Mt 20,14-16: “«‘Amigo… Eu quero dar a este último tanto como a ti… Ou serão maus os teus olhos porque eu sou bom?’. Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos»”. // Is 55,7: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem perverso os seus pensamentos. Converta-se ao Senhor, que terá compaixão dele, ao nosso Deus, que é generoso em perdoar”. // Fl 1,21-24: “Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra. Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro … Sinto-me constrangido por este dilema: desejaria partir e estar com Cristo, que seria muito melhor; mas é mais necessário para vós que eu permaneça neste corpo mortal”.

 

D – ‘EU QUERO DAR A ESTE ÚLTIMO TANTO COMO A TI…. OU SERÃO OS TEUS OLHOS MAUS PORQUE EU SOU BOM?’ (Mt 20)

O – O ÍMPIO CONVERTA-SE AO SENHOR, QUE TERÁ COMPAIXÃO DELE, AO NOSSO DEUS, QUE É GENEROSO EM PERDOAR (Is 55)

C – CRISTO SERÁ GLORIFICADO NO MEU CORPO, QUER EU VIVA QUER EU MORRA. PORQUE, PARA MIM, VIVER É CRISTO… (Fl 1)

 

O – Será verdade que a vida humana se desenvolve entre os extremos do bem e do mal?“Últimos” e “primeiros”; “olhos maus” e “olhos bons”; “caminho do ímpio” e “perdão de Deus”; “morrer e viver”?

C – Uma coisa parece certa: Deus nunca pode estar submetido às flutuações pendulares humanas: ou tudo ou nada; oito ou oitenta; agora ótimo e logo péssimo; primeiro alegre e a seguir triste; …

D – É verdade que Deus não pode ser assim, precisamente para poder compreender toda e qualquer flutuação humana: todos os exageros e quaisquer extremos… derivados da inconstância humana.

O – Que seria de nós: Quando sem justa causa – ou pela nossa culpa – nos víssemos condenados a um ‘último lugar’? Ou quando ‘não víssemos o bem’ porque os nossos olhos são maus? Ou, então, se fôssemos vítimas de qualquer escravidão porque fomos capazes de perder, voluntariamente, a nossa liberdade?

C – Ainda bem – graças a Deus! – que temos Alguém a olhar primeiro para os últimos e os pobres; Alguém que  “tem compaixão – de todos – porque é generoso em perdoar”… Ainda bem que (como diz a canção): «Aconteça o que acontecer, nós temos um Pai que espera por nós»!

 

’ X — Já sabíamos que o facto de “os caminhos do Senhor e os seus pensamentos serem muito distantes e diferentes dos nossos” longe de ser um mal para os humanos, constitui uma vantagem excelente para nós (!?). Agora ficamos a saber que – por isso! – “os olhos” do nosso Deus são “sempre bons”, mesmo quando os nossos “olhos são maus”; que Ele tem sempre “compaixão porque é generoso em perdoar”; que olha sempre primeiro para os pobres e os últimos… para que ‘os outros’ sejam também abrangidos pelo seu “olhar amoroso e compassivo”. E, sobretudo, agora ficamos ainda mais convictos de que Ele «É sempre um Pai que espera por nós, aconteça o que acontecer»!   — Mas nós tentamos compreender, ó Pai nosso, que – tal como Paulo – não podemos querer “sair” deste corpo mortal e abandonar esta vida terrena pelo facto de – envolvidos na Tua bondade, compaixão e misericórdia infinitas – virmos a sentir que seríamos, desde já, mais felizes estando conTigo! Parece que isto não seria justo. Pois é melhor para todos continuarmos o nosso caminho de peregrinação terreal até ao instante em que o Teu desígnio de Amor decidir “a saída” de cada qual.

 

[] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):

() – «Quem queira ser grande, quem queira ser o primeiro, seja escravo de todos, seja o mais pequeno. Eu não vim p’ra ser servido, Eu vim para servir e dar a vida por todos, para que todos possam viver(2) em plenitude(3)» …

() – «Aconteça o que acontecer, nós temos um Pai que espera por nós!» (2)

 

 

«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA

[ do Papa / da Bíblia / Outros ]

Papa Francisco

Acerca de: A generosidade de Deus, a começar pelos últimos

«O senhor da vinha, que representa Deus, sai ao romper da manhã e contrata um grupo de operários, concordando com eles o salário de um denário por dia: era um salário justo… No final do dia, o senhor ordena que seja dado um denário a todos, até àqueles que tinham trabalhado poucas horas. Naturalmente, os trabalhadores contratados primeiro queixam-se, porque veem que são pagos como aqueles que trabalharam menos. No entanto, o senhor recorda-lhes que receberam quanto tinham concordado; mas, se ele quiser ser generoso com os demais, não devem sentir inveja.

Na realidade, esta “injustiça” do senhor serve para provocar, em quantos ouvem a parábola, um salto de nível, porque aqui Jesus não quer falar do problema do trabalho, nem do salário justo, mas do Reino de Deus! E a mensagem é esta: no Reino de Deus não existem desempregados, todos são chamados a desempenhar a sua parte; e no final haverá para todos a recompensa que deriva da justiça divina — não humana, por sorte! — ou seja, a salvação que Jesus Cristo nos conquistou com a sua morte e ressurreição. Uma salvação que não é merecida, mas concedida — a salvação é gratuita — e por isso, “os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt 20, 16).

Com esta parábola, Jesus quer abrir o nosso coração à lógica do amor do Pai, que é gratuito e generoso. Trata-se de nos deixarmos surpreender e fascinar pelos «pensamentos» e pelos «caminhos» de Deus que, como recorda o profeta Isaías, “não são os nossos pensamentos, não são os nossos caminhos” (cf. Is 55, 8). Os pensamentos humanos são muitas vezes marcados por egoísmos e interesses pessoais, e as nossas veredas estreitas e tortuosas não são comparáveis com os caminhos largos e retos do Senhor. Ele é misericordioso (não nos esqueçamos disto, Ele é misericordioso) perdoa amplamente, está cheio de generosidade e de bondade, que derrama sobre cada um de nós, abrindo, a todos, os territórios ilimitados do seu amor e da sua graça, os únicos que podem conferir ao coração humano a plenitude da alegria.

Jesus quer levar-nos a contemplar o olhar daquele senhor: o olhar com que vê cada um dos operários à espera de um trabalho, chamando-os para a sua vinha. Trata-se de um olhar cheio de atenção e de benevolência; é um olhar que chama, que convida a erguer-se, a pôr-se a caminho, porque deseja a vida para cada um de nós, quer uma vida plena, comprometida, resgatada do vazio e da inércia. Deus não exclui ninguém e quer que cada um alcance a sua plenitude. Este é o amor do nosso Deus, do nosso Deus que é Pai.

Maria Santíssima, nossa Mãe, nos ajude a acolher na nossa vida a lógica do amor, que nos liberta da presunção de merecer a recompensa de Deus e do juízo negativo sobre os outros».

 [Papa Francisco Angelus (24.09.2017)]

 

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