– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

( Ciclo B – Domingo 5 – Quaresma ) 

 

“«Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto … Agora a minha alma está perturbada. E que hei de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome»…”(Jo 12,24.27/ 3ª L.). 

 

Estamos nos prolegómenos do episódio fundamental da vida terrena de Jesus: a Sua Paixão e Morte na Cruz. Ele está a tentar explicar o que sente nesses momentos… bem como o significado do ‘evento’ que, em breve, vai protagonizar. É conveniente observarmos que todo este “discurso” de Jesus é como que a resposta que Ele pretende dar àqueles “gregos que pedem a Filipe” para os “introduzir” na presença de Jesus. Sem outra introdução, Jesus afirma – “em verdade” – aquilo de “se o grão de trigo que é lançado à terra”

 

A – Podemos imaginar o que pensariam aqueles “gregos” que apenas “queriam ver Jesus”!… Sem mais demoras, começam a escutar, da boca de Jesus, expressões como: “morte”“perder a vida”“alma perturbada”“a hora do poder das trevas”, “elevado da terra” na cruz… Que desencanto e deceção!

B – Certamente, não seria essa a “imagem de Jesus” que esperavam conhecer aqueles “gregos”, como, também não, todos os que rodeavam Jesus, a começar pelos seus apóstolos e discípulos!

A – Talvez todos soubessem, como nós, o que acontece com o grão de trigo semeado, para dele surgir uma nova planta… embora não tivéssemos “reparado” no facto de ‘apodrecer’ e ‘desaparecer’!

B – E, principalmente, não teríamos caído na conta nem refletido em que, na nova planta e espiga, está a vida que o grão “perdeu”; isto é, a que ele – o grão – “entregou” para “se multiplicar” noutras vidas

A – Pois é evidente que, para isso acontecer, aquela “primeira vida” – a do grão – não se pode conservar, já que, se isso acontecer, ou seja, “se não morrer, ficará só”, na expressão de Jesus. E então, acabará por secardesaparecer… e, claro, morrer; só que, deste feito, morre sem transmitir vida. Estéril! …

B – Na nossa vida real, teremos de aceitar e experimentar essa morte que supõe perder a vida – aos poucos ou de uma vez (!) –Há que sentir esse “esfolar da vida”, que se vai arrancando aos pedaços… Pois, mesmo até aí, chegou Jesus: “«Pai, salva-me desta hora!… Mas para isto é que vim!»”.

A – E o que Jesus nos diz, a cada um – com a sua vida e com a palavra sua – seria isto: “«Queres guardar a tua vida para ti? Muito bem, és livre! Mas, ela será estéril, acabará em nada!… A “vida”, para salvá-la, há que perdê-ladá-laentregá-la! Só assim, se prolongará infinitamente!»”.

B – Conclusão. É para perguntarmos se será este o tal Jesus que “os gregos queriam ver”? Oxalá! Mas a realidade choca, geralmente, com a ideia e expectativa que nós temos ou desejaríamos ter!

 

A-BNão é fácil compreender, Senhor!… Não acabamos de entender

que é impossível alcançar o bem, o amor, a felicidade… pelo caminho do prazer.

Queremos sempre, na vida, fugir do que dói, incomoda, contraria, ou exige luta.

Estamos a viver, assim, enganados, como que narcotizados e adormecidos,

embora recoletando – como prémio! – contínuos dissabores, angústias, desesperos

Jesus, nós queremos ser daqueles que seguem, convictos, o caminho da Tua Cruz!

E – ao rezarmos – seremos indulgentes com quem não aceitar este mistério de Salvação.

 

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