Is 55,1: “Vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei. Vinde e comprai, sem dinheiro e sem despesa, vinho e leite, que é de graça”. // Rm 8,35.37: “Irmãos: Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada?… Mas em tudo isto somos vencedores, graças Àquele que nos ama”. // Mt 14,14-16: “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de compaixão, curou os seus doentes. Ao cair da tarde, os discípulos disseram a Jesus: «Este local é deserto e a hora avançada. Manda embora toda esta gente, para que vá às aldeias comprar alimento». Mas Jesus respondeu-lhes: «Não precisam de se ir embora; dai-lhes vós de comer»”.

 

DVÓS QUE NÃO TENDES DINHEIRO, VINDE E COMPRAI, SEM DESPESA, VINHO E LEITE, QUE É DE GRAÇA (Is 55)

C – …ENTÃO JESUS DISSE-LHES: «ELES NÃO PRECISAM DE SE IR EMBORA; DAI-LHES VÓS DE COMER» (Mt 14)

O QUEM PODERÁ SEPARAR-NOS DO AMOR DE CRISTO? SOMOS VENCEDORES GRAÇAS ÀQUELE QUE NOS AMA (Rm 8)

 

C – Mas quem é “aquele” que – já no AT – alimentava ‘de graça’ a gente que não tinha dinheiro? Era, evidentemente, o Pai Deus. Ou seja, esse Pai, cujo Filho Jesus iria cumprir aquela profecia de Isaías, ainda que de um modo mais real e radical, embora também ‘espetacular’.

O – Ora, sabemos que Jesus não gostava ‘do espetáculo’ nas coisas que fazia ou dizia. Não será que somos nós a procurar ‘dar nas vistas’ quando fazemos algo que achamos ‘interessante’?

D – O que realmente procurava Jesus, em tudo o que dizia e fazia, era agradar o Pai através do serviço – gratuito – aos outros, a começar pelos mais pobres e necessitados…

O – Porque, afinal, onde é que estava o verdadeiro ‘milagre’ (embora envolvido nesse ambiente espetacular da multiplicação de pães e peixes)?… Fala-se num outro ‘prodígio’ maior (!?).

C – Na verdade, o objetivo primeiro e principal desta ação admirável de Jesus – e portanto o Seu verdadeiro ‘milagre’! – é ter conseguido transformar o individualismo egoísta (de muitas daquelas pessoas) em partilha solidária!

D – Qual seria, se não, o sentido mais profundo destas expressões do Evangelho: “Dai-lhes vós de comer”, ou então, “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes” ? … É evidente que aqueles que traziam consigo alguma provisão (‘farnel’) deveriam começar por “partilhá-la”!…

 

’ X — Não é fácil, neste mundo em que vivemos – com ‘pandemia’ ou sem ela! – que as pessoas se abram, umas às outras, para serviço solidário. O que se verifica, infelizmente, nesta nossa sociedade – materialista, consumista e do ‘descarte’ – é a dificuldade de nos abrirmos aos outros, quebrando essa ‘armadura egoísta’ (com ‘máscara’ ou sem ela) que nos mantém ‘encarcerados’ para nos defender de – Deus sabe – quantos medos e temores sem fundamento real… Como é lamentável que tanta gente ignore o Evangelho, onde se encontra o tesouro da verdade e do exemplo de Jesus de Nazaré, em amor e generosidade, que, paradoxalmente, nos torna realmente “ricos para Deus”, em vez de ‘miseráveis’ numa vida fechada e egoísta, cada vez mais estéril e triste… — Vem, Senhor Jesus, com o teu estilo de vida humilde e generoso que ensina a todos – mais pelas obras do que pelas palavras – como é que se realizam os verdadeiros milagres de serviço e partilha, que enriquecem de verdade! Essa é, Jesus, a pobreza e a riqueza que nós queremos.

 

[] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):

() – «Sou feliz porque a vida é partilhar, mais do que no receber, a alegria está no dar». (2)

() – «Quem queira ser grande, quem queira ser o primeiro seja o escravo de todos, seja o mais pequeno. Eu não vim p’ra ser servido, Eu vim para servir e dar a vida por todos, para que todos possam viver(x2) em plenitude (x3)»

() – «Ubi caritas et amor, ubi caritas Deus ibi est! (2)» …

 

«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA

[ do Papa / da Bíblia / poesia / fábulas / provérbios / etc. ]

 

Papa Francisco – Interpretação do ‘milagre’ de Jesus nas duas Multiplicações dos pães…

A partir dos dois milagres diferentes (ou duas multiplicações dos pães e dos peixes) realizados por Jesus e narrados nos Evangelhos, o Papa Francisco faz a sua reflexão e interpretação, em diversas ocasiões:

 

«… A propósito da multiplicação dos pães e os peixes, gostaria de acrescentar um matiz: não se multiplicaram, não, isso não é verdade. Os pães simplesmente não acabaram. Como não acabaram “a farinha e o óleo” da viúva do profeta Elias. Eles não acabaram. Quando alguém diz multiplicar, pode confundir e fazer acreditar em magia. Não, não, simplesmente é tal a grandeza de Deus e do amor que colocou em nossos corações que, se quisermos, não acaba…».

– (Papa FranciscoEm 16.05.2013 – in Radio Vaticano)

 

«… Em seguida, toma aqueles pães e peixes, eleva os olhos ao céu, recita a bênção – é clara a referência à Eucaristia – e depois parte-os e começa a dá-los aos discípulos para que eles os distribuam… E os pães e os peixes já não acabam, não acabam! Eis o milagre: mais do que uma multiplicação, trata-se de uma partilha, animada pela fé e pela oração. Todos comeram e sobejou: é o sinal de Jesus, pão de Deus para a humanidade…».

– (Papa FranciscoEm 02.06.2013 – in ‘Angelus’)

 

«… Ao contrário, aqueles poucos pães e peixes, compartilhados e abençoados por Deus, foram suficientes para todos. Mas atenção! Não se trata de uma magia, mas de um “sinal”: um sinal que nos convida a ter fé em Deus, Pai providente, que faz com que não nos falte o “pão nosso de cada dia”, se nós soubermos compartilhá-lo como irmãos…».

– (Papa FranciscoEm 03.08.2014 – in ‘Angelus’)

 

«… Uma atitude em três palavras: toma alguns pães e peixes, bendiz a Deus por eles, divide-os e entrega para que os discípulos os partilhem com os outros. E este é o caminho do milagre. Por certo, não é magia nem idolatria. Por meio destas três ações, Jesus consegue transformar a lógica do descarte numa lógica de comunhão, numa lógica de comunidade: … Jesus consegue gerar uma corrente entre aqueles que O rodeavam: todos estavam compartilhando o seu, transformando-o em dom para os outros, e foi assim que comeram até ficarem saciados. … A vida social, humana e cristã, precisa dos outros, do intercâmbio, do encontro, duma solidariedade real que seja capaz de entrar na lógica do tomar, bendizer e entregar; na lógica do amor…».

– (Papa FranciscoEm 09.07.2015 – in Homilia, em Santa Cruz de la Sierra)

 

«… Segundo uma misteriosa regra divina, quando o meu pão se torna o nosso pão, então o pouco torna-se suficiente. … Não é necessário multiplicá-lo, basta distribuí-lo, começando por nós. De nada servem multiplicações prodigiosas se não derrotarmos a gula do egoísmo, do desperdício de alimentos e da acumulação de poucos…».

– (Papa FranciscoEm 10.03.2016 – in Infovaticana)

 

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS:  http://palavradeamorpalavra.sallep.net