34bb- «Permanecendo neste corpo, vivemos como exilados...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 11 do T. Comum)

 

Permanecendo neste corpo, vivemos como exilados, como longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. E com esta confiança, preferimos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor. Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele” (2Cor 5,6-9 / 2ª L.).

 

O presente texto, sobre o que refletimos, forma parte de um trecho da Carta (apenas os dez primeiros versículos do c. 5) a que os teólogos biblistas denominam «escatologia individual», ou seja, o relativo ao fim da nossa vida terrena, mortal, e ao início da transcendência que se prolonga na eternidade de uma Vida sem fim. Daí que se contraponham expressões como: “a luz da fé” e “a visão clara”; “habitar no corpo” e “sair dele”; “a tenda terrena” e “a habitação Celeste”… E surpreende como Paulo joga com o termo “exílio”!…

 

A – Assim, compreendemos facilmente que comece por falar de ‘um exílio’, ao considerar a nossa “permanência neste corpo” como um “vivermos exilados”, isto é, como viver “longe do Senhor”.

B – Bem entendido que, na realidade, nunca vivemos longe do Senhor pois o mesmo Paulo afirma noutra parte: “Na verdade, é n’Ele que vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28). E o interessante, ‘curioso’, é que, esta afirmação, inspirava-se num poeta grego, como ele próprio diz.

A – Aliás, logo a seguir cita um outro poeta ao dizer: «Somos estirpe de Deus». Os investigadores biblistas pesquisaram e descobriram que, no primeiro caso, tratava-se do poeta Epiménides (séc. VI a.C.), e no segundo caso, do poeta Aratos e do estoico Cleanto (ambos do séc. III a.C.)…

B – Esta interessante realidade histórica vem enriquecer a Palavra e a nossa reflexão pois, mais uma vez, se constata que a procura humana da Divindade foi uma constante no tempo e espaço…

A – Com o cristianismo – na pessoa de Jesus – esta descoberta “chegou à sua plenitude”. E então, Paulo podia afirmar que, embora “sem termos a visão clara de Deus, a luz da fé nos ilumina”!

B – Se já na escuridão do ‘paganismo’, os nossos irmãos adivinhavam que ‘somos da raça de Deus’ e que ‘vivemos n’Ele pois n’Ele nos movemos e existimos’, quanto mais nós, cristãos!?…

A – É compreensível, portanto, que os que tenham uma fé forte prefiram exilar-se deste corpo para irem viver com o Senhor, mas ao mesmo tempo aceitam continuar o exílio ‘deste corpo’ mortal…

B – E uma vez aceite o plano e vontade de Deus para a nossa vida, deveremos “empenhar-nos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele” pela morte…

 

A/B: Então, Senhor, nesta perspetiva – «sempre antiga e sempre nova»!

porque é que vamos temer a morte como algo inevitável, negativo ou obscuro,

quando, na realidade, é uma libertação deste exílio do corpo mortal

e uma saída da estrutura espácio-temporal onde nos movemos e existimos?

Se, afinal, isto não é outra coisa do que um tempo e espaço de prova!…

Ajuda-nos a compreender, Deus e Pai nosso, que nunca podes estar longe de nós,

antes nos envolves sempre, nos penetras e vivificas até ao centro do nosso ser!

Sejamos nós capazes de mostrar, no dia a dia, que “somos da Tua raça, Senhor”!

   

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net