19c- Vou renovar tudo... mas convosco!

(Ciclo C – Domingo 5 de PÁSCOA) 

«VOU RENOVAR TUDO»… MAS CONVOSCO!

A nossa tendência inata – visto não sermos nós capazes de o conseguir – é encontrar um Ser supremo, omnipotente, que transforme todas as coisas à medida dos nossos gostos pessoais (alguns lícitos, outros nem tanto) ou as adeqúe ao nosso bel-prazer… Ou será que não é real esta tendência? Qual é a tua opinião?…

Porém, nós afirmamos, com toda a certeza, que esse tal Ser todo-poderoso, capaz disso e até de todos os impossíveis… existe desde sempre e para sempre! Outra coisa é que, por vezes, “seja chamado por nomes” que nem Lhe agradam, nem Lhe convém, nem têm qualquer sentido para Ele… Quanto a nós (?), conhecemos muito bem de Quem se trata, até onde chega o Seu poder, e, sobretudo, qual é o limite – inexistente! – do Seu Amor!

Pois, uma vez que “o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido…” (porque, na verdade, tal e qual como eram, não satisfaziam à maioria (?) dos humanos) houve Alguém que proclamou no tempo certo: “«Vou renovar todas as coisas»”. E então sim, apareceram “um novo céu e uma nova terra”, que o apóstolo João contemplou naquela “visão antecipada”, no livro do Apocalipse (Ap 21 / 2ª L.). Nova terra e novo céu, que são descritos no resto da Leitura e em todo o cap. 21…

Ou seja, tudo será transformado, renovado, criado de novo. A questão – o mistério – está em que essa «re-criação» ou transformação não vai ser como “uma espécie de magia” da parte desse Deus Omnipotente, Criador e re-Novador de Tudo. Não será assim! E quem estiver à espera disso «vai muito errado». Este Deus quer contar, vai contar sempre, connosco, com a nossa livre e voluntária “co-laboração”. Precisamente, utiliza-se o termo «co-criadores», pois Ele determinou que, «embora criasse este mundo sem nós», sem contar connosco, «não o re-novará ou re-criará sem nós», sem o nosso voluntário contributo. Isto porque, ao sermos os únicos seres da sua Criação, com «inteligência criativa, capazes de amar», quis associar-nos (livremente! da Sua parte e da nossa) aos Seus Desígnios e Projetos, presentes e futuros… Para quem não o recorda, estava bem claro já desde o princípio: “Deus disse-lhes: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra…»” (Gn 1, 28). Mas, evidentemente, há que saber interpretar retamente os termos “crescei… multiplicai… enchei… e dominai”, porque na compreensão destas palavras está a chave de tudo!

E para entendermos e assumirmos por onde deve ir esta nossa colaboração com o Criador e Renovador, o livro dos Atos dos Apóstolos (1ª Leitura), apresenta-nos algumas “chaves” de interpretação. Antes de mais, somos alertados e “exortados a permanecermos firmes na fé, «porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus»”. E sempre que partamos – «de saída» (Papa Francisco) – para qualquer missão de evangelização, só devemos fazê-lo “depois de termos feito orações acompanhadas de sacrifícios… e de encomendar-nos ao Senhor, em quem acreditamos, confiados na graça de Deus”… É que, só assim, poderá continuar a “ser aberta a porta da fé aos gentios” (At 14 / 1ª L.) até ao “fim dos tempos”, prosseguindo, da nossa parte, a colaboração que Deus “precisa”(!).

E, uma vez que vamos seguindo em tudo o Caminho de Jesus, vai ser no Evangelho de hoje que encontramos o remate final, a conclusão perfeita, ao “copiar” o exemplo e modelo do mesmo Jesus. Ele, que foi Glorificado precisamente pela sua Paixão, mostrando um Amor até ao extremo, podia deixar-nos, com toda a autoridade, “o Seu preceito novo”: “«Amai-vos uns aos outros como Eu vos amo… porque é exatamente nisto que todos conhecerão que sois meus discípulos»…” (Jo 13 / 3ª L.).

Sim, não podia ser de outro modo: Pois é sobretudo no Amor (que tudo re-nova) onde Deus conta connosco!

 

Mais uma vez, Senhor, nosso Deus e nosso Rei,

proclamamos que és Pai clemente e compassivo,

paciente e cheio de bondade.

Que Tu és bom para com todos,

e que a Tua ternura e misericórdia

perpassam e abrangem todas as criaturas

Que, por isso, queres contar connosco,

e pedes a nossa “ajuda” e colaboração,

para que tudo isto continue a ser realidade:

que a Tua misericórdia, de amor e fidelidade,

“se estendam a todas as criaturas”

Que, com o nosso contributo e participação,

todos os seres criados Te deem graças, ó Deus,

e todos os Teus filhos fiéis Te bendigam…

Que, embora ao seu ritmo – lento demais para nós –

o Reino do Teu Amado Filho se estenda,

como esse fermento que “Jesus sonhou”,

para ser conhecido e assumido por todos,

até à “re-novação da terra e dos céus”

                [ do Salmo Responsorial / Sl 144 (145) ]