(Ciclo B – Domingo 29 do T. Comum…)
«SOLIDÁRIO» VEM DE «SÓLIDO»
Quem é que não reparou no fenómeno físico, tão vulgar como universal, da transmissão ou transporte elétrico através dos fios ou cabos, «condutores materiais»? Basta-nos ligar ou desligar qualquer interrutor… Já não poderemos dizer a mesma coisa acerca do “porquê” e do “como” deste fenómeno elétrico e magnético, só acessível a pessoas mais especializadas no tema. Mas é bom que, neste momento, declaremos, sem mais, o que está na base desse porquê e como. A questão é bem simples: porque é que essa “força elétrica” (misteriosa!?) é transferida de um corpo material, que a possui, para o outro que ainda a não tem? Mesmo que não o pareça, há sempre (deve haver) uma «continuidade material» entre o primeiro e o segundo corpo: esse é “o caminho” que percorrem os “eletrões”!… Bem, mas a “conclusão” virá em seguida.
E vamos já para a Palavra de hoje. O primeiro alerta, como é costume, aparece-nos já no AT, com o profeta Isaías, na primeira leitura de hoje. “O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades”. Será que este «justo» poderia ser como que o primeiro «corpo condutor»?… Mas prossigamos com o profeta: “Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira…” (Is 53 / 1ª L.). Começamos a ver, então, uma estreita relação entre “o justo” (“o servo”) e aqueles “muitos”, que são, ao mesmo tempo, a “sua descendência”.
Desde logo, o autor da Carta aos Hebreus revela-nos já a identidade daquele “justo”, “servo” de Javé. “Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus”… E continua, para insistir na «ligação» entre este “sumo sacerdote” – «Mediador» – e “nós”, que somos “a sua descendência”: “Nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança…”. (Hb 4 /2ª L.).
Contudo, vai ser o próprio Jesus de Nazaré a dar-nos, no seu Evangelho deste dia, a chave de toda esta questão. Em primeiro lugar, para os que queiram ser “grandes”, mas com a verdadeira “grandeza”, esclarece: “Aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser ser o primeiro, seja escravo de todos”. E a seguir, revela o fundamento dessa afirmação, através do Modelo exemplar que é Ele próprio: “Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos»”. (Mc 10 / 3ª L.). Com o qual, fica bem patente que Ele mesmo, o Filho de Deus, se considera intimamente unido àqueles – “todos” – que vão ser “redimidos pela entrega da sua vida”. Bom, para exprimirmos esta realidade é costume dizer que, deste modo, Jesus é “solidário com todos os homens”, ou que, para todos os efeitos, Ele “solidariza-se com a sorte dos humanos”.
“Solidário”, “solidarizar-se”, “solidariedade”… Sabiam que estes termos derivam todos da palavra “sólido” (firme, inteiro, completo)? Ou seja, «sólido é aquele corpo material cujas partículas ou moléculas estão unidas entre si por forças tão potentes que lhe conferem uma estrutura forte, dura, rígida». Por consequência, poderíamos afirmar que «o que acontece em qualquer parte desse “corpo” é transmitido, de modo instantâneo, a todas as outras partes». Ou, por outras palavras, “o que sucede a uma dessas partes é «sentido» por todas as outras”. Interessante! Não é?… E quando dizemos “sentir-nos solidários com alguém” é isso que deveremos significar. Assim, só será autêntica a “solidariedade” quando nos sintamos formando «algo sólido» com os nossos semelhantes… (Agora já entendemos aquilo do «condutor material» da «energia elétrica»).
É verdade que há por aí expressões interessantes neste campo da solidariedade, mas que podem ficar apenas na teoria e em frases bonitas. Por exemplo, “eles são nós” e “nós somos eles”; ou, do “eu solitário” ao “nós solidário”; etc.
Então, depende de cada um de nós – à luz da Palavra de hoje – que vivamos, com autenticidade, o “ser solidário”, como o viveu e vive Jesus! Que até se pode afirmar d’Ele, à luz da sua Encarnação: A natureza humano-divina do homem Jesus, o Filho de Deus, é esta de «ser solidário com todo o ser humano». Aprendamos!!!
Desça sobre nós a Tua bondade,
porque em Ti esperamos, Senhor!
Os Teus olhos misericordiosos
estão voltados sempre para nós,
que esperamos na Tua bondade…
O Teu Filho Jesus, aquele “Justo”,
porque já era solidário connosco
quis demonstrá-lo na Sua Encarnação,
e ocupou o nosso lugar para “nos resgatar”;
pois sendo Ele solidário com o «nosso Erro»,
nós ficávamos solidários com a “Sua Salvação”.
É que também esta obra da Redenção, ó Pai,
nasceu da Tua bondade e fidelidade,
bem como todas as Tuas Obras maravilhosas…
Agora só queremos aprender a sermos
“de verdade solidários” com todos,
seguindo o Modelo exemplar que é
o nosso Irmão mais velho, Jesus!
E venha sobre nós, Deus nosso Pai,
a Tua bondade e misericórdia!
[ do Salmo Responsorial / 32 (33) ]
16 Outubro, 2015
«SOLIDÁRIO» VEM DE «SÓLIDO»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo B – Domingo 29 do T. Comum…)
«SOLIDÁRIO» VEM DE «SÓLIDO»
Quem é que não reparou no fenómeno físico, tão vulgar como universal, da transmissão ou transporte elétrico através dos fios ou cabos, «condutores materiais»? Basta-nos ligar ou desligar qualquer interrutor… Já não poderemos dizer a mesma coisa acerca do “porquê” e do “como” deste fenómeno elétrico e magnético, só acessível a pessoas mais especializadas no tema. Mas é bom que, neste momento, declaremos, sem mais, o que está na base desse porquê e como. A questão é bem simples: porque é que essa “força elétrica” (misteriosa!?) é transferida de um corpo material, que a possui, para o outro que ainda a não tem? Mesmo que não o pareça, há sempre (deve haver) uma «continuidade material» entre o primeiro e o segundo corpo: esse é “o caminho” que percorrem os “eletrões”!… Bem, mas a “conclusão” virá em seguida.
E vamos já para a Palavra de hoje. O primeiro alerta, como é costume, aparece-nos já no AT, com o profeta Isaías, na primeira leitura de hoje. “O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades”. Será que este «justo» poderia ser como que o primeiro «corpo condutor»?… Mas prossigamos com o profeta: “Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira…” (Is 53 / 1ª L.). Começamos a ver, então, uma estreita relação entre “o justo” (“o servo”) e aqueles “muitos”, que são, ao mesmo tempo, a “sua descendência”.
Desde logo, o autor da Carta aos Hebreus revela-nos já a identidade daquele “justo”, “servo” de Javé. “Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus”… E continua, para insistir na «ligação» entre este “sumo sacerdote” – «Mediador» – e “nós”, que somos “a sua descendência”: “Nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança…”. (Hb 4 /2ª L.).
Contudo, vai ser o próprio Jesus de Nazaré a dar-nos, no seu Evangelho deste dia, a chave de toda esta questão. Em primeiro lugar, para os que queiram ser “grandes”, mas com a verdadeira “grandeza”, esclarece: “Aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser ser o primeiro, seja escravo de todos”. E a seguir, revela o fundamento dessa afirmação, através do Modelo exemplar que é Ele próprio: “Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos»”. (Mc 10 / 3ª L.). Com o qual, fica bem patente que Ele mesmo, o Filho de Deus, se considera intimamente unido àqueles – “todos” – que vão ser “redimidos pela entrega da sua vida”. Bom, para exprimirmos esta realidade é costume dizer que, deste modo, Jesus é “solidário com todos os homens”, ou que, para todos os efeitos, Ele “solidariza-se com a sorte dos humanos”.
“Solidário”, “solidarizar-se”, “solidariedade”… Sabiam que estes termos derivam todos da palavra “sólido” (firme, inteiro, completo)? Ou seja, «sólido é aquele corpo material cujas partículas ou moléculas estão unidas entre si por forças tão potentes que lhe conferem uma estrutura forte, dura, rígida». Por consequência, poderíamos afirmar que «o que acontece em qualquer parte desse “corpo” é transmitido, de modo instantâneo, a todas as outras partes». Ou, por outras palavras, “o que sucede a uma dessas partes é «sentido» por todas as outras”. Interessante! Não é?… E quando dizemos “sentir-nos solidários com alguém” é isso que deveremos significar. Assim, só será autêntica a “solidariedade” quando nos sintamos formando «algo sólido» com os nossos semelhantes… (Agora já entendemos aquilo do «condutor material» da «energia elétrica»).
É verdade que há por aí expressões interessantes neste campo da solidariedade, mas que podem ficar apenas na teoria e em frases bonitas. Por exemplo, “eles são nós” e “nós somos eles”; ou, do “eu solitário” ao “nós solidário”; etc.
Então, depende de cada um de nós – à luz da Palavra de hoje – que vivamos, com autenticidade, o “ser solidário”, como o viveu e vive Jesus! Que até se pode afirmar d’Ele, à luz da sua Encarnação: A natureza humano-divina do homem Jesus, o Filho de Deus, é esta de «ser solidário com todo o ser humano». Aprendamos!!!
Desça sobre nós a Tua bondade,
porque em Ti esperamos, Senhor!
Os Teus olhos misericordiosos
estão voltados sempre para nós,
que esperamos na Tua bondade…
O Teu Filho Jesus, aquele “Justo”,
porque já era solidário connosco
quis demonstrá-lo na Sua Encarnação,
e ocupou o nosso lugar para “nos resgatar”;
pois sendo Ele solidário com o «nosso Erro»,
nós ficávamos solidários com a “Sua Salvação”.
É que também esta obra da Redenção, ó Pai,
nasceu da Tua bondade e fidelidade,
bem como todas as Tuas Obras maravilhosas…
Agora só queremos aprender a sermos
“de verdade solidários” com todos,
seguindo o Modelo exemplar que é
o nosso Irmão mais velho, Jesus!
E venha sobre nós, Deus nosso Pai,
a Tua bondade e misericórdia!
[ do Salmo Responsorial / 32 (33) ]