————  [ 25-C – Domingo 2 do T. Comum ]

===  “Receberás um nome novo… Não «Abandonada», nem terra «Deserta», mas hão de chamar-te «Predileta» e à tua terra «Desposada», porque serás a predileta do Senhor e a tua terra terá um esposo. Tal como o jovem desposa uma virgem, o teu Criador te desposará…”(Is 62,2.4-5-1ªL-).

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Eis uma ‘mudança’ de PERSPECTIVA fundamental!

Através de dois exemplos, dos muitos que temos, nas Escrituras Sagadas.

Observemos, primeiro, a última frase do nosso “texto”.

“Tal como o jovem desposa uma virgem, o teu Criador te desposará”.

E pensamos: Bem, o ‘original’ (o modelo) é “o jovem que desposa uma virgem”,

e a ‘cópia’ (a imitação) é “Deus que desposa a Humanidade”.

Acontece, porém, que a realidade processa-se exatamente ao invés:

O ‘original’, o modelo – desde a “origem”(!?) –

é Deus que desposa a Humanidade

imaginada e criada por Ele desde a eternidade (!?) – .

E então, como um exemplo dessa união divino-humana,

Deus criou o casal humano para que, ‘os humanos’,

tivéssemos uma ‘cópia’ – reprodução – do que é «o Original»… Lógico!

Um segundo exemplo, também na Bíblia, ao falar na relação mãe-filho:

“Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé,

não ter carinho pelo fruto das suas entranhas?

Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esquecerei”(Is 49,15).

Pois aqui também, o ‘original’ é Deus Pai-Mãe (ainda que o não pareça)

e a ‘cópia’ seria a mulher-mãe. E não ao contrário!

E concluímos: logo se Deus imaginou, inventou, criou

a ‘união homem-mulher’ (matrimónios e famílias humanas),

e também – no outro exemplo – a “figura mãe-filho”,

foi para que os seres humanos em conjunto e cada um pessoalmente,

pudéssemos algum dia chegar a entender melhor, ou ao menos imaginar,

o que é – e será sempre! – esta União Divina Universal,

espécie de fusão do divino com o humano!!!…

E esta nova PERSPETIVA muda tudo, acerca de Deus e de nós! Não é?

Isso quer dizer que, cada um de nós, tem toda a vida (esta e a Outra)

para refletir, assumir e vivenciar esta realidade ‘espantosa’, ‘alucinante’

embora sempre misteriosa e incompreensível(?) para a mente humana!

 

                    « Virgem clemente, Consoladora dos aflitos,…                       [ Da: «LADAINHA» de N. Senhora ]

Ó Mãe, “Virgem clemente” e piedosa com os noivos aflitos (de Caná, na sua festa ‘em risco’); atenta sempre às “aflições” dos teus filhos… Não podias permitir que aquele pacto nupcial entre os jovens esposos (‘reflexo’ da União Esponsal de “Jesus, o Filho, com a Humanidade”!) tivesse um triste final!… Pois agora, Mãe, – a pensar no modelo de casal e família que formaste com o teu fidelíssimo esposo S. José – ousamos pedir-vos que preserveis sempre o amor e a fidelidade de todos os casais, como Deus os “imaginou” e os quer!

 

— Da «Outra Poesia» —

– “Meu Amado é meu e eu sou d’Ele” –

Entreguei-me toda, e assim

os corações se hão trocado:

Meu Amado é para mim,

e eu sou para o meu Amado.

Quando o doce Caçador

me atingiu com sua seta,

nos meigos braços do Amor,

minh’alma aninhou-se, quieta.

E a vida em outra, seleta,

totalmente se há trocado:

Meu Amado é para mim,

e eu sou para o meu Amado.

Era aquela seta eleita

ervada em sucos de amor,

e minha alma ficou feita

uma com seu Criador.

Já não quero eu outro amor,

que a Deus me tenho entregado:

Meu Amado é para mim,

e eu sou para o meu Amado”.

[in: “Obras… de Teresa de Jesus” – Tomás A. / Ed. portuguesa]

// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net