SENHORA’ e MÃE, Maria, ‘visitados’ nas nossas Reflexões (primeiros e últimos):     [Para ver na íntegra: cf. linkdo Blog (arquivo de TODAS as REFLEXÕES) que vai sempre no fim].

  1. DE FÁTIMA (Europa / Portugal). // 2. DE GUADALUPE (América / México). // 3. DE LURDES (França). // 4. DE APARECIDA (Brasil). // 5. DE KIBEHO (África / Ruanda). // 6. DE AKITA e NAJU (Ásia / Japão e Coreia do S.). // 7. AUXILIADORA (Oceânia / Papuásia e Austrália). //      [ … ]      // 49. AUXÍLIO DOS CRISTÃOS (Filippsdorf – República Checa). // 50. DO SAMEIRO (Braga-Portugal). // 51. DE SHE SHAN (Xangai-China). // 52. DE SIRACUSA (Siracusa-Itália). // 53. DE VERVIERS (Bélgica). // 54. DE MANTARA (Harissa-Líbano). // 55. DE ALTÖTTING (Baviera-Alemanha). //

// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net