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 (Ciclo A – 2º Domingo do Advento)

HAVERÁ UMA OUTRA ALTERNATIVA!?

Já ouviram falar daquele Império – real e verdadeiro! – onde as criancinhas brincam com as cobras mais venenosas, e até os bebés chegam a meter os seus dedinhos na toca da víbora… e nada de mau acontece?… Ouviram?…

Claro que, nesse mesmo Reino, os lobos vivem com os cordeiros, as panteras dormem com os cabritos; os bezerros e os leãozinhos brincam juntamente; as vitelas e as ursas pastam lado a lado enquanto as suas crias dormem juntas; o leão come feno como o boi… E todos eles são pastoreados por um menino!… Coisas todas inauditas, inacreditáveis neste mundo real e material em que vivemos… não fosse a Palavra de Deus a descrever esse estado de Paraíso, numa outra dimensão… Paraíso real e verdadeiro para o futuro, porque já tinha sido real no passado, e porque já acontece realmente no presente, Algures, lá onde o mal e a destruição não existem por todo o monte santo do Senhor… (Is 11 / 1ª L).

Perante isto, a postura mais fácil é: Ignora-se, pura e simplesmente, ou rejeita-se como algo irreal e fantasioso… É a atitude “normal” dos que entram na corrente desta sociedade – isso sim, real e material, sobretudo “material” – e se deixam levar ao sabor das modas e do consumismo, nunca permeáveis à fantasia da Fé. Sim, porque afinal a fé também é fantástica, sem deixar de ser razoável!

A nós, porém, calhou-nos viver neste presente, aqui e agora, e não no tal paraíso “que já foi” nem no paraíso “que será”. E somos conscientes, neste nosso tempo e contexto, de que a nossa vida está exposta a contínuos riscos pelo facto de vivermos imersos na tal sociedade que é a nossa… Mesmo quando tentamos seguir o caminho certo, evitando as veredas tortuosas de que nos fala a Palavra, continua a ressoar nos nossos ouvidos todo o tipo de “cantos de sereia”, para seduzir os nossos sentidos de modo a prosseguirmos pelos caminhos largos do prazer, ou então para percorrermos as sendas de sempre, que nos levam a… parte nenhuma. Mas, uma coisa é certa: nunca poderemos dizer que não fomos avisados de mil maneiras pela PalavraPalavra de Amor – para estarmos de olhos abertos… Aí está o alerta da semana passada, por exemplo! Lembram-se?

E desta vez é o precursor João Batista – também ele vivendo num outro mundo irreal e fantástico(?) – “vestido de pêlos de camelo, a comer gafanhotos e mel silvestre e a clamar desde o deserto” com palavras revolucionárias… Porque também ele não está de acordo com aquela sociedade, tão real e materialista quanto a nossa de hoje, cheia de “veredas tortuosas, habitada por certa ‘raça de víboras’, povoada de árvores estéreis que serão cortadas pela raiz e deitadas ao fogo” porque não prestam para mais nada… (Mt 3 / 3ª L.).

Esta linguagem – “chocante” – convida-nos à “conversão”, ou seja, à “viragem de direção e sentido” nos nossos caminhos; a endireitar as nossas veredas tortas, até sermos, de verdade, batizados no Espírito Santo e no fogo. O caminho, agora, é-nos traçado pela “voz” do Batista mas também pela “carta” de Paulo: Porque só “através da paciência e consolação que vêm das Escrituras teremos esperança… E só acolhendo como Cristo Jesus acolhe os outros, e servindo-os como Ele os serve, é que podemos ter os Seus sentimentos; e assim conseguirmos glorificar a Deus, numa só alma e com uma só voz” (Rm 15 / 2ª L.).

Assim, o nosso futuro de Felicidade está garantido, desde que sejamos conscientes que o nosso Batismo não foi apenas com água, mas “no Espírito Santo e no fogo”… para sermos “trigo” – semente de Verdade – e não “palha”, levada pelo vento e que pode acabar num outro “fogo”. Ou seja, é evidente que sempre existe UMA OUTRA ALTERNATIVA!

Mesmo que atualmente, Senhor,

tanta coisa do nosso mundo não nos satisfaz…

Ainda que nos envolvam as injustiças

e queiram “os excessos”  dominar em nós …

temos desde já, ó Deus, aquela firme Esperança,

nascida da fé e da fantasia, da razão e da utopia…

Temos a Esperança que gerou em nós,

desde o Batismo, o fogo do Espírito,

capaz de contemplar, já no presente,

o que “ainda não chegou mas já é”(!?),

porque o gérmen está em nós a crescer:

o Teu Reino, Senhor, de Verdade e de Vida…

o domínio pacífico do Rei que vive e reina por dentro,

deste Filho do Rei que rege com justiça,

– desde o centro mesmo do nosso ser –

no Amor, na misericórdia e na paz…

Assim, ó Pai, Abba, amigo de todos os homens,

em Ti encontrarão compaixão os fracos e pobres,

acharão defesa e libertação os oprimidos…

Em Ti serão abençoadas todas as nações da terra!

            [ do Salmo Responsorial / Sl 71 (72) ]