————  [ 3-C – Domingo 3 de Advento ]

Æ  “«Clama jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, filha de Jerusalém… O Senhor revogou a sentença que te condenava… O Senhor teu Deus renova-te com o seu amor, e exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa»” [(Sf 3,14-18)-1ªL-].

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Alegria. Porquê e quando é que nos invade este sentimento?…

Agora estamos tristes, logo sentimo-nos alegres…

Alegria e tristeza, tristeza e alegria, alternam-se na nossa vida…

Por consequência, ambos sentimentos são – cá em baixo –

passageiros, temporários, efémeros…

Importa é conseguir que os ‘tempos alegres’

sejam cada vez maiores e mais repetidos… É possível?

Porém – pensarão alguns –: Neste atual ‘vale de lágrimas’,

isso é mesmo uma tarefa assaz difícil, no mundo atual!…

Certo que o ‘presente’ e o ‘próximo futuro’ podem ser complicados, sombrios…

aliás, mais propícios à tristeza, e talvez à desesperança.

Mas é neste ponto que aparece a Palavra de hoje,

insistindo, uma e outra vez, na alegria.

E fá-lo, precisamente, desde situações da maior tristeza.

Basta ver a «Profecia» de Sofonias (Sf 3). Certamente.

É como se o Senhor Deus – através desse texto – nos dissesse, a cada um:

«Não importa que te sintas envolvido por penas e tristezas

(produzidas por males alheios ou pelo teu mal);

deves saber que “as sentenças estão revogadas”,

e Eu estou contigo para “te renovar com o Meu amor,

e exultar de alegria por tua causa”»…

E Paulo, por sua vez (em Fl 4 / 2ª L), insiste:

“Alegrai-vos sempre no Senhor… Não vos inquieteis com coisa alguma…”.

Na verdade, é como se o Senhor Deus, nosso Pai,

preferisse vir, até nós, carregado de ‘alegrias infinitas’:

exatamente quando os motivos de tristeza parecem predominantes!…

 

« Fonte da nossa alegria, Roga – a Deus – por nós!              [ De: «A LADAINHA» de N. Senhora ].

Ou então, Mãe, ‘Causa da nossa alegria’, tanto faz… Mas nós olhamos para Ti porque vemos, nos teus olhos e no teu Coração, o reflexo da Alegria Infinita de Deus… Basta que Tu fites em nós “esses teus olhos…” com esse teu sorriso sobrenatural, para se desfazerem as nossas tristezas e mágoas!

 

— Ou, Da «Outra Poesia» —

A fermosura desta fresca serra,

e a sombra dos verdes castanheiros,

o manso caminhar destes ribeiros,

donde toda a tristeza se desterra;

 

o rouco som do mar, a estranha terra,

o esconder do sol pelos outeiros,

o recolher dos gados derradeiros,

das nuvens pelo ar a branda guerra;

 

enfim, tudo o que a rara natureza

com tanta variedade nos oferece,

me está (se não te vejo) magoando.

 

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;

sem ti, perpetuamente estou passando

nas mores alegrias, mor tristeza.

(Luiz Vaz de Camões / Soneto-136)

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