44a- Não o digais a ninguém!

(Ciclo A – Domingo 21 -Tempo Com.)  

«NÃO O DIGAIS A NINGUÉM!».

Quem não está preparado para uma tarefa, quem não tem o espírito predisposto para receber uma missão… e se não tiver a mente com a luz suficiente e o coração sincero e amante da verdade… não vale a pena querer receber qualquer encargo ou pretender assumir uma determinada função ou missão na sua vida… “Então, Jesus ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Messias”. (Mt 16).

Como podemos entender esta atitude de Jesus – aliás, repetida em várias ocasiões e não apenas no Evangelho de hoje – de não querer que se divulgue e espalhe a Sua verdadeira missão como «Messias, Filho de Deus»? Toda a gente pensa que o mais lógico e natural seria a difusão e propaganda, por toda a parte, da Sua função messiânica libertadora para Salvação de todos os povos. No entanto, a “boa semente” não pode cair em “qualquer classe de terra” – lembram-se? – ela deve ser semeada em terra preparada, em “sementeira propícia”. Se não for assim, não só será inútil, mas até contraproducente! Por isso, “os outros tipos de terreno” não lhe importam agora a Jesus: “«Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas»…”.

Portanto, não interessa o que pensem ou digam os outros (“a carne e o sangue”), porque isso, afinal, é a eles que afeta e atinge. Importa é o que vem do nosso interior, da nossa verdade íntima, onde “o Pai revela” e o Espírito infunde. “«Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus…” (Mt 16).

O que importa, antes que nada e por cima de tudo, é aquilo que nos sai de dentro, o que nos surge do mais íntimo, do centro mesmo do nosso ser. Aí, e só aí, decide-se a nossa palavra, o nosso compromisso, o nosso presente e futuro, o nosso Amor e Felicidade. Por isso, Jesus – olhos nos olhos – lança a pergunta direta, a única que prende e compromete: “«E vós, quem dizeis que Eu sou?»…” (Mt 16 / 3ª L.). Da resposta que cada um de nós der, desde “o centro mesmo” da nossa essência, onde nasce e se processa a nossa verdade… só de essa resposta, pessoal e intransferível, depende tudo!

Ora bem, se olharmos para a galeria dos “retratos” mais autênticos – variadíssimos – de Jesus, o Filho de Deus, poderemos inspirar-nos ou deixar-nos seduzir pelo que a cada um de nós mais nos atrai e fascina d’Ele. Porém, fique bem claro, que existem imagens (“fotos”) onde Jesus aparece desformado, deturpado, falseado… Um «pseudo-Jesus», portanto, que nada de novo e de bom pode trazer a quem “a ele se cole” ou adira.

Algumas das “boas imagens” de Jesus, “retratadas” na alma e na vida dos que se aproximam e se deixam seduzir pelo verdadeiro JESUS, aparecem hoje na Palavra.

Para Simão Pedro: “«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo»”. Ou seja, o Salvador enviado pelo Pai, como Filho muito Amado (“Senhor, Tu sabes que te amo”, dirá Pedro mais tarde). E como sabemos, pela trajetória da sua vida e pela tradição, essa imagem de Jesus foi a força que impulsionou Pedro até a morte (também “morte de cruz” como o Seu Mestre).

O apóstolo Paulo, por seu lado, apresenta-nos hoje, no texto da sua carta aos romanos, a própria “Imagem de Deus Pai”, refletida no Seu Filho Jesus (como tantas vezes manifestou nos seus escritos paulinos), e a Quem dedica um “hino de glória”: “…Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem foi o seu conselheiro? …D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Deus para sempre. Ámen”. (Rm 11 / 2ª L.).

Para o profeta Isaías, ainda em perspetiva “messiânica”, o futuro Enviado de Deus que viria salvar o seu Povo, terá, entre outros muitos, estes traços: “…Ele será um pai para os habitantes de Jerusalém… Porei aos seus ombros a chave da casa de David… Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme, e ele será um trono de glória para a casa de seu pai”. (Is 22 / 1ª L.).

“Modelos” teremos sempre, para nos inspirarmos e animarmos… mas nunca para os “copiar”, pois cada um de nós deve ser original e criativo na resposta àquela “pergunta – direta e pessoal – de Jesus”.

 

«Porque a Tua bondade, Senhor, é eterna

não abandones a obra das Tuas mãos».

Essa obra, que somos nós, criada por Ti, ó Pai;

recriada e salvada, pelo Teu Filho, Jesus…

Essa obra que sou eu, e vou proclamá-lo:

«Quero que sejas para mim, Jesus,

desde logo, “o Messias, Filho de Deus vivo”,

mas, por isso, a Verdade, a Luz, o Caminho,

o Guia de todos os meus sonhos;

a Vida de todo o meu ser em expansão…

Que sejas o melhor de todos os amigos;

o Amigo que nunca me vai falhar

ainda que todos os outros falhem…

o Amigo sempre disposto a perdoar.

Jesus, quero que sejas – em todo o homem! –

o Amor de toda a minha vida…».

Assim: Com toda a alma e coração,

nós te damos graças, ó Pai,

porque, neste Filho que Tu nos deste,

escutas sempre a nossa palavra,

e atendes com ternura a nossa súplica…

Aumenta, Senhor e Pai nosso,

a energia da nossa alma frágil,

pois Tu olhas sempre para o humilde…

                   [ do Salmo Responsorial / 137 (138) ]