(Ciclo A – Domingo do PENTECOSTES)
«PASSAR DESPERCEBIDO!»
Se já o próprio DEUS é um “Tremendus” Mistério em si mesmo – essencialmente Uno e Trino! – seremos ainda capazes de nos aproximar de mais estoutro Mistério, o do Espírito Santo, exatamente a “terceira” Pessoa da Trindade Divina, juntando assim “mistério sobre mistério”?
Porque… afinal, quem é este Espírito Santo? Desde logo, o próprio nome indica já Alguém que é invisível, intangível, inatingível, inabarcável, inexplicável… ou seja, “in-definível”. Como Deus que é, tal como o Pai e o Filho, não pode “ser definido”, no sentido estrito da palavra. Partimos, portanto, desta base: é um mistério, e como tal, Incompreensível para a nossa mente humana. Isso quer dizer, então, que a nossa aproximação do Espírito Santo – desejável tanto ou mais da parte d’Ele quanto da nossa! – pode acontecer só por via de fé, de aceitação simples do Mistério. Posto isto, e vistas as coisas através deste prisma, já podemos avançar pela «via do Espírito» com imensa alegria e firme confiança. Assim, já podemos continuar a refletir a Palavra de hoje! Quer isto dizer, vamos só descrever fenómenos que sentimos (vemos/tocamos?)… porque todo o mais será imaginação (?).
Logo na primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, onde se narra o Acontecimento de Pentecostes (palavra que vem já do AT e que significa “aos cinquenta dias”) encontramos vários termos que, quando menos, resultam estranhos: fez-se ouvir, rumor de vento, encher, aparecer, poisar, línguas de fogo, ficar cheios… Claro que estas expressões, como se vê, apenas descrevem as manifestações ou efeitos… porque nunca poderão definir “o Indefinível”. Eis o texto em que estas expressões aparecem: “Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo”…(At 2). Esta atuação, súbita, inesperada, desconcertante… foi a causa, cujas consequências e efeitos imediatos, naqueles “destinatários” e nas outras testemunhas, foram estes: “Começaram a falar outras línguas… A multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?»”… (At 2 / 1ª L.).
Voltando àquela desejável aproximação entre nós e o Espírito Santo, desejável porque nos vai nisso a Salvação e a Felicidade, teremos de encontrar – através da Palavra, «Palavra de Amor» – a ótima via de acesso, que é como dizer, a nossa melhor atitude de docilidade e permeabilidade. Sim, porque todo o resto é com Ele!…
E já agora, por falar em “Palavra de Amor”, lembramos também que o Espírito Santo é “considerado” (que não definido) pela tradição cristã, como «o Amor mútuo entre o Pai e o Filho», no seio da Trindade divina. (E falando neste Amor, vem a calhar a “intuição” que o discípulo João nos deixou na sua primeira Carta: “Deus é Amor”/ver: 1 Jo 4, 8).
Jesus já nos tinha avisado que, o Espírito Santo, ao ser “como o vento, sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai” (Jo 3, 8). Por isso, o próprio Jesus “soprou sobre os discípulos” (Jo 20 / 3ª L.), para lhes transmitir o seu Espírito. Assim, já não estranhamos que a normal atuação do Espírito seja sem espetáculo, sem dar nas vistas, “sem se fazer notar”. Há quem diga, simbolicamente, que a sua ação é como o sal nos alimentos: o sal não se nota quando está presente mas nota-se quando falta. A presença do Espírito Santo pode passar despercebida quando age nas pessoas, nas famílias, nas comunidades (ou talvez não!?)… Mas na “ausência do Espírito”… quanto egoísmo, Senhor, quanta desgraça, quanta miséria, quanta violência, quanta destruição!
Oxalá que, antes de tudo e por cima de tudo, sejamos recetivos à infusão do Espírito em nós, e andemos sempre pela Sua via, sendo transparentes, permeáveis e dóceis à sua ação multiforme! Deixemos que o Espírito Santo infunda em nós os “seus Dons”, para podermos dizer com verdade «Jesus é o Senhor»! Pois assim lemos na 2ª Leitura: “Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo… Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum… Fomos batizados num só Espírito, e todos bebemos um único Espírito” (1 Cor 12).
Envia-nos, Senhor Jesus, esse Teu Espírito,
tantas vezes prometido por Ti,
para nos ensinar todas as coisas,
e compreendermos as tuas Palavras…
Envia-nos esse Teu Espírito
que enche toda a terra
para dar vida a todas as criaturas…
Como são grandes as obras de Deus!
Envia-nos, Jesus, esse Teu Espírito
que vivifica todos os seres:
porque se lhes tiras esse alento,
morrem e voltam ao pó donde vieram.
Mas se mandas o Teu espírito, retomam a vida
e assim renovas a face da terra.
Glória a Deus para sempre,
rejubile o mesmo Espírito Santo
em todas as obras da Criação,
onde Ele infunde o Seu sopro de Vida.
Derrama em nós, Senhor, o fogo do Espírito,
que nos enche de profunda alegria!
[ do Salmo Responsorial / 103 (104) ]
2 Junho, 2017
«PASSAR DESPERCEBIDO!»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo do PENTECOSTES)
«PASSAR DESPERCEBIDO!»
Se já o próprio DEUS é um “Tremendus” Mistério em si mesmo – essencialmente Uno e Trino! – seremos ainda capazes de nos aproximar de mais estoutro Mistério, o do Espírito Santo, exatamente a “terceira” Pessoa da Trindade Divina, juntando assim “mistério sobre mistério”?
Porque… afinal, quem é este Espírito Santo? Desde logo, o próprio nome indica já Alguém que é invisível, intangível, inatingível, inabarcável, inexplicável… ou seja, “in-definível”. Como Deus que é, tal como o Pai e o Filho, não pode “ser definido”, no sentido estrito da palavra. Partimos, portanto, desta base: é um mistério, e como tal, Incompreensível para a nossa mente humana. Isso quer dizer, então, que a nossa aproximação do Espírito Santo – desejável tanto ou mais da parte d’Ele quanto da nossa! – pode acontecer só por via de fé, de aceitação simples do Mistério. Posto isto, e vistas as coisas através deste prisma, já podemos avançar pela «via do Espírito» com imensa alegria e firme confiança. Assim, já podemos continuar a refletir a Palavra de hoje! Quer isto dizer, vamos só descrever fenómenos que sentimos (vemos/tocamos?)… porque todo o mais será imaginação (?).
Logo na primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, onde se narra o Acontecimento de Pentecostes (palavra que vem já do AT e que significa “aos cinquenta dias”) encontramos vários termos que, quando menos, resultam estranhos: fez-se ouvir, rumor de vento, encher, aparecer, poisar, línguas de fogo, ficar cheios… Claro que estas expressões, como se vê, apenas descrevem as manifestações ou efeitos… porque nunca poderão definir “o Indefinível”. Eis o texto em que estas expressões aparecem: “Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo”…(At 2). Esta atuação, súbita, inesperada, desconcertante… foi a causa, cujas consequências e efeitos imediatos, naqueles “destinatários” e nas outras testemunhas, foram estes: “Começaram a falar outras línguas… A multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?»”… (At 2 / 1ª L.).
Voltando àquela desejável aproximação entre nós e o Espírito Santo, desejável porque nos vai nisso a Salvação e a Felicidade, teremos de encontrar – através da Palavra, «Palavra de Amor» – a ótima via de acesso, que é como dizer, a nossa melhor atitude de docilidade e permeabilidade. Sim, porque todo o resto é com Ele!…
E já agora, por falar em “Palavra de Amor”, lembramos também que o Espírito Santo é “considerado” (que não definido) pela tradição cristã, como «o Amor mútuo entre o Pai e o Filho», no seio da Trindade divina. (E falando neste Amor, vem a calhar a “intuição” que o discípulo João nos deixou na sua primeira Carta: “Deus é Amor”/ver: 1 Jo 4, 8).
Jesus já nos tinha avisado que, o Espírito Santo, ao ser “como o vento, sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai” (Jo 3, 8). Por isso, o próprio Jesus “soprou sobre os discípulos” (Jo 20 / 3ª L.), para lhes transmitir o seu Espírito. Assim, já não estranhamos que a normal atuação do Espírito seja sem espetáculo, sem dar nas vistas, “sem se fazer notar”. Há quem diga, simbolicamente, que a sua ação é como o sal nos alimentos: o sal não se nota quando está presente mas nota-se quando falta. A presença do Espírito Santo pode passar despercebida quando age nas pessoas, nas famílias, nas comunidades (ou talvez não!?)… Mas na “ausência do Espírito”… quanto egoísmo, Senhor, quanta desgraça, quanta miséria, quanta violência, quanta destruição!
Oxalá que, antes de tudo e por cima de tudo, sejamos recetivos à infusão do Espírito em nós, e andemos sempre pela Sua via, sendo transparentes, permeáveis e dóceis à sua ação multiforme! Deixemos que o Espírito Santo infunda em nós os “seus Dons”, para podermos dizer com verdade «Jesus é o Senhor»! Pois assim lemos na 2ª Leitura: “Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo… Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum… Fomos batizados num só Espírito, e todos bebemos um único Espírito” (1 Cor 12).
Envia-nos, Senhor Jesus, esse Teu Espírito,
tantas vezes prometido por Ti,
para nos ensinar todas as coisas,
e compreendermos as tuas Palavras…
Envia-nos esse Teu Espírito
que enche toda a terra
para dar vida a todas as criaturas…
Como são grandes as obras de Deus!
Envia-nos, Jesus, esse Teu Espírito
que vivifica todos os seres:
porque se lhes tiras esse alento,
morrem e voltam ao pó donde vieram.
Mas se mandas o Teu espírito, retomam a vida
e assim renovas a face da terra.
Glória a Deus para sempre,
rejubile o mesmo Espírito Santo
em todas as obras da Criação,
onde Ele infunde o Seu sopro de Vida.
Derrama em nós, Senhor, o fogo do Espírito,
que nos enche de profunda alegria!
[ do Salmo Responsorial / 103 (104) ]