Ex 17,5-6: “O Senhor respondeu a Moisés: … Eu estarei diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Baterás no rochedo e dele sairá água; então o povo poderá beber»”. // Rm 5,5.8: “A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado… Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”. // Jo 4,14: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna”.

 

DO SENHOR TE DIZ: «BATERÁS NO ROCHEDO E DELE SAIRÁ ÁGUA; ENTÃO O POVO PODERÁ BEBER» (Ex 17)

O… E CRISTO MORREU POR NÓS QUANDO ÉRAMOS AINDA PECADORES, INIMIGOS DE DEUS … (Rm 5)

C ENTÃO ELE DIZ: «A ÁGUA QUE EU DOU TORNAR-SE-Á, EM CADA UM, UMA FONTE ATÉ À VIDA ETERNA» (Jo 4)

O – Quer a água quer a sede, de que aqui se fala, parecem ter um significado diferente daquele que normalmente lhes atribuímos.

C – Como em quase tudo, têm um primeiro sentido material e natural e uma outra significação espiritual e sobrenatural.

O – Claro, uma vez que existe a sede do corpo e a sede do espírito, deverá existir também uma água espiritual (“água viva”?) e sobrenatural, que satisfaça a sede espiritual, ‘transcendente’.

D – Exatamente, aquela água que Eu disse que ‘transcende’ (“jorra”) até à vida eterna. Essa água que dá o Filho do homem a quem vem a Mim com essa ‘sede de Mais’!

O – Então, coitados daqueles de nós que não saibamos, ou não consigamos, sentir ‘essa sede’! Ou aqueles e aquelas, ‘infelizes’, que ficam satisfeitos e fartos ao ‘saciar’ as suas sedes vulgares com as águas estagnadas ou turvas, de prazeres apenas sensíveis e escuros! …

C – Pois seria uma pena, já que temos sempre ao nosso alcance essa outra “água viva” que Jesus dá a todo o que d’Ele se aproxima. É questão de sermos sinceros e francos, e de querermos de verdade – cá está, a livre vontade! – sair desse estado, como “a samaritana”!

D – O Meu Filho, Jesus, está sempre pronto com a “Água Viva”… E Eu – como o “Pai da parábola” – estou sempre à espera do “meu filho pródigo”, inspirando-o e ajudando-o com a minha Graça, e envolvendo-o com o meu Amor, embora respeitando sempre a sua liberdade!

 

’ X – A figura da ‘Samaritana’, no Evangelho do João, deveria ser um exemplo de conversão para qualquer ser humano. Ou seja, para qualquer um de nós que estiver desviado ou afastado do caminho que conduz à Amizade de Deus. O episódio evangélico reflete – no relato ‘reelaborado’ por João – o encontro casual (?) daquela mulher de Sicar, na Samaria, com o Messias, Jesus, no poço de Jacob, por volta do meio-dia (provavelmente numa estação quente)… Aqui e agora, vamos salientar apenas a ‘reviravolta’ que significou, para essa mulher, a passagem (num breve espaço de tempo!): De vários ‘maridos’, ou ‘ídolos’!, para o único Esposo divino; de muitas ‘falsas sedes’, nunca saciadas, para a autêntica sede que só pode saciar o Amor absoluto; das diversas ‘águas’ – insulsas, falseadas, inquinadas até – para a genuína “água viva”, ou ‘nascente’ infinita, que só é capaz de criar o ‘Messias Jesus’, através do seu Espírito, “verdadeira Fonte” dentro de nós…  — Senhor Jesus – divino Messias, também esperado por aquela ‘samaritana’ – neste momento, apenas ousamos unir-nos à oração que esta nossa irmã samaritana fez, ‘inconscientemente’(?), quando Te suplicou: «Senhor, dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir buscá-la a este poço!». 

 

[] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’) :

-) «Tu és a água viva, Tu és a água pura! Inunda-me! Inunda-me, e tudo se transformará em mim!» …

-) «A Palavra de Deus, como a água, cai sobre a terra que somos tu e eu, e quer germinar: Deixa-a que inunde o teu coração!» …

-) «Tu és Fonte de Vida, Tu és Fogo, Tu és Amor. Vem, Espírito Santo. Vem, Espírito Santo!» …  [de origem italiana]

 

«CITAÇÕES» À LUZ DESTA PALAVRA

[ Textos:  do Papa / da Bíblia / poesia / fábulas / provérbios / etc. ]

Palavras do Papa FranciscoAcerca da Evangelho ‘da Samaritana’.

«…Quando a mulher samaritana se apercebeu de que aquele homem com quem estava a falar era um profeta, abriu-se a ele e lhe fez perguntas religiosas. A sua sede de afeto e de vida plena não lhe foi satisfeita pelos cinco maridos que teve, aliás, experimentou desilusões e enganos… Por isso, a mulher fica impressionada com o grande respeito que Jesus tem por ela e quando Ele lhe fala da verdadeira fé, como relação com Deus Pai ‘em espírito e verdade’, então ela intui que aquele homem poderia ser o Messias… A água que dá a vida eterna foi infundida em nossos corações no dia do nosso Batismo, mediante o qual nos transformou e nos encheu com a sua graça… Talvez vamos em busca de ‘poços’ cujas águas não nos saciam. Então este Evangelho é propriamente para nós! Não somente para a Samaritana, mas para nós. Jesus nos fala como à Samaritana. Sabemos quem é Jesus, mas talvez não o tenhamos encontrado pessoalmente, falando com Ele, e não o tenhamos ainda reconhecido como o nosso Salvador».

 [Na – Praça de S. Pedro do Vaticano, antes da Oração do ‘Ângelus’ (Domingo,19.03.2017)-]

“Poema” de São João da Cruz – “Aquela Fonte” 

«Bem sei a fonte que mana e corre

embora seja noite.

Aquela eterna fonte não a vê ninguém / e bem sei onde é e donde vem

embora seja noite.

Não sei a fonte dela, que não há, / mas sei que toda a fonte vem de lá

embora seja noite.

Não pode haver, eu sei, coisa tão bela / e céus e terra beleza bebem dela

embora seja noite.

Porque não pode o fundo ali achar / eu sei que ninguém a pode atravessar

embora seja noite.

A claridade sua não escurece / e sei que toda a luz dela amanhece

embora seja noite.

Tão caudalosas são suas correntes / que regam céus, infernos e as gentes

embora seja noite.

E desta fonte nasce uma corrente / e bem sei eu que é forte e omnipotente

embora seja noite.

E das duas a corrente que procede / sei que nenhuma delas a precede

embora seja noite.

E esta eterna fonte está escondida / em este vivo pão a dar-nos vida

embora seja noite.

Aqui está a chamar as criaturas / que bebem desta água, e às escuras,

porque é de noite.

Esta viva fonte que desejo / em este pão de vida, aí a vejo

embora à noite».

[ «Obras Completas» – S. João da Cruz – Edições “Carmelo” – 5ª Edição – Poesias, pág.1043 ]

( Versão publicada, no ‘Blogue’ «Cidade de Deus», por Ana Paula Lemos –07.03.2008– )

// PARA outras REFLEXÕES AFINS:  http://palavradeamorpalavra.sallep.net