– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico – 

 (Ciclo A – Domingo 2 do T. Comum… ) 

o cordeiro imolado - 

AFINAL ERA “O CORDEIRO IMOLADO”.

É bem conhecida de todos, já desde muito antigo – de antes da Antiga Aliança – a figura do “cordeiro”, oferecido em sacrifício aos diversos “deuses”, tanto para acalmar as “iras divinas” e alcançar o perdão dos pecados, quanto para obter toda a classe de favores e benefícios… Este cordeiro passou a ser, entre todos os animais sacrificiais, aquele que melhor representa a “inocência e candura” face à barbárie ou malícia, quer dos outros animais quer dos próprios seres humanos…

Não admira, por isso, que no limiar da Nova Aliança, quando aparece aquele estranho profeta – lembram-se? – que fecha o Antigo Testamento e abre o Novo, clame e proclame, para todos ouvirem, referindo-se a Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”… (Jo 1 / 3ª L.). Então, aquele cordeiro antigo, que já prefigurava o “novo sacrifício” da “nova aliança”, a partir de agora vai ser a figura do “Filho de Deus”, Aquele que, com o seu Sacrifício total, “resgatou todo o ser humano do pecado e da morte”. Exatamente «o Cordeiro de Deus»!

Bem entendido que este “Cordeiro de Deus” não fica satisfeito com – embora seja o primeiro e mais radical! –  “tirar o pecado do mundo”, essa tal transgressão consciente e voluntária, único mal capaz de nos destruir, no presente e para o futuro da nossa Vida –. Mas o Filho de Deus “veio” igualmente para continuar e levar até ao fim, através do Espírito – “porque é no Espírito Santo que Ele batiza” (Jo 1) – a obra da perfeição e santificação de todo o ser humano… “Aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade”… (1 Cor 1 / 2ª L.). É que Deus, por Jesus Cristo, nunca pode deixar um Projeto inacabado, uma vez que Ele próprio é Perfeito e Santo. “Sede perfeitos – diz-nos a todos o próprio Jesus – como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5). Conselho, ou mandato (?), que vem a confirmar aquele outro tão antigo, onde era Javé Deus a falar: “Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19).

E desde esse mesmo Antigo Testamento, a Palavra de hoje, como Farol luminoso – sempre antigo e sempre novo – que se reflete aos quatro ventos, continua a traçar e iluminar o nosso caminho de peregrinação por esta terra. “…E agora, o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo… «Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra»” (Is 49 / 1ª L.).

Mas afinal, quem é esse tal “servo” do Senhor, escolhido e “formado desde o seio materno”?  Sabemos sim, que é, em primeira instância, o mesmo Filho de Deus, o Messias, Jesus de Nazaré… Porém, somo-lo, ou devemos sê-lo, com Ele e por Ele, todos nós, porque “chamados à santidade” (2ª L.) desde a nossa geração, desde o sagrado “seio materno”. E ao mesmo tempo que somos “servos e filhos” como Jesus, aprendamos a refletir a Sua Luz sobre todas as nações, para que assim a Sua Salvação chegue até aos confins da terra…

Temos então, este argumento – silogismo? – conclusivo e contundente:  – Se nenhum ser humano pode afirmar com verdade que “foi formado no seio materno” por outro que não seja o mesmo DEUS. – Se é igualmente verdade que DEUS tem um plano (um “sonho”), desde a conceição, para cada indivíduo, nesse Projeto e Missão de levar a Salvação até aos confins da terra. – E se nós julgamo-nos seres humanos… O que é que estamos à espera para pôr a render os nossos dons e talentos?!…

 

Hoje, Senhor, quero “fazer meu” este Salmo,

sentindo-me Teu servo e Teu filho

tal como Jesus, Teu Filho, o Cordeiro Imolado,

Luz para a Salvação de todas as nações…

E, já posto no lugar do Filho, com Ele e n’Ele,

atrevo-me a dizer comprometido:

«Eu venho, Senhor, para fazer a Tua vontade»

Sei muito bem que aqueles sacrifícios antigos,

de holocaustos, oblações ou expiações

– nem que fossem de “ternos cordeiros” –,

nunca foram do Teu agrado e complacência;

então eu quero proclamar: «Aqui estou!».

Eu sei, Senhor, que desde aquele instante

em que me formaste amorosamente

no sagrado seio materno,

“o teu sonho” sobre mim ficou escrito:

«Que eu faça sempre a Tua vontade.

Assim o quero, ó meu Deus;

a Tua Lei de Amor está no meu coração;

e só assim sinto a genuína Felicidade».

Não terei vergonha, Senhor, em declarar

– até nos foros ou nas redes sociais

que a Tua Fidelidade é mais forte do que a morte,

e que o Teu Amor abrange a Eternidade!

[ do Salmo Responsorial / 39 (40) ]