«MULHER… APAIXONADA»
Neste «tempo de Aleluias!», da Páscoa “florida”, trazemos a lembrança daquele “poema” tão antigo (de uma “liturgia cristã” tão antiga, quando todas as “liturgias” eram naquele latim tão antigo) que dizia assim: «Dic nobis, Maria, quid vidisti in via?»… Mensagem em código que será decifrado no seu momento.
A verdade é que Pedro e João, e os dois discípulos de Emaús, e Maria Madalena… são alguns dos “personagens” bem presentes, desde a primeira hora, naqueles acontecimentos em volta da Ressurreição de Jesus de Nazaré. Da sinceridade e coragem de todos eles, cada qual à sua maneira – também nas falhas! – podemos aprender lições para a nossa vida de discípulos que lutam por serem fiéis e amigos autênticos de Jesus…
Escolhemos hoje Maria Madalena, essa mulher transformada pelo Amor, “aquela de quem tinham sido expulsos sete demónios”(Lc 8)… Mas poderia ser aquela outra mulher “que amou muito porque muito lhe foi perdoado”(Lc 7)… Ou, então, aquela outra, irmã de Marta e de Lázaro, “que veio onde estava Jesus à mesa, e, quebrando um vaso de perfume de grande valor, derramou-o sobre a cabeça do seu Mestre”(Mc 14)… Qualquer uma destas mulheres, que são figura e protótipo da «mulher apaixonada» por Deus, logo que encontraram a verdade do Amor na Pessoa de Jesus, abandonaram outros amores, escuros e falhados, para pôr o seu coração inteiro no seu Mestre e Senhor (“Rabi”), custe o que custar e aconteça o que acontecer! É que – e “elas” sabem-no muito bem! – para Deus, em Jesus, tudo o que, no passado, possa ter havido de mal e de pecado nas nossas vidas, já não conta, ficou esquecido; diríamos como que, para essas coisas, Deus não tem “memória”.
Desde logo, hão de vir dias terríveis e horas escuras, sobretudo na paixão e morte de Cristo… mas “elas” estarão sempre entre os mais fiéis, seguindo-Lhe até ao pé da cruz, onde as encontramos – nomeadamente Maria Madalena – junto com Maria, a Mãe de Jesus, ela também «mulher apaixonada» mais do que todas! Assim o escutávamos, na leitura da Paixão, nesta Sexta-feira Santa: “Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena” (Jo 19).
E lá está ela, a Madalena, ao pé da cruz do seu Amor crucificado, alheia ao que possam pensar, dizer ou fazer os outros… até porque já tinha sido libertada de sete espíritos malignos… É que o amor verdadeiro é mais forte do que a morte! Não admira, por isso, que seja este amor de fortaleza como que o íman que a impeça separar-se d’Ele, mesmo após a Sua morte. Também não admira que seja ela – a Madalena – a primeira a visitar o sepulcro antes do amanhecer: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada… Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus…” (Jo 20 / 3ª L.). É verdade que ainda não é alegria o que ela sente, mas tristeza pela desaparição do corpo do seu Amado… Mesmo assim, já se sente impelida a levar a notícia aos “outros amigos”. Porém, a pena não tardará a transformar-se em Alegria plena e em Aleluias, quando, logo a seguir, tenha o seu encontro pessoal com o próprio Jesus, Vivo e Ressuscitado. Ainda assim, não foi um reconhecimento imediato, até que Jesus a chama pelo seu nome: “Maria!”. A partir desse momento, tudo fica claro e luminoso… e, ao mesmo tempo, fica “decifrado” aquele nosso «enigma» inicial. É que os discípulos das primeiras comunidades cristãs, a que pertencia Maria Madalena, compuseram um «hino litúrgico» com aquelas palavras: «Diz-nos, Maria, o que é que viste no teu caminho?». Ao que ela respondia: «Eu vi o sepulcro de Cristo Vivo e a glória do Ressuscitado! Vi as testemunhas dos Anjos!… Ressuscitou Cristo, minha Esperança …» (ver: “Sequência” ou hino / Domingo de Páscoa).
E a paixão por Cristo desta mulher, continuará em aumento toda a sua vida – já naquelas primitivas comunidades cristãs – entre os principais discípulos do Mestre, Jesus de Nazaré, Vivo para sempre! Aliás, nela como nas outras, fez-se realidade a exortação de Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo… Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus…” (Cl 3 / 2ª L.). E oxalá que o seja também para todos nós!
Realmente, podemos dizer que estão a cumprir-se as palavras de Jesus, aplicadas, em certa ocasião, a uma destas «mulheres apaixonadas»: “Em verdade vos digo: ali onde chegar o anúncio deste Evangelho em todo o mundo, ficará a saber-se o que fez esta mulher, para memória sua”. (Mc 14, 9).
Aleluia! Este é o Dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria!…
«Dic nobis, Maria, quid vidisti in via?»
– Diz-nos, Maria Madalena,
o que é que viste no teu caminho?
Tu que foste testemunha matinal
no dia da Ressurreição, diz-nos, Maria!
– «Vi o sepulcro de Cristo Vivo
e toda a Glória do Ressuscitado…».
E nós, discípulos e amigos de Jesus,
queremos experimentá-Lo “Transfigurado”;
sentirmos a Sua presença ressuscitada;
podermos dizer como tu, Maria, com verdade:
«Vive Cristo, a minha Esperança, Aleluia!».
E proclamar, com o salmista neste dia:
Nós não morremos mas havemos de viver
para contar e cantar as obras do Senhor!
[ do Salmo Responsorial / 117 (118) ]
7 Fevereiro, 2025
«Mas QUAL a CAUSA dos MALES?» (II)
Luis López Sem categoria
Dizíamos – no fim da primeira parte (I) –: A causa e motivo do mal, e dos males, deste mundo é a Liberdade humana. Sim, esse ‘sagrado(!) atributo’ a que nenhum humano queremos renunciar impunemente! …
Bem. Mas nós, agora, podemos perguntar-nos (e quantas vezes temo-lo feito, crentes e até não crentes, embora na boca destes não tenha sentido?) e a pergunta seria assim: Dado que a liberdade humana foi inventada, criada, por Deus, porque é que Ele permite todas estas “barbaridades”, e porque não “tira a liberdade” de vez, a todas essas pessoas que, com as suas decisões tão disparatadas ‘provocam’ tais ‘males em catadupa’, no nosso mundo?
O primeiro que temos a dizer acerca desta pergunta é que, antes de condenarmos nós estas liberdades aberrantes e terríveis nos outros, deveríamos considerar como é que são as nossas liberdades (talvez em menor grau ou nível) mas que – juntas todas – contribuem, na mesma, para os grandes males que lamentamos!
E não podemos esquecer que o tal “espírito Maligno” (Satanás), que consideramos, em definitiva, como a origem e promotor de todo o Mal, ele próprio é também e ao mesmo tempo, como que o resultado de todas as malícias humanas (!?) …
Ou seja, que não podemos deitar as culpas a ninguém. E menos a Deus, pois Ele é o primeiro a lamentar o mau uso que fazemos da nossa liberdade humana (que, por outro lado, não queremos perder!).
Mas, sobretudo – e isto é o mais importante ainda que não tenhamos reparado nisso! – sabem qual é a resposta de Deus quando Lhe pedimos para tirar aquelas excêntricas liberdades (‘libertinagens’!) a certas pessoas? Pois o que Ele nos responde é isto, mais ou menos: «Vocês acham, ó meus amigos, que o vosso Deus pode deixar de fazer – ou desfazer! – aquilo que Ele criou? Pensam que Ele pode mudar de opinião acerca do que imaginou e fez? Em todo o caso são vocês os que mudam ‘do bom para o menos bom’, ou ‘do bem para o mal’, e pensam que isso é ‘ser livres’! Meus amigos, vejam bem isso!».
É verdade, Senhor. Se a liberdade humana – a verdadeira, pois a ‘outra’ não é já liberdade mas ‘libertinagem’! – é o atributo que mais nos assemelha conTigo, por isso é que no-la deste; e então, não a podes tirar! Bem claro ficou já escrito desde o princípio, na tua Palavra, que “nos criaste à Tua imagem e semelhança…”(Gn 1,26…). Sem liberdade, deixaríamos de ser a “Tua imagem”, pois Tu, enquanto Deus, és “eternamente Livre”!!!
Porém, alguém poderá pensar: “Então, para nós, isto não tem remédio! E acabaremos todos – após tanto sofrimento e angústia – em ‘um caos’ e em ‘um nada’! Será que vale a pena tudo isto, pelo menos para muitas pessoas?”.
Bom, mas a resposta a estas questões é já outra ‘história’… E requer um outro tratamento, que será – ‘Deus mediante’ – na próxima reflexão!
(07-02-2025)
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