— 10.A3 – 2 Dom. Quar. / “A Palavra” refletida, ao ritmo Litúrgico —
«“CHAMAR” PARA “ENVIAR”»
Vejamos – na Palavra de hoje – uma questão que pode passar despercebida ao refletirmos no tema da “vocação” (chamamento, chamada, apelo…). Temos em atenção que a vocação (‘vocare’=chamar), de cada um de nós, é a missão (‘missio’=enviar) que, cada qual, devemos realizar, porque, para tal, sentimos uma certa tendência, inclinação, gosto(?). Claro que isso terá de coincidir (talvez sem nós darmos conta disso inicialmente!) com o desígnio de Deus para cada um/a de nós. Então, “chamar para enviar”?… Bom, mas a Palavra (nas três Leituras) apresenta-nos esta questão interessante: Na base – ou início – de toda a vocação há uma saída ou partida. Isto implica uma ‘separação’, um deixar para trás qualquer ‘coisa’, para aderirmos, entrarmos, numa ‘outra’. É como se ‘esse lugar’ (ou ‘conjunto de coisas’), onde inicialmente nos encontramos, fosse um impedimento para poder “seguirmos” – na realidade e na verdade – a nossa vocação e missão. Por vezes, haverá que ‘deixar’ coisas, mas sem ‘sair’ do lugar… Vejamos claramente a realidade vocacional, logo na primeira ‘vocação’ da história bíblica, aquela que conhecemos como «vocação de Abraão» (1ª L.). E reparemos ao mesmo tempo, na sua posterior mudança de nome, feita pelo mesmo Deus: “Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos”.(Gn 17,4-5).(*)
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»» “Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar…». E Abrão partiu…”. (Gn 12 / 1ªL)
»» “Esta graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade, manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus, nosso Salvador”. (2Tm / 2ªL)
»» “Eles, erguendo os olhos, não viram já mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão…»”. (Mt / 3ªL)
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Todavia, a «vocação» (‘chamada’ inicial) de Abraão, “«Deixa a tua terra, a tua família e a casa paterna e vai para a terra que Eu te indicar»”, não é o único texto, da Palavra de hoje, que tem este contexto de saída e afastamento, embora seja o texto mais claro e terminante(!)… A atitude de Jesus, no Evangelho (3ª L.), na parte final do episódio da Transfiguração, supõe uma exigência de afastamento (‘saída’), para Ele e os três Discípulos… O desfecho final do acontecimento, podíamos imaginá-lo, em palavras, como se Jesus lhes tivesse dito: «Meus amigos, sim, “como é bom estarmos aqui!”, mas para cumprirmos a nossa missão (a minha e a vossa) é preciso ‘sairmos’ (“descer do monte”) e irmos para a vida!»… Assim, Paulo, o Apóstolo, pode escrever a Timóteo (e nele a todos nós) acerca do modo como Jesus levou, até ao fim, a sua Missão de nos Salvar: “Manifestando-se esta graça (salvação) pelo aparecimento (no mundo) de Cristo Jesus, nosso Salvador”(2ª L.)… pela sua chegada até à Cruz, Morte e Ressurreição. E está claro que também a Sua vocação-missão exigiu-Lhe uma ‘saída’ e uma ‘entrada’, como Ele próprio afirmou (naquela ‘Última Ceia’ / Jo 16,28): “Saí do Pai e vim ao mundo (para realizar a minha missão) agora deixo o mundo e vou para o Pai” (uma vez realizada).
(*)- Nota complementar: Sabemos que, na Bíblia, é frequente pôr um nome novo (com um outro significado) à pessoa que recebe uma ‘missão’ (importante) para realizar. No caso de Abraão, o seu nome primitivo (Abrão) mantem-se [nos capítulos 12 a 17,4 do Gn] até que, a partir de Gn 17,5, será já sempre nomeado “Abraão” (devido à missão recebida). A mudança pode parecer-nos insignificante, mas resulta interessante no seu sentido se formos ao “original hebraico”: De «Abram»(=“pai”) passa a «Abraham» [«abra-ham»], onde a raiz “ham” significa “multidão”. Ou seja, em português, «Abraão=Pai de uma multidão» (de povos). E lembremos aqui que também à sua mulher, Sara, Deus lhe mudou o nome, de ‘Sarai’ para Sara (Gn 17,15) pois ela não vai ‘pertencer ao marido’ (=‘Sarai’) mas à multidão, da qual ela (‘Sara’) vai ser a Mãe.
[ De «Outras Invocações e/ou Títulos» de Nossa Senhora: ]
+ “Nossa Senhora da Vocação; Senhora das Vocações;
[ Senhora do Sim; Senhora da Missão; Senhora das Missões ]… nossa Mãe:
Ao pensarmos na nossa vocação, Senhora da Vocação e das Vocações, pedimos-Te
que ilumines o espírito daqueles que agora estão a tentar descobrir a sua vocação,
e dá-lhes luz e força espiritual para responder à ‘chamada interior’ percebida.
Ó Mãe, e a todos os que estamos já a lutar por viver com alegria a nossa vocação:
assiste-nos com a energia do teu amor maternal, Senhora do Sim, para, imitando
a tua fidelidade, realizarmos a nossa missão, Senhora da Missão e das Missões!
// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net
3 Março, 2023
«“CHAMAR” PARA “ENVIAR”»
Luis López A Palavra REFLETIDA
— 10.A3 – 2 Dom. Quar. / “A Palavra” refletida, ao ritmo Litúrgico —
«“CHAMAR” PARA “ENVIAR”»
Vejamos – na Palavra de hoje – uma questão que pode passar despercebida ao refletirmos no tema da “vocação” (chamamento, chamada, apelo…). Temos em atenção que a vocação (‘vocare’=chamar), de cada um de nós, é a missão (‘missio’=enviar) que, cada qual, devemos realizar, porque, para tal, sentimos uma certa tendência, inclinação, gosto(?). Claro que isso terá de coincidir (talvez sem nós darmos conta disso inicialmente!) com o desígnio de Deus para cada um/a de nós. Então, “chamar para enviar”?… Bom, mas a Palavra (nas três Leituras) apresenta-nos esta questão interessante: Na base – ou início – de toda a vocação há uma saída ou partida. Isto implica uma ‘separação’, um deixar para trás qualquer ‘coisa’, para aderirmos, entrarmos, numa ‘outra’. É como se ‘esse lugar’ (ou ‘conjunto de coisas’), onde inicialmente nos encontramos, fosse um impedimento para poder “seguirmos” – na realidade e na verdade – a nossa vocação e missão. Por vezes, haverá que ‘deixar’ coisas, mas sem ‘sair’ do lugar… Vejamos claramente a realidade vocacional, logo na primeira ‘vocação’ da história bíblica, aquela que conhecemos como «vocação de Abraão» (1ª L.). E reparemos ao mesmo tempo, na sua posterior mudança de nome, feita pelo mesmo Deus: “Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos”.(Gn 17,4-5).(*)
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»» “Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar…». E Abrão partiu…”. (Gn 12 / 1ªL)
»» “Esta graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade, manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus, nosso Salvador”. (2Tm / 2ªL)
»» “Eles, erguendo os olhos, não viram já mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão…»”. (Mt / 3ªL)
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Todavia, a «vocação» (‘chamada’ inicial) de Abraão, “«Deixa a tua terra, a tua família e a casa paterna e vai para a terra que Eu te indicar»”, não é o único texto, da Palavra de hoje, que tem este contexto de saída e afastamento, embora seja o texto mais claro e terminante(!)… A atitude de Jesus, no Evangelho (3ª L.), na parte final do episódio da Transfiguração, supõe uma exigência de afastamento (‘saída’), para Ele e os três Discípulos… O desfecho final do acontecimento, podíamos imaginá-lo, em palavras, como se Jesus lhes tivesse dito: «Meus amigos, sim, “como é bom estarmos aqui!”, mas para cumprirmos a nossa missão (a minha e a vossa) é preciso ‘sairmos’ (“descer do monte”) e irmos para a vida!»… Assim, Paulo, o Apóstolo, pode escrever a Timóteo (e nele a todos nós) acerca do modo como Jesus levou, até ao fim, a sua Missão de nos Salvar: “Manifestando-se esta graça (salvação) pelo aparecimento (no mundo) de Cristo Jesus, nosso Salvador”(2ª L.)… pela sua chegada até à Cruz, Morte e Ressurreição. E está claro que também a Sua vocação-missão exigiu-Lhe uma ‘saída’ e uma ‘entrada’, como Ele próprio afirmou (naquela ‘Última Ceia’ / Jo 16,28): “Saí do Pai e vim ao mundo (para realizar a minha missão) agora deixo o mundo e vou para o Pai” (uma vez realizada).
(*)- Nota complementar: Sabemos que, na Bíblia, é frequente pôr um nome novo (com um outro significado) à pessoa que recebe uma ‘missão’ (importante) para realizar. No caso de Abraão, o seu nome primitivo (Abrão) mantem-se [nos capítulos 12 a 17,4 do Gn] até que, a partir de Gn 17,5, será já sempre nomeado “Abraão” (devido à missão recebida). A mudança pode parecer-nos insignificante, mas resulta interessante no seu sentido se formos ao “original hebraico”: De «Abram»(=“pai”) passa a «Abraham» [«abra-ham»], onde a raiz “ham” significa “multidão”. Ou seja, em português, «Abraão=Pai de uma multidão» (de povos). E lembremos aqui que também à sua mulher, Sara, Deus lhe mudou o nome, de ‘Sarai’ para Sara (Gn 17,15) pois ela não vai ‘pertencer ao marido’ (=‘Sarai’) mas à multidão, da qual ela (‘Sara’) vai ser a Mãe.
[ De «Outras Invocações e/ou Títulos» de Nossa Senhora: ]
+ “Nossa Senhora da Vocação; Senhora das Vocações;
[ Senhora do Sim; Senhora da Missão; Senhora das Missões ]… nossa Mãe:
Ao pensarmos na nossa vocação, Senhora da Vocação e das Vocações, pedimos-Te
que ilumines o espírito daqueles que agora estão a tentar descobrir a sua vocação,
e dá-lhes luz e força espiritual para responder à ‘chamada interior’ percebida.
Ó Mãe, e a todos os que estamos já a lutar por viver com alegria a nossa vocação:
assiste-nos com a energia do teu amor maternal, Senhora do Sim, para, imitando
a tua fidelidade, realizarmos a nossa missão, Senhora da Missão e das Missões!
// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net