58bb- «Ave, cheia de graça»

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo A – Imaculada Conceição)

 

“O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo»… «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus»… «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra»…”. (Lc 1, 28.30.35 / 3ª L.).

 

A palavra «graça» é muito rica em significados, todos eles interessantes, para o nosso objetivo. E todos contendo a raiz grega «kharis» (“agradar”, “favorecer”); ou seja, algo gratuito, imerecido, oferecido, dom. Eis então, alguns significados importantes de “Graça”: Dom de Deus que contém todos os bens. Dom universal que nos torna filhos de Deus. Dom que nos “justifica”, isto é, nos santifica (daí “graça santificante”). Dons circunstanciais, atribuídos ao Espírito Santo (“graças atuais”) para nos auxiliar; Dons carismáticos ou «carismas», concedidos pelo mesmo Espírito Santo, para serviço do “bem comum” (precisamente “carisma” deriva diretamente daquela raiz “kharis”)… Para já não falar de expressões como: “estado de graça” e “graça de estado”; ou então, “cair em graça”, “causar graça”, “achar graça”, etc.

 

A – Não é fácil imaginar tanta riqueza de conteúdo numa só palavra, com tão variadas aceções!… Quer isto dizer que bastaria considerar toda esta enchente de “dons” na Virgem Maria – Imaculada já na sua Conceição – para termos a melhor interpretação da expressão «Ó cheia de Graça»?

B – Possivelmente! Mas, entre todos eles, há um “dom”, uma “graça” que contém todos os outros e que os supera infinitamente. Porque já nem é “dom de Deus”, mas é o «mesmo Deus»!

A – Ou seja que, se contém todos os “dons”, então, essa mulher-Maria, desde a origem da sua existência: é filha de Deus; está santificada (“justificada”); tem todos os carismas e graças atuais

B – Exatamente, já que isso significa a segunda parte da “sudação do Anjo”, «o Senhor está contigo». Dito de outro modo: O mesmo Deus veio encher aquele vazio infinito (“profundo esvaziamento”) que achou n’Ela com “algo” que teria de ser infinito: Ele mesmo, o próprio DEUS!

A – Claro, só assim se podem entender expressões como: “virgem-Mãe”, “cheia de graça”, “o Senhor está contigo”, “encontraste graça diante de Deus”, “o Espírito Santo virá sobre ti”, etc.

B – Mas não é tudo. Pois só assim podemos aceitar e assumir (ainda que sem “compreender”) aqueles grandes “mistérios” referentes a Maria: «predestinação», “conceição imaculada», «maternidade divina» (o tal “theotokos”), «mãe e rainha universal», e qualquer outro…

A – Quer dizer que, por exemplo, já não se pode pensar “serem exageradas” (ainda que possam parecê-lo) certas orações – de tradição e fé cristã! – que o Povo de Deus dirige a Nossa Senhora!

 

A/B: «Avemulher-Mariacheia de graça», cheia do Deus Eterno e Omnipotente:

«o Senhor está contigo» porque sempre quiseste “ser a Sua serva e escrava”.

Assim, nunca deixarás de ser «bendita entre as mulheres» por todas as gerações.

E, para essas gerações, «será sempre bendito Jesus», o Salvador Universal,

fruto da tua maternidade virginal, pela “força fecunda do Espírito Santo”.  

«Santa Maria, Mãe de Deus» – para isto “predestinada” desde a eternidade –

«sempre hás de rogar por nós, pecadores», pois foi Ele que te fez também nossa Mãe.

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net