59.A3 – MÃE DE DEUS / “A Palavra” refletida, ao ritmo Litúrgico

 

«SER “MÃE”: ANTES – DURANTE – DEPOIS…»

Ser “mãe” – sabem-no elas pela experiência inata – não é, naturalmente, fácil! E as dificuldades podem começar desde a própria conceição, se não for antes… No caso de Maria, foi precisamente já ‘antes’ da geração: ao receber, da parte de Deus, a mensagem (embaixada) do Anjo. Ela própria ‘transmitiu’ aos evangelistas a sua perplexidade e hesitação; Lucas descreveu-o com estas palavras: “ela perturbou-se e inquiria de si própria o significado da tal saudação”; de facto, a jovem Maria sentiu ‘medo’, tanto assim que o Anjo teve de a tranquilizar: “Não temas, Maria…” (Lc 1,29-30)… Após a conceição, quando começou a ficar patente a sua gravidez, sabemos o que aconteceu (o relato está no evangelista Mateus [Mt 1,18-21]). E a partir daí, inicia-se a ‘vereda’ das outras cruzes, para Maria e para José (que, por aqueles dias também lhes anunciara o ancião Simeão-Lc 2,34-35). Mas eis aqui (só algumas) as primeiras ‘cruzes’: viajem inesperada até Belém; falta de sítio (‘local’) conveniente para dar à luz; nas ‘periferias’, fora da aldeia, é que acham um lugar chamado “as grutas”… Logo, as circunstâncias que envolveram aquele ‘parto’ (no escuro da noite), e o bebé “deitado numa manjedoura”; ao oitavo dia, o ato da ‘circuncisão’ do menino, para lhe pôr o nome de “Jesus”; e por aí fora… Ou seja que, para ser a «Mãe de Deus» (a “Theotokos”), o itinerário percorrido não foi precisamente um ‘mar de rosas’ (como alguém poderia pensar) mas um ‘calvário acidentado’… que chegaria, exatamente, até à “Cruz no Gólgota”… Então, se toda a mãe verdadeira deve abraçar e levar uma cruz, ao ‘olharmos’ para a Mãe de Deus, o que ‘admiramos’ é mesmo o ‘tamanho’ da sua Cruz!

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»»   “Os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura… Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus…”.(Lc 2 / 3ªL)

»»   “Assim abençoareis os filhos de Israel: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz»”.(Nm 6 / 1ªL)

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Acontece, por outro lado, que esse “filho”, Jesus, vem até nós como o “príncipe da Paz”, título que se atribuía, desde o AT, ao futuro Messias, Salvador!… Sim, mas, ao que parece, vamos ter de refletir e “meditar calmamente, no silêncio do nosso coração”, como, aliás, fazia Maria, a Mãe (Lc 2,19 e 51…) sempre que não “entendia” alguma coisa (que é como dizer, ‘cada vez que lhe aparecia alguma cruz incompreensível, ou mais pesada’!)… Bom, mas, neste «Dia da Paz», além de nos alegrarmos com a chegada feliz do “Príncipe da Paz”, como será possível ‘conjugarmos’ esta realidade “pacífica e pacificadora” com os tempos que vivemos, de guerras fratricidas (‘públicas’ e ‘privadas’/cada qual interprete os termos)? O que é que podemos e devemos esperar deste Príncipe da Paz, e, sobretudo, o que é que nós podemos e devemos fazer, nas nossas vidas e pela nossa Oração?… E, ao mesmo tempo, sintamo-nos solidários, na verdade e ativamente, com as pesadas cruzes que carregam tantos irmãos nossos, vítimas de guerras, ou de ódios familiares, pessoais…!

 

[ De «Outras Invocações e/ou Títulos» de Nossa Senhora: ]

+Nossa Senhora da Mãe de Deus (de Theotokos (*);

das Sete Dores; do Calvário; do Pé da Cruz)… nossa Mãe:

Os teus ‘títulos’ (tão variados, de tantos ‘lugares’…) estão a mostrar-nos que,

como Mãe de Deus, todo o ser humano pode invocar-te nas suas carências…

Nós agora queremos louvar-Te porque demonstraste a todos que,

ser Mãe de Deus exigiu-Te fazer o Calvário de todas as Dores. 

E esse ‘caminho’ queremos nós imitar como filhos Teus.

(*)- “Título”: Senhora de [‘Theotokos’=“Mãe de Deus”]. Venera-se na ‘Igreja Ortodoxa’, desde séc. V (Éfeso).   

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net