– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 7 do T. Comum)

 

Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam … Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo … Vós, porém, sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”. (Lc 6,27-28.32-33.36 / 3ª L).

 

Desta vez, a breve introdução de costume, vai ter, como ponto de partida, a imagem, ao lado, “dos nossos amigos”… Nestes últimos tempos – e devido principalmente às ‘redes sociais’ – estamos habituados a contemplar ‘cenas’ de animais (sobretudo ‘aos pares’ entre espécies naturalmente ‘inimigas’) em atitudes de boa convivência, de harmonia, de brincadeira, de… ‘amizade’ (porque não?). [E vem-nos à memória Is 11 (!)]. E, logo à partida, surgem-nos algumas ‘questões’: Que coisa originou este ‘milagre’? Será apenas o ‘fruto’ de um ‘tempo de aproximação’, de um processo de ‘domesticação’ (treino?) geralmente mais breve do que seria expectável?… E, dentro da mesma espécie, porque é que não encontramos ‘inimizades permanentes’? (Note-se que as ‘lutas’ ocasionais duram o que “a defesa do território, ou do ‘parceiro’ para a reprodução”)… E, agora, porque é que, dentro da mesma espécie ‘humana’, aparecem verdadeiros inimigos ‘duráveis’?…

A – Bom, como já estamos a imaginar, existe uma primeira resposta para esta última questão. A origem de todos os ‘males’, neste mundo dos humanos, está no atributo – irrenunciável – da liberdade humana.

B – Isto, junto com essa tendência natural para o mal, fruto do tal “pecado original”, poderia ser uma resposta satisfatória, desde que entendido e assumido o sentido desse «pecado original»

A – Claro que, nesta reflexão, não cabe essa explicação e sentido. Para isso estão os Tratados de Teologia e afins… Neste espaço, cabe-nos apenas descobrir – na Palavra – a real “solução cristã”.

B – Então, na verdade, quem são “os nossos inimigos” de que Jesus fala? Estarão “eles”, só entre a gente que ‘nos conhece’ – pessoalmente ou ‘como grupo’ – ou que ‘tem alguma relação direta connosco’? Ou poderá haver também inimizade (e amizade) entre pessoas anónimas e à distância?

A – A verdade é que Jesus (tal como ‘a Lei’) fala sempre de amor “ao próximo”. Portanto, é por aí que devemos começar. Todo o resto, fica para os ‘teóricos’… Ou seja, quando Jesus diz “amai os vossos inimigos”, devemos pensar que está a falar, em primeiro lugar, dos inimigos mais próximos!

B – E para não haver dúvidas acerca de quem serão os nossos inimigos, Jesus vai especificando: “os que vos odeiam… os que vos amaldiçoam… os que vos injuriam…”. Então, a esses: “amai-os… abençoai-os… orai por eles…”. E, como se vê, a fasquia que Jesus colocou, está no nível máximo!…

A – Conclusão: Aos que não são propriamente “inimigos”, ainda mais devemos amá-los, mas com uma exigência maior, sem distinções, sem fazer “aceção de pessoas”!… O que dizer, então, ‘desses’ que, dentro de um mesmo grupo, família, comunidade, amam só a uns e deixam de amar a outros?

B – Então, acerca destes, Jesus vai dizendo que são como “os pagãos”“os pecadores”“os maus”(e Mt 5). Nós, os Seus discípulos, deveremos amar “todos” (uns outros). Se assim não for, vamos mal, irmãos!

 

A-BAté os Teus inimigos, Jesus, reconheciam que “não fazias aceção de pessoas”(*).

E nós? Não é que ‘fazemos aceção’ entre irmão e irmão, entre próximo e próximo?…

Ilumina-nos e ajuda-nos, Jesus, para, de vez, “fazermos como o nosso Pai,

que é misericordioso e bom, até para os ingratos e os maus”.    [(*)-Lc 20,21].

      

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