– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo C – Domingo 8 do T. Comum)
AS «APARÊNCIAS» ILUDEM (!?)
Quantas vezes repetimos essa expressão!… Mas continuamos a cair sempre na mesma (poça): Sim, costumamos reparar, antes de mais, no exterior, no que ‘parece’… E só depois, quando já ficamos ‘desiludidos’, quer dizer, quando descobrimos que a verdade é outra, então ‘lamentamos’ a falha, ou nos arrependemos de ter julgado alguém erradamente. Como diz a Palavra de hoje, seria como pretender elogiar alguém, ou ‘condená-lo’, antes de o ter escutado… Diz assim o livro de Ben Sirá: “Os defeitos do homem – tal como as virtudes! – aparecem nas suas palavras… pois é nas palavras do homem que se revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se testam os homens”… E quem diz “não elogies” diz também “não menosprezes”, pela mesma rezão. Na verdade, são palavras sábias, fruto da chamada “filosofia popular”. E é esta mesma sabedoria do povo, manifestada de muitas outras formas, que recolhe o autor, no mesmo livro, ao acrescentar: “O forno prova os vasos do oleiro… e o fruto da árvore manifesta a qualidade do campo…” (Sr 27 / 1ª L.). Então, perguntamos, porque é que nos empenhamos em julgar as pessoas – e não só – por aquilo que aparece à primeira vista, apesar de estarmos convencidos, tantas vezes, da verdade dessa sabedoria popular?…
Sendo assim, e tendo em atenção o último texto (‘a qualidade do campo só se manifesta no fruto da árvore’), deduzimos que seria justo e necessário observarmos – em toda a gente, a começar pelos mais próximos – “os seus frutos”… para não ficarmos, uma e outra vez, desiludidos. E os primeiros “frutos”, como acabamos de ver no Bem Sira, poderão ser as palavras que ele diz (ou, porventura, as coisas que escreve)… mas, principalmente, serão os seus atos, quer dizer, a sua atitude e maneira de viver!
Neste sentido, Jesus é bem claro e radical no seu Evangelho (3ª L.).
Com pequenas “parábolas”, e simples “comparações”, o Mestre Jesus vai mostrando aos discípulos – e/ou fariseus – o essencial da doutrina que quer transmitir.
Começa por chamar a atenção deles, dizendo algo tão simples e real como que “se um cego guiar outro cego, ambos cairão nalguma cova”. Será que estes dois cegos – perguntamos nós – terão a ver com esses outros ‘dois’ cegos de que fala a seguir, ainda que pareça num outro contexto, e cujos ‘olhos’ apresentam-se diminuídos ou impedidos?…
Pois Jesus adverte com dureza acerca desta questão: “Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão”. Cada qual terá que ver se o impedimento que tem na vista é apenas ‘um argueiro’ ou se chega a ser ‘uma trave’!
Porque, na verdade, se alguém não conseguir ver claramente, devido a qualquer tipo de “cegueira”, dificilmente poderá entender a questão central do tema que Jesus expõe, que é também o nosso objetivo. Em tal caso, ao observar a realidade à nossa volta, iríamos ficando pelas aparências. Não chegaríamos ao «núcleo» da questão, isto é, ao «fruto». Pois “os frutos” não enganam, mas refletem sempre a verdade que poderá estar escondida sob as aparências! Todo o disfarce cai perante esta afirmação de Jesus: “É pelo fruto que se conhece a árvore”! Que é como dizer-nos: ‘É pelos frutos que sereis conhecidos’.
E continua a Sua explicação elucidativa, na sequência da mesma parábola, para que todos compreendam: “Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal”… Mas, a pesar já de ter ficado bem claro, o próprio Jesus conclui, dando-nos a chave definitiva e profunda de tudo: “«Pois é da abundância do coração que a boca fala»” [Ou, se preferimos, naquele latim original, tão repetido, «Ex abundantia cordis os loquitur»]. (Lc 6 / 3ª L.).
Infelizmente (e é isso que parece predominar no ambiente da nossa sociedade) o que nos aparece à primeira vista, nas pessoas e nos acontecimentos, é a face ‘negativa’ ou ‘obscura’ das coisas… (Basta ver as ‘Capas’ dos jornais, telejornais… e redes sociais em geral!). Será isso, o produto e a consequência da nossa natureza decaída e mortal? Se não, qual seria então a explicação?…
Seja como for, a Carta de Paulo aos cristãos de Corinto, é também decisiva e clarividente neste sentido: “Quando este nosso corpo corruptível, irmãos, se tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória?»… Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo”. (1 Cor 15 / 2ª L.).
Agora, Senhor, vamos olhar para nós
– ‘e não tanto para os outros’ –
porque hoje temos aprendido que
“só seremos conhecidos por aqueles frutos”
que sejamos capazes de produzir…
Esta realidade exige de nós,
que, primeiro, cresçamos como o cedro
plantado por Ti, Senhor, na Tua casa;
e que, a seguir, floresçamos como a palmeira,
semeada, crescida e frutificada nos Teus átrios…
Porque só assim não viveremos de aparências
nem precisaremos de máscaras ou disfarces
para ocultar as nossas vergonhas e futilidades…
Porque só deste modo poderemos ser exemplo
para quem nos veja e observe com interesse
à procura de verdade e de autenticidade…
Mas tudo isto, Senhor e Pai nosso,
só será possível se nos sentirmos envolvidos,
em todo o momento, pela Tua força e vigor,
e pelo Teu grande Amor e excelsa Santidade…
Porque “o justo” – nascido da “Tua justiça” –
mesmo na velhice, dará “o seu fruto”,
cheio da seiva e do vigor… para proclamar
que Tu, Senhor, és justo e santo
desde sempre e para sempre!
[ do Salmo Responsorial / 91 (92) ]
// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net
25 Fevereiro, 2022
«AS ‘APARÊNCIAS’ ILUDEM (!?)»
Luis López A Palavra REFLETIDA
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo C – Domingo 8 do T. Comum)
AS «APARÊNCIAS» ILUDEM (!?)
Quantas vezes repetimos essa expressão!… Mas continuamos a cair sempre na mesma (poça): Sim, costumamos reparar, antes de mais, no exterior, no que ‘parece’… E só depois, quando já ficamos ‘desiludidos’, quer dizer, quando descobrimos que a verdade é outra, então ‘lamentamos’ a falha, ou nos arrependemos de ter julgado alguém erradamente. Como diz a Palavra de hoje, seria como pretender elogiar alguém, ou ‘condená-lo’, antes de o ter escutado… Diz assim o livro de Ben Sirá: “Os defeitos do homem – tal como as virtudes! – aparecem nas suas palavras… pois é nas palavras do homem que se revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se testam os homens”… E quem diz “não elogies” diz também “não menosprezes”, pela mesma rezão. Na verdade, são palavras sábias, fruto da chamada “filosofia popular”. E é esta mesma sabedoria do povo, manifestada de muitas outras formas, que recolhe o autor, no mesmo livro, ao acrescentar: “O forno prova os vasos do oleiro… e o fruto da árvore manifesta a qualidade do campo…” (Sr 27 / 1ª L.). Então, perguntamos, porque é que nos empenhamos em julgar as pessoas – e não só – por aquilo que aparece à primeira vista, apesar de estarmos convencidos, tantas vezes, da verdade dessa sabedoria popular?…
Sendo assim, e tendo em atenção o último texto (‘a qualidade do campo só se manifesta no fruto da árvore’), deduzimos que seria justo e necessário observarmos – em toda a gente, a começar pelos mais próximos – “os seus frutos”… para não ficarmos, uma e outra vez, desiludidos. E os primeiros “frutos”, como acabamos de ver no Bem Sira, poderão ser as palavras que ele diz (ou, porventura, as coisas que escreve)… mas, principalmente, serão os seus atos, quer dizer, a sua atitude e maneira de viver!
Neste sentido, Jesus é bem claro e radical no seu Evangelho (3ª L.).
Com pequenas “parábolas”, e simples “comparações”, o Mestre Jesus vai mostrando aos discípulos – e/ou fariseus – o essencial da doutrina que quer transmitir.
Começa por chamar a atenção deles, dizendo algo tão simples e real como que “se um cego guiar outro cego, ambos cairão nalguma cova”. Será que estes dois cegos – perguntamos nós – terão a ver com esses outros ‘dois’ cegos de que fala a seguir, ainda que pareça num outro contexto, e cujos ‘olhos’ apresentam-se diminuídos ou impedidos?…
Pois Jesus adverte com dureza acerca desta questão: “Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão”. Cada qual terá que ver se o impedimento que tem na vista é apenas ‘um argueiro’ ou se chega a ser ‘uma trave’!
Porque, na verdade, se alguém não conseguir ver claramente, devido a qualquer tipo de “cegueira”, dificilmente poderá entender a questão central do tema que Jesus expõe, que é também o nosso objetivo. Em tal caso, ao observar a realidade à nossa volta, iríamos ficando pelas aparências. Não chegaríamos ao «núcleo» da questão, isto é, ao «fruto». Pois “os frutos” não enganam, mas refletem sempre a verdade que poderá estar escondida sob as aparências! Todo o disfarce cai perante esta afirmação de Jesus: “É pelo fruto que se conhece a árvore”! Que é como dizer-nos: ‘É pelos frutos que sereis conhecidos’.
E continua a Sua explicação elucidativa, na sequência da mesma parábola, para que todos compreendam: “Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal”… Mas, a pesar já de ter ficado bem claro, o próprio Jesus conclui, dando-nos a chave definitiva e profunda de tudo: “«Pois é da abundância do coração que a boca fala»” [Ou, se preferimos, naquele latim original, tão repetido, «Ex abundantia cordis os loquitur»]. (Lc 6 / 3ª L.).
Infelizmente (e é isso que parece predominar no ambiente da nossa sociedade) o que nos aparece à primeira vista, nas pessoas e nos acontecimentos, é a face ‘negativa’ ou ‘obscura’ das coisas… (Basta ver as ‘Capas’ dos jornais, telejornais… e redes sociais em geral!). Será isso, o produto e a consequência da nossa natureza decaída e mortal? Se não, qual seria então a explicação?…
Seja como for, a Carta de Paulo aos cristãos de Corinto, é também decisiva e clarividente neste sentido: “Quando este nosso corpo corruptível, irmãos, se tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória?»… Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo”. (1 Cor 15 / 2ª L.).
Agora, Senhor, vamos olhar para nós
– ‘e não tanto para os outros’ –
porque hoje temos aprendido que
“só seremos conhecidos por aqueles frutos”
que sejamos capazes de produzir…
Esta realidade exige de nós,
que, primeiro, cresçamos como o cedro
plantado por Ti, Senhor, na Tua casa;
e que, a seguir, floresçamos como a palmeira,
semeada, crescida e frutificada nos Teus átrios…
Porque só assim não viveremos de aparências
nem precisaremos de máscaras ou disfarces
para ocultar as nossas vergonhas e futilidades…
Porque só deste modo poderemos ser exemplo
para quem nos veja e observe com interesse
à procura de verdade e de autenticidade…
Mas tudo isto, Senhor e Pai nosso,
só será possível se nos sentirmos envolvidos,
em todo o momento, pela Tua força e vigor,
e pelo Teu grande Amor e excelsa Santidade…
Porque “o justo” – nascido da “Tua justiça” –
mesmo na velhice, dará “o seu fruto”,
cheio da seiva e do vigor… para proclamar
que Tu, Senhor, és justo e santo
desde sempre e para sempre!
[ do Salmo Responsorial / 91 (92) ]
// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net