“O leproso… usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho… e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro”. [Lv 13,45-46 (1ªL)]

“Veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo”. [Mc 1,40-42 (3ªL)].

————

Quem habitualmente vive, e se relaciona, em ambientes puros e limpos é normal que sinta relutância e repugnância com a sujidade e a imundície de outros ambientes… O incoerente seria viver alguém na ‘sujidade’ e assinalar ou discriminar quem parece ‘sujo’… Isto, claro, a nível material e dos corpos, mas seria ainda mais revoltante se transferido para o outro ambiente, ao nível do espírito. É normal e compreensível que aqueles nossos antepassados do tempo dos Patriarcas e de Moisés (aquando das leis Levíticas Lv 13) que ainda não conheciam o que era realmente a lepra, inventassem normas para isolar os desgraçados leprosos, defendendo o resto da sociedade… Já não resulta tão justificável nem tão desculpável que, vários séculos depois, no tempo de Jesus, ainda se discriminasse daquele modo as vítimas dessa doença, embora ainda devamos compreender aquelas atitudes da gente perante uma doença tão grave e assustadora… Era preciso ter a coragem e o amor de Jesus para “passar por cima daquelas leis” – já ultrapassadas! – e salvar, acima de tudo, as pessoas. Jesus conhecia bem o fundo do problema, que não estava precisamente na impureza corporal nem na ‘impureza legal’, mas naqueloutra impureza interior, aquela que “sai do coração quando este não é bom” (cf. Mc 7,20-22)… E o que é que acontece agora connosco, quando já passaram mais vinte séculos?… Se nós caíssemos nessa grave “impureza interior”, deveríamos ir gritando “Impuro! Impuro!” para que ninguém se aproximasse de nós! Que vos parece?… O caso é que Jesus, na altura em que recebeu aquele leproso, aproximou-se dele, tocou-o, deixou-se tocar por ele… e curou-o, ensinando-nos assim – com obras mais do que com palavras, ao seu estilo! – a maneira como nós devemos fazer em casos semelhantes… E poderíamos imaginar – porque não!? – que Jesus, ao tratar com essa simpatia aquele homem, talvez estivesse a pensar na sua mesma pessoa de Messias Salvador, que nas profecias do «Servo Sofredor» (cf. Is 53,4-5) era já “comparado com um leproso”, e seria tratado muito pior, algo que ia acontecer já muito em breve, na sua própria Paixão e Cruz

«  Acontece que Tu, Mãe, deixaste-Te contagiar por este Amor a-Paixonado do teu Filho Jesus pelos mais necessitados dos humanos (pobres, doentes, desgraçados). Tu também sofreste a tua Paixão e Cruz à imitação d’Ele e agora Te revelas, nesta ‘aparição’ de Nossa Senhora de Knock, para – em silêncio! – acudir, consolar, animar e curar todo o tipo de males, como também Jesus fazia por aquelas terras da Palestina… E nós sabemos, Mãe, que, embora por vezes ‘Te demores’ e pareça que ignoras as nossas desgraças e aflições, Tu sempre “estás” no momento certo para nos animar, acalentar e curar (como fizeste com aqueles teus filhos irlandeses), transformando  assim as nossas desgraças em conforto e alegria… Não é isto outra admirável metamorfose!?…

 

NOTAS COMPLEMENTARES:

1-]  Nossa Senhora de Knock (Irlanda). Caso curioso (único?), por dois motivos: 1) Não houve propriamente “aparições” mas apenas “manifestações”.  2) Também não houve comunicações (‘verbais’) com os videntes (várias dezenas, em quatro ocasiões) nem foram transmitidas, portanto, quaisquer mensagens… Qual seria então o objetivo? Pode ser interpretada esta ‘Visão’ (da Virgem Maria, acompanhada de S. José e de outra personagem que poderia ser S. João Evangelista?) como «uma presença da Mãe». Presença para acompanhar e animar aqueles filhos irlandeses que, nos 40 anos anteriores, sofreram a pior das “crises socioeconómicas” (sabemo-lo pela história, tendo morrido, por causa da fome, mais de um milhão de pessoas!). Estas 4 aparições-manifestações tiveram lugar: a primeira em 1879 (21-agosto, à tarde-noite / “presença” que durou várias horas) e as outras três em 1880 (nos dias 02, 05 e 06-janeiro); todas elas “à vista” de várias dezenas de testemunhas de todas as idades… E mais duas informações importantes: + Ocorreram centenas de curas, do corpo e do espírito, em peregrinos que visitaram este e outros, dos muitos Santuários de Nossa Senhora de Knock que surgiram em várias partes do mundo. + O Papa São João Paulo II foi rezar no Santuário, de Knock, aquando da sua visita a Irlanda, 1979 (‘no Centenário’).

2-]  Medronheiro (Arbutus unedo). Árvore-arbustiva (arbusto e/ou árvore; considerada árvore “frutífera” e sendo também “ornamental”). Planta nativa da região mediterrânica e Europa Ocidental, podendo ser encontrada tão a norte como no oeste da França. E até na Irlanda, sobretudo no sudoeste (onde já existia desde há 3000 anos)… O seu fruto é o medronho, carnudo, colorido e de forma esférica, revestido de numerosas saliências piramidais. Sendo fruto comestível, é utilizado também na elaboração de geleias, licores e aguardentes

3-]  Sequência dos principais ‘Lugares’ (Santuários-Aparições-Títulos-Invocações…) de ‘NOSSA SENHORA’ e MÃE, Maria, ‘visitados’ nas nossas Reflexões, até ao presente:

  1. FÁTIMA (Portugal). // 2. GUADALUPE (México). // 3. LURDES (França). // 4. APARECIDA (Brasil). // 5. DE KIBEHO (Ruanda/África). // 6. DE AKITA e NAJU (Ásia). // 7. AUXILIADORA (Papuásia/Oceânia). // 8. DO CARMO (Israel e Inglaterra). // 9. DAS NEVES (Itália). // 10. DOS POVOS (Holanda). // 11. DAS GRAÇAS (França). // 12. DE CZESTOCHOWA (Polónia). // 13. DE COROMOTO (Venezuela). // 14. DE LIPA (Filipinas). // 15. DE KNOCK (Irlanda).

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net