– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

sementinha - 3º dom Adv - A.htm

 

 (Ciclo A – 3º Domingo do Advento)

 

«JÁ É, MAS AINDA NÃO!»

 

Acontece, afinal, que, nesse famoso Reino (Império?) de que falámos… dá-se aquela espécie de súbita reviravolta. E será que tudo vai ficar virado às avessas? Pudera! Mas nada de estranho para quem conhece o estilo e feição daquele Reino imperial… Lembram-se?… O que parece impossível, é coisa normalíssima… E hoje, é A Palavra que nos ensina: “Aquilo que for o «menor», ainda será muito «maior» do que tudo o de (cf. Mt 11 /3ª L.). É verdade. Alguém pode ter a fama e o renome exterior que a gente atribuía, por exemplo, a João o Batista, mas tudo isso não chega para ser o menor.

Ora bom, o nosso Império, veste-se agora de Júbilo e de Gáudio (neste domingo, dito de “Gaudete”) para nos declarar que, também ele, é o Reino da Alegria. Sim, porque dentro dos seus confins – que, aliás, não os tem porque não existe espaço nem tempo – só pode haver gozo, alegria, júbilo, exultação… para “o que antes era deserto e descampado… para a terra árida que floresceu”… Porque “se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos”… E porque lá, “o coxo saltará como o veado, e a língua do mudo cantará de alegria”(Is 35 / 1ª L.).

Não podemos esquecer que, atualmente, andamos “a cavalgar” por este Reino, que «já é, mas ainda não»… Assim, compreende-se que, na metade desta caminhada esforçada a que chamamos Advento, e para afastar de nós o possível desânimo ou desalento, do peso da caminhada… a “Sabedoria Litúrgica” nos traga hoje umaPalavra de Alegria e nos lance uma mensagem de conforto e otimismo, através de expressões como estas: “Alegre-se o deserto… rejubile a terra árida… exultem cobrados de alegria… voltem para Sião com gritos de júbilo… que a felicidade lhes ilumine o rosto… que reine o prazer e o contentamento…” (Is 35).

Do lado de cá deste Reino, estamos convencidos de que o nosso “ofício” é o do agricultor. Pois o reino é como uma semente que deve ser semeada, cultivada, tratada, acarinhada…   E, como o agricultor, aprendemos a “esperar pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva temporã e tardia” Porque é assim que se espera ativamente “a vinda do Senhorsempre próxima com o sofrimento e a paciência de que nos dão exemplo os profetas, que falaram em nome do Senhor”. (Tg 5 / 2ª L.)

Tu nos dizes, Senhor, que o teu Reino
está já dentro de nós e a crescer no silêncio,
como uma sementinha de mostarda
porque já é mas ainda não! – …
Olha, Senhor, e vê como, entre nós,
há tanta gente oprimida e torturada,
tantos cativos sem liberdade,
tantos famintos de pão e sedentos de água…
Vem, Senhor, e caminha connosco,
para fazer o nosso sonho assim real.
Sentimo-nos seguros, porque só contigo:
os cegos veem, os coxos andam,
os leprosos curam, os surdos ouvem…
E sobretudo, os mortos ressuscitam! (Mt 11)
Dá-nos o teu Espírito Santo, que nos ajude
nesta missão que Tu nos confias no Reino,
seguindo o caminho de João e dos profetas…
Porque só Tu, Senhor, é que salvas:
só Tu quem dá a liberdade aos cativos,
quem protege os peregrinos;
só Tu quem ilumina os olhos dos cegos…
Porque só Tu reinas eternamente!
[ do Salmo Responsorial / 145 (146) ]