– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico – 

 (Ciclo A – A Sagrada Família – Domingo… )

à imagem da Trindade

 

«À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA»

 

No nosso mundo de hoje – e de sempre! – nesta sociedade, que é a nossa, muitos não sabem que nem tudse pode conseguir com dinheiro… Desde logo, deveriam saber que, determinadas coisas «nem se podem comprar nem é possível vender»…  Escutem esta: 

«Entram duas pessoas na maior loja de brinquedos da cidade. É um jovem casal. Ambos os dois ficam a comtemplar, por muito tempo, todos esses brinquedos coloridos…  Ao aproximar-se uma das empregadas, a mulher diz: – Sabe, temos uma menina pequena, mas nós passamos todo o dia fora de casa e, por vezes, até chegamos muito tarde…  E o seu homem continua: – É uma menina que sorri muito pouco. – E queríamos comprar-lhe – intervém a mulher – alguma coisa que a torne feliz, mesmo quando nós estamos ausentes… Qualquer coisa que lhe dê alegria quando ela se encontra só…  Então, a empregada sorri gentilmente e diz: – «Lamento, meus senhores, mas nós aqui não vendemos pais!». A conclusão é evidente. O que essa menina precisa é tão só uns verdadeiros pais! Mas isso, felizmente – sim, felizmente! – não se pode comprar… porque ninguém o pode vender!

Por outro lado, nesta mesma sociedade – que é a nossa – quantas vezes ouvimos lamentações deste género: Coitados os filhos daquele casal… como eles estão a sofrer as graves consequências das brigas, dos conflitos ou da “separação” entre os pais! Porque todos sabemos que, afinal, a parte mais fraca – os filhos – é que sofre as piores consequências nestas situações… E por vezes perguntamo-nos: Será que hoje é assim tão difícil viver um estilo de família e de casal de modo a sentirmo-nos Felizes?… É verdade que “os tempos mudam-se e as vontades também”… Isso é normal, e mal seria se não fosse! Mas isso significa que, se a vida humana e a sociedade circundante foi mudando, outras coisas não podem ficar paradas, estagnadas. Outras realidades são obrigadas a mudar, quanto à atitude e comportamento das pessoas, no sentido de fazer frente às dificuldades, diferentes, que agora nos envolvem. E será preciso encontrar um suplemento de luz para ver e outro de força de vontade, para sortear os perigos ou enfrentá-los com sucesso satisfatório…

Não será que não sabemos ou não queremos acudir à Palavra de Deus, onde sempre encontraremos o melhor caminho e solução? E o que é que a Palavra de hoje (na Festa da Família) tem para nos dizer neste campo?…  Logo na 1ª leitura, no livro da Sabedoria de Bem Sira (Sr 3), vemos quantas coisas diversas, importantes e interessantes se pedem aos filhos com relação aos seus pais. Mas não esqueçamos o que diz a filosofia popular: “só pode ser bom filho quem antes foi bom pai”. O que a própria Palavra diz melhor: “quem honra o pai achará alegria nos seus filhos”. Quer isto dizer, portanto, que o que nesta Palavra se pede aos filhos pede-se igualmente aos pais. Eis o que deixou escrito o Bem Sira (há já quase vinte e cinco séculos): “Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados; e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe.Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com o teu pai nunca será esquecida…”. E tudo está dentro dos planos eternos do Pai Deus, como afirma a mesma Palavra logo no início: “Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe”. O plano de Deus, expresso no relato da Criação do ser humano, sabemos qual foi: “Fazer o Homem à sua imagem e semelhança”. Isto, não apenas quanto indivíduo mas, igualmente, quanto “sociedade familiar”. Porque a Família humana – devemos sabê-lo – é reflexo da “Família Trinitária”, o Deus Uno e Trino. Nada mais e nada menos!

Claro que, se os pais e as mães de hoje – ainda mais se são cristãos! – não tentam pautar a sua vida pessoal por estes conselhos, exortações e regras, ou por outros semelhantes, não podem pretender que os seus filhos sejam melhores do que por ventura são. “Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo”, escreve Paulo na Carta aos cristãos de Colossos (Cl 3 / 2ª L). E noutra parte anterior, vai lembrando, aos fiéis integrantes das famílias daquelas comunidades: Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor”. Desde logo, quem tenta viver isto com sinceridade, é capaz de entender, no sentido correcto que o apóstolo Paulo dava a essas palavras naquele tempo, e que toda a gente compreendia… nomeadamente aquilo de “as esposas sejam submissas aos maridos” (?). (De todos modos, quem desejar uma explicação mais profunda e científica – que não cabe neste lugar – saiba que existem livros especializados no tema, para consultar.

O que, aqui e agora, importa, se quisermos encontrar sinceramente a Felicidade – no casal e na família – é aceitarmos com simplicidade, fortaleza e alegria a Palavra, que é Palavra de Deus, Palavra de Amor… sobretudo da parte dos que não são felizes na vida familiar… mas também para os que já o são, pois sempre se pode ser mais Feliz, e a Palavra faz bem a todos, desde que recebida e aceite com verdade e humildade!

Hoje, Senhor, que és “Abbá”, Pai-Mãe;
hoje, para louvor do Teu santo nome
e para exprimirmos o nosso amor por Ti,
permite-nos que louvemos com alegria
a Tua criatura predileta – o ser humano –
quando tenta ser fiel ao Teu Amor infinito:

«Feliz de ti, homem ou mulher,
mãe ou pai, esposa ou marido,
que tentas seguir o caminho do Senhor
e andar pelas Suas veredas amorosas.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem…
No íntimo do teu lar, ó homem,
a tua esposa será como videira fecunda,
os teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa…
Feliz de ti, mulher, esposa e mãe,
porque a tua fidelidade a Deus e aos homens
será abençoada como a parra fecunda…
e hás de te sentires recompensada
com o amor dos filhos dos teus filhos…
Desde Sião – cidade terrena e celeste –
te abençoe o Senhor com generosidade;
e vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida».
[ do Salmo Responsorial / 127 (128) ]