22b- Os seus frutos deunciam-no!

 (Ciclo B – Domingo de PENTECOSTES) 

OS SEUS FRUTOS “DENUNCIAM-NO”!

Toda a gente sabe, pela experiência diária, o que acontece com “o sal”, esse produto diluído nos alimentos, que não nos apercebemos da sua presença até que chega a faltar; ou seja, “faz-se notar” precisamente pela sua ausência. É este um exemplo que utilizamos para entendermos melhor como é a atuação do Espírito. Também a Sua Presença passa despercebida – lembram-se? –. E só vamos sentir os efeitos que Ele produzia, quando vier a faltar!

É verdade então, que o Espírito Santo aparece como o grande desconhecido, devido ao facto de, a Sua presença, ser oculta, escondida, eclipsada… É assim, ao que parece, o Seu jeito de agir! Poderá tomar diversas “formas” ou aparências – na nossa “imaginação” humana – mas a Sua presença real só se faz patente através dos efeitos, ou seja, os “Dons” e “Frutos” produzidos nas pessoas dóceis e permeáveis à Sua Força interior, ao Seu Amor ardente. O próprio Jesus, referindo-se a nós, tinha dito: “Pelos vossos frutos é que sereis conhecidos”. E nós pensamos que isto se aplica, antes que a nós, ao Espírito Santo, de quem – sabemos – procedem os sete “dons” e os doze “frutos”… (como se vê no último texto bíblico que citamos – Gl 5).

Basta olharmos para a Palavra de hoje e encontramos diversos e variados «dons e frutos do Espírito Santo», que S. Paulo denomina e descreve como: “dons espirituais”… “ministérios”… “operações”… Todos diversos, todos diferentes… “mas o Espírito é o mesmo… que opera tudo em todos… para o bem comum”. De tal modo, que o mesmo Apóstolo chega a declarar: “Ninguém é capaz de dizer «Jesus é o Senhor», a não ser pela ação do Espírito Santo”… (1 Cor 12 / 2ª L.).

Quanto a essa diversidade de dons e frutos, descobrimos, em primeiro lugar, aqueles efeitos um tanto imprevistos e espetaculares: “Um rumor, vindo do Céu… como forte rajada de ventoe uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo e pousando sobre cada um deles… Começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem… A multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua… (At 2 / 1ª L.).

Mas não é este o tipo e classe de “dons” (espetaculares) que mais Lhe agradam e interessam ao Espírito Santo, pois os que Ele mais prefere são os que podemos encontrar também em outros textos bíblicos da Palavra de hoje, nesta «Festa do Pentecostes». Vejamos.

“Ficaram cheios do Espírito Santo…” (At 2). “Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum… Fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só corpo…” (1 Cor 12 / 2ª L[a]). E com esse mesmo Espírito, hão de vir os dons “da paz… e do perdão…” (Jo 20 / 3ª L[a]). O mesmo Jesus, ao anunciar essa próxima vinda, atesta e confirma: “Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos conduzirá à verdade plena…” (Jo 15 / 3ª L[b]). E com isto está tudo dito!

Resta-nos, apenas, para chegarmos a essa Verdade salvadora, sermos sempre dóceis ao Espírito Santo que nos guia e acompanha sempre, desde que não ponhamos entraves à Sua Ação. É este o conselho que, finalmente, nos propõe S. Paulo (onde, ao mesmo tempo, especifica alguns dos inumeráveis «frutos» que poderá produzir em nós): “Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne… Os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança… Contra coisas como estas não há lei… (Gl 5 / 2ª L[b]). Claro que, se não permitimos que o Espírito atue em nós, nada de bom ocorrerá nas nossas vidas. Pois quando Ele falta, então é que se nota a Sua ausência (tal como no “caso do sal”)!

«Ó Espírito Divino, enviado por Jesus,

vem e renova a face da terra!»:

eis o nosso primeiro clamor e súplica.

É verdade: como és grande, ó Espírito Santo!

Como são grandes as Tuas obras de Amor:

toda a terra está cheia dos Teus Dons!

Os Frutos da Tua Ação são bem patentes

embora a Tua presença passe despercebida.

Todas as criaturas do Universo

estão cheias do Teu Amor maravilhoso;

mas se Tu lhes tirasses o alento

logo morreriam e voltariam ao pó donde vieram.

Porque se essas criaturas livres

– que só existem pelo Teu poder criador,

ó Espírito de Fogo, de Força e de Luz  –

se elas decidem “eliminar-Te” das suas vidas…

então é que vão sentir a Tua falta!

Mas se mandas de novo o Teu alento

elas retomam a vida pelo Teu Amor,

e assim fica renovada a face da terra:

Glória a Deus para todo o sempre!

         [ do Salmo Responsorial / 103 (104) ]