38b- Brincar com o Evangelho!

 (Ciclo B – Domingo 15 do T. Comum…) 

«BRINCAR COM O EVANGELHO!»

“«Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel…»”. Desta maneira, um tanto grosseira, receberam, ao profeta Amós, os habitantes do reino do norte (Israel). E, no entanto, a missão dele era levar a mensagem de Deus (a Palavra) precisamente a essa terra de Israel, conforme a ordem divina. Missão (=“enviado”) que ficou patente na resposta que o profeta Amós deu, perante a recusa do povo do norte: “«Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava frutos dos sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’»”. (Am 7 / 1ª L.). Não vale a pena descrever aqui (seguindo a interpretação bíblica) as consequências negativas – algumas tão graves como o próprio exílio forçado do povo à terra estrangeira da Assíria – por não ter querido receber e aceitar, as palavras do profeta… Porém, uma coisa pareceu ficar clara: com a Palavra de Deus não se deve brincar!

Para nós – desde Jesus de Nazaré – a Palavra fundamental e total das Escrituras está condensada no «Evangelho», a mensagem da «boa notícia» do Reino, a melhor de todas as mensagens possíveis, a Boa Nova da Salvação para todos!

Sim, porque, em Cristo Jesus, o Messias, deu início, definitivamente, “o desígnio de benevolência de Deus, de antemão estabelecido, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra”. (Ef 1 / 2ª L.).

Por isso, essa mensagem nova, essa boa notícia (=“evangelho”) é tão exigente e radical! Pois é a única mensagem de Salvação e a Felicidade total para todos!

Assim, todos os “enviados” por este Messias, todos os discípulos, apóstolos, missionários, catequistas… que levem esse «Evangelho» de Salvação, devem ser acolhidos como tais… porque “se não forem recebidos em alguma localidade ou povoação, se os habitantes não lhes quiserem ouvir, então, ao sair de lá, deverão sacudir o pó dos seus pés como testemunho contra eles»”… (Mc 6 / 3ª L.). É que, realmente, com a Verdade do Evangelho não se brinca, porque seria como brincar com a própria Salvação e autêntica Felicidade!

E toda a gente percebe que, o que se dá de graça e com sinceridade, deve ser aceite sinceramente e com gratidão; ou então, além de não haver coerência, não seria honesto rejeitar impunemente os bens e carismas recebidos, a começar pelo primeiro e principal, o da nossa «filiação divina»: “Deus Pai… nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção e a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade”… (Ef 1 / 2ª L.).

Temos, neste texto de Paulo, uma síntese compacta de toda a Mensagem Evangélica (que os doutos chamariam o “kerigma”) e perante a qual, nenhum ser humano pode ficar indiferente. E quando se aceita e assume esta Palavra com a “seriedade” e radicalidade requerida, então sim, só então é que podemos “brincar” com este Evangelho de Salvação… porque então sim, será com toda a verdade que acharemos a autêntica “Alegria do Evangelho” («Evangelii gaudium»).

 

Mostra-nos, Senhor, o teu Amor,

que é a causa da nossa Salvação…

O teu Amor, feito carne em Jesus, teu Filho,

Verbo – Palavra – encarnado para nós:

que nos chama amigos e nos fala de paz;

e não só a nós mas a todos os fiéis

que se queiram converter de coração sincero…

Este Filho, Jesus, Messias Salvador,

é quem nos trouxe, ó Pai, da tua parte,

a Mensagem da Boa Nova, a Melhor Notícia

– o Evangelho da Palavra que é Vida – .

Evangelho que devemos aceitar e assumir,

para, depois, levar aos outros em urgente missão

Sabemos, Senhor, que ninguém deve separar

misericórdia e fidelidade ou paz e justiça,

porque umas e outras germinarão na terra,

mas todas elas descem do Céu…

Longe de nós rejeitar a Tua Palavra,

antes aceitaremos, ó Pai nosso, o Teu Evangelho,

como mensagem de Amor trazida por Jesus,

que atrairá sobre nós frutos de Salvação…

                 [ do Salmo Responsorial / 84 (85) ]