43aa- «Também os cachorrinhos comem das migalhas...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 20 do T. Comum)

 

“Jesus respondeu (à mulher): «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada”. (Mt 15,26-28 / 3ª L.).

 

Será que Jesus, ao responder desta maneira a essa mulher-mãe estrangeira, estava a colocar “uma barreira” entre judeus e gentios?… Ou talvez queria instigar e provocar os estrangeiros, ao comparar o seu afastamento de Deus com a proximidade e fidelidade dos judeus?… E porque é que Jesus assemelha aqueles siro-fenícios com os “cães” enquanto que os judeus são os “filhos”?… Estas e outras questões podem ficar esclarecidas ao refletirmos na atitude inteligente de Jesus perante a atitude humilde da mulher.

 

A – Para além da bondade infinita de Jesus (herdada do Pai) aqui sobressai também a Sua inteligência infinita (a mesma do Pai). Ele pretende fazer o bem àquela mulher-mãe siro-fenícia, ao mesmo tempo que contrapõe a sua grande fé com a falta dela em muitos “filhos do dono”

B – Aliás, é curioso que, apesar da aparente “dureza”, a atitude de Jesus é suave e meiga, como se deduz da utilização do diminutivo carinhoso “cachorrinhos” (em vez de cães, que pareceria normal).

A – Por outro lado, é interessante compararmos este texto de Mateus com o texto paralelo de Marcos, este mais franco, fiel e espontâneo, como quem transcreve os relatos de uma testemunha de exceção, o Apóstolo Pedro, a quem Marcos seguia, escutando as suas pregações (Mc 7) …

B – É verdade. Observemos, por exemplo, este pormenor: Marcos escreve “migalhas dos filhos”, ou seja, os “restos” que as crianças costumam deitar aos cãezinhos por baixo da mesa, por simpatia

A – Ou, então, a alteração que aparece na resposta final de Jesus àquela mãe: “Em atenção a essa palavra que disseste” (que era precisamente a de que “os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos”). Isto mostra, da parte de Jesus, uma linguagem mais familiar e próxima…

B – Pois é. Era uma maneira mais delicada e meiga (seria talvez a original de Jesus?) de dizer, referindo-se à mesma mãe, “mulher, é grande a tua fé”, que nos transcreve aqui Mateus. (Mt 15).

A – Afinal de contas, aquela mãe aflita conseguiu, da melhor maneira, o que pretendia, isto é, “a cura da sua filha”… e, como se costuma dizer, tudo acabou em grande!…

B – E também verificamos nós que aquelas questões iniciais ficaram resolvidas ou, pelo menos, iluminadas pela bondade, inteligência e meiguice de Jesus, sempre “manso e humilde de coração”!

 

A/B: Jesus, “Filho de David, tem compaixão de mim” é o grito daquela mãe, e o meu.

Não quero ligar para os que me distraem, me ordenam calar ou querem afastar-me de Ti;

pois não é só o meu mal que me aflige, mas o daqueles “cruelmente atormentados”

Gostaria de ser, para eles, como aquela mãe que passa por todas as dificuldades

para que a Tua compaixão e bondade infinitas, Jesus, os cure de todo o mal…

Que esta minha oração de hoje vá unida à dos meus irmãos para ter mais valor;

e que nos assista a oração da outra Mãe, Maria, que sabe pedir o melhor para os filhos…  

             

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net