Fevereiro 2015
1 Fevereiro, 2015
LUZ PARA AS NAÇÕES…
1 Fevereiro, 2015
LUZ PARA AS NAÇÕES…
LUZ PARA AS NAÇÕES…
“Imediatamente entrará no seu templo o Senhor a quem buscais, o Anjo da Aliança por quem suspirais… Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda, quem resistirá quando Ele aparecer? Ele é como o fogo do fundidor… Sentar-Se-á para fundir e purificar: purificará os filhos de Levi, como se purifica o ouro e a prata…” (Ml 3 / 1ª L.). Sim, outra vez palavras misteriosas, palavras que desconcertam; palavras onde se contrapõe «o Anjo da Aliança por quem suspiramos» com «o fogo de fundidor… para fundir e purificar». É que o Deus-Amor, capaz de – humildemente – entrar no seu templo prontamente, trazendo um recado amoroso de Salvação… este Senhor do Universo, é tudo menos um boneco com o que se pode brincar impunemente! Quem estiver disposto a receber a Salvação que Ele traz e oferece, tem de o fazer com todas as consequências. Porque há de saber que as suas próprias obras e até às suas intenções terão de ser fundidas e purificadas, como se purifica o ouro e a prata. Aqui não valem enganos, meias-tintas, aparências… numa palavra: a mentira aqui não tem nada a fazer! Ou apostas na Verdade, meu amigo, ou estás perdido! E só o trigo bom, o trigo da Verdade, é alimento e semente de Vida Eterna; o joio e a palha – frutos e lixos da mentira – serão pasto das chamas, naquele fogo escaldante, abrasador…
A Salvação, porém, essa que leva em si um peso de Eternidade, não era possível sem um Redentor adequado e eficaz. Era conveniente e necessário que o Libertador, sem deixar de ser o Filho de Deus, nascendo de entre os humanos, saísse do meio dos homens, do seio desse “povo a redimir”. É que nenhum ser, só humano, poderia salvar “os filhos dos homens”… Mas também não era “possível” – segundo os desígnios de Deus! – que Ele, só pela sua Divindade, realizasse a Salvação daqueles pobres desgraçados… “Porque Ele não veio em auxílio dos Anjos, mas dos descendentes de Abraão. Por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos”… Sendo certo, portanto, que o Filho tinha tomado a mesma carne e o mesmo sangue, “participando da mesma natureza humana”, seria assim a pessoa idónea e designada “para destruir, pela sua morte, aquele que tinha poder sobre a morte, isto é, o diabo”… Toda a gente percebe que só quem passou pelas mesmas misérias é que pode compreender os miseráveis. “Porque, de facto, se Ele próprio foi provado pelo sofrimento, pode socorrer aqueles que sofrem provação”... Ficava então, e só deste modo, constituído o verdadeiro e eterno “sumo Sacerdote” – Mediador entre Deus e os homens –. “Semelhante em tudo aos seus irmãos, para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus, e assim expiar os pecados do povo” (Hb 2 / 2ª L.).
Neste contexto, entendemos melhor o gesto que neste dia celebramos. Será este “o primeiro passo” dessa entrega total do Servo, homem entre os homens, “Filho do homem”, na sua Apresentação no templo; isto é, na sua «primeira Consagração ao Pai», submetido já às leis humanas. “Segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor»”. E é preciso realçar, desde este primeiro momento, a perfeita colaboração – “necessária e suficiente” – da Virgem Mãe, que antes oferecera a sua própria carne de mulher, e agora apresenta os seus braços maternais. Porque a história deve continuar, a história – lembram-se? – “daquele sonho feminino” de Deus! E neste episódio, ficamos todos a conhecer: Ela estava chamada, já desde as origens, a ser “Corredentora”, associada sempre ao Redentor. “Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações»”… (Lc 2 / 3ª L.).
Todo o mundo reconhece, Senhor,
que és o “Rei de todo o Universo”,
embora muitos não Te aceitam com amor
no acontecer das suas vidas…
Nós sabemos, Senhor, que és capaz,
apesar da tua imensa grandeza,
de Te fazeres pequeno e frágil
até caber nas estreitas dimensões
do sagrado ventre da mulher-mãe…
E, no entanto, devemos proclamar, ó Deus:
«Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
para poder entrar o Rei da glória!».
Louvamos-Te, hoje, Jesus, “Luz das nações”,
ainda bebé nesses braços maternais!…
E com o carinho da Tua e nossa Mãe, Maria,
– nos seus braços puros e amorosos –
aprendamos a crescer com vigor
em sabedoria e em graça, como Tu,
na presença de Deus e diante dos homens…
[ do Salmo Responsorial / 23 (24) ]
6 Fevereiro, 2015
«É MILÍCIA A VIDA DO HOMEM…»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
«É MILÍCIA A VIDA DO HOMEM…»
Sim, desta vez, vamos utilizar uma linguagem bélica. E falamos numa “milícia” que não é a das armas convencionais nem a das outras sofisticadas, com as quais os homens (“militares” ou não) fazem (fazemos) continuamente as guerras… Parece como que estivéssemos empenhados, através de toda a história humana, em “aniquilarmo-nos”, uns aos outros, fazendo troça (e triste realidade) daquele aviso de Jesus: “Quem usa espada, à espada morrerá” (Mt 26, 52). Ou, por outras palavras, talvez mais conhecidas, «violência gera violência» até originar isso que chamamos “a espiral da violência”, que já é tão difícil de parar!… Aliás, nisto das violências nas guerras, temos chegado, nos tempos que correm, a aberrações bélicas tão tristes e lamentáveis como o recrutamento de crianças para pegar em armas (“mercenários infantis para a guerra”), ou para as transformar em “pequenas bombas humanas” nessas estúpidas imolações terroristas… Meu Deus, quem será capaz de parar esta “espiral”?…
Mas a outra “milícia”, essa de que fala a Palavra de hoje no Livro de Job, é de distinto género; a violência que aqui subjaz está numa outra dimensão; aponta na direção e sentido daquela afirmação inesperada (desconcertante?) de Jesus: “O Reino do Céu é objeto de violência, e os violentos apoderam-se dele à força” (Mt, 11, 12). Ou então, aquela outra – tão perturbadora, porque é Jesus a falar em primeira pessoa –: “Não penseis que eu vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada” (Mt 10, 34). Não se trata, portanto, da “violência material bruta”, mas da violência do espírito, aquela que, desde o nosso íntimo, fazemos a nós próprios – livre e voluntariamente! – para “dominar” os nossos baixos instintos e/ou nefastas tendências…
Pois é nesta dimensão, e não noutro sentido, que a “personagem” de Job – no meio dos trabalhos e sofrimentos de uma já longa vida – chega a esta “conclusão” em jeito de questão e desabafo: “Job tomou a palavra, dizendo: «Não vive o homem sobre a terra como um soldado? Não são os seus dias como os de um mercenário?”…(Jb 7 / 1ª L.). Trata-se, então, dessa afirmação que interpela: «É “MILÍCIA” A VIDA DO HOMEM SOBRE A TERRA». Nem falar, portanto, aquela «paz dos cemitérios», que Jesus não veio trazer. Não é aquela paz que deixa de fazer a guerra interior (evangélica) essa que, ao vencer o nosso egoísmo, nos transforma e cria fraternidade. Porque esta outra falsa paz – à que aderem muitos, infelizmente – só pode trazer e traz guerras fratricidas, que apenas e só alargam e multiplicam – isso mesmo – «os cemitérios» e a sua paz mortiça… Estes, sim, são os que acabam por fazer suas as palavras do poeta: «Somente acredito na paz dos sepulcros»!
Apostar, porém, na “milícia” de Deus, significa estarmos comprometidos na luta diária para conseguirmos vencer todos os “espíritos do mal”, verdadeiros e únicos inimigos da nossa vida e salvação. Ou seja, ficarmos alistados e incorporados no “exército” de Cristo Jesus, o único “capitão” capaz de vencer todos os «espíritos malignos»: “Jesus… expulsou muitos demónios. Mas não deixava que os demónios falassem, porque sabiam quem Ele era… E andava por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demónios”. (Mc 1 / 3ª L.).
“Lutar nas hostes” de Deus quer dizer, portanto, combater – no “bom combate” que diria S. Paulo – sobretudo contra aquelas nossas baixas paixões e más inclinações… mesmo que, por vezes, seja preciso perdermos alguma “batalha”, mas tendo sempre a certeza de que ganhamos a “guerra”!
Participar nas “batalhas” do Deus dos Exércitos – ao invés do que se entendia no AT – significa arriscarmos em “sair do nosso egocentrismo” para trabalharmos, de preferência, na salvação dos outros. Exatamente como fazia Paulo, quem desde há tanto tempo, já nos convidava a seguirmos o seu exemplo: “Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível… Fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. E tudo faço por causa do Evangelho…” (1 Cor 9 / 2ª L.).
Senhor, a Ti elevamos o nosso louvor
porque é bom cantar as Tuas fortalezas,
as Tuas grandes pequenezes, ó Pai,
a Tua omnipotência de ternura:
é agradável e justo celebrar a Tua Glória
– Deus pequeno, Deus imenso – …
Também nós, nas nossas lutas diárias,
não confiamos no vigor do cavalo
nem na força dos outros guerreiros…
mas confiamos na força do Teu Espírito,
na energia interior que dá vigor à alma,
para vencermos os inimigos da nossa salvação…
Sabemos que Te são agradáveis
os que confiam no Teu Amor, Senhor,
que preferes os humildes do povo
e estás sempre com os pobres
para os confortar e enriquecer…
Nós queremos ser congregados por Ti,
sempre que nos acharmos dispersos
pelo fragor das batalhas de cada dia…
Que, então, os Teus dedos de Pai bondoso
liguem as feridas de cada batalha
e sarem os corações dilacerados…
[ do Salmo Responsorial / 146 (147) ]