44b- Optar é necessário

 (Ciclo B – Domingo 21 do T. Comum…) 

OPTAR É NECESSÁRIO!

Antes ou depois, queira-se ou não se queira – e com mais frequência do que pensamos – é preciso fazer escolhas, tomar opções, afrontar decisões… Aliás, se repararmos, estamos a realizar continuamente pequenas escolhas, enquanto as grandes decisões serão poucas, e ainda menos as chamadas “opções vitais” – talvez uma ou duas na vida – se tivermos presente que estas são para decidir o rumo a tomar, ou a direção a marcar na vida, como exigência “vocacional”!

Acontece, em etapas mais ou menos dilatadas da nossa vida, vivermos um tanto distraídos, deixando-nos levar, ao sabor do vento, na corda bamba do nosso dia a dia… Parece que não sucede nada de especial, a não ser a “novidade” da rotina monótona, que, aliás, até nos satisfaz e vai compensando os nossos gostos banais e corriqueiros… Mas nada que valha a pena!

Porém, subitamente, sobrevém quelquer “imprevisto” (ou será “previsível”?) que nos confronta com alternativas: ou “sim” ou “não”, ou “pegas” ou “deixas”, ou “por mim” ou “sem mim”… Cada qual poderá colocar as suas específicas “disjuntivas”, sejam elas de caráter pessoal ou de âmbito coletivo

Para o povo hebreu – naquela altura remota da sua história – o “desafio” foi deste teor: “Josué disse então a todo o povo: «Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se os deuses que os vossos pais serviram no outro lado do rio, se os deuses dos amorreus… Eu e a minha família serviremos o Senhor»”… E ficou também registada a opção escolhida por aquela comunidade hebráica: “«Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses… Também nós queremos servir o Senhor, porque Ele é o nosso Deus»”. (Js 24 / 1ª L.). Opção esta que – pelo menos na intenção – aspirava ser definitiva.

Ao contrário que a atitude daqueles judeus do tempo de Jesus, alguns deles até discípulos. Porque apesar de “as palavras que Ele lhes dizia eram espírito e vida” quando lhes falava do “alimento eucarístico” – lembram-se? – “muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?»”. E assim, verificamos qual foi a opção tomada por eles: “A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele”. A escolha estava feita. “Mas Jesus disse, então, aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão Pedro [em nome de todos]: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus»” (Jo 6 / 3ª L.). Lá está; e porque a liberdade existe em todo o ser humano normal, haverá sempre, como neste caso, os partidários do não e os adeptos do sim, os que decidem tomar uma direção e os que escolhem a oposta… Seja como for, OPTAR É NECESSÁRIO!

E como atrás ficou dito, constatamos que ainda é mais necessário optar quando se trata destas “decisões vitais”, que determinam a vocação ou estado para toda a vida…(!?). São Paulo, na sua carta aos cristãos de Éfeso, apresenta hoje, para todos nós, o exemplo específico do estado matrimonial ou vocação ao matrimónio. Escreve Paulo: “Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e serão dois uma só carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja”. (Ef 5 / 2ª L.). E bem sabemos que, como em toda e qualquer “vocação” – pelo menos na intenção sincera – a decisão deve ser para sempre! Outra coisa será que, no evoluir do tempo, a fraqueza humana nos venha a atraiçoar… Mas também aqui, como em todos os casos, sempre haverá tempo e ocasião de “emendar”, segundo o nosso Papa Francisco nos lembrava, ainda há poucos dias. Até porque – como ele mesmo também nos repete tantas vezes – o Pai-Deus nunca se cansa de nos perdoar!… Embora, atenção, este perdão do Pai não nos dispensa de optar e tomar decições, mais ou menos radicais, no momento conveniente!

 

“Louvamos-Te, Senhor, a toda a hora

e o Teu louvor está sempre na nossa boca”

porque, só por amor, nos fizeste livres

e respeitarás sempre a nossa liberdade.

Nós bem queremos ser “justos”

mas dizem que “o justo tem muitas tribulações…

Será que de todas nos livras Tu, Senhor”?

Queremos aprender a ser livres de verdade

para termos a corajem de optar pelo melhor…

E porque sabemos que isto não é fácil,

precisamos da Tua graça e amizade!…

O que é que está a acontecer, Senhor,

– nestes tempos que são os nossos –

onde há tão poucos homens e mulheres,

corajosos, decididos e determinados

a optar por compromissos definitivos?…

Onde está, Jesus, a nossa confiança em Ti

que nos dá a certeza contra toda a esperança?

Mas nós confiamos na força do Teu Amor,

que faz crescer, sempre mais e mais,

o número da gente jovem, generosa e audaz!

Nós queremos ser daqueles “justos”

que optam pelo bem e a verdade…

porque escolher o mal e os prazeres

“é o que leva o ímpio à perdição”.

Estamos certos, ó Pai, do Teu perdão,

mas isso não deve levar-nos a abusar

da Tua bondade e misericórdia…

Desde que temos consciência,

tantas vezes já Te dizemos, Jesus,

que Te amamos por cima de tudo,

e que escolhemos seguir-Te a Ti

e nunca ir atrás doutros “ídolos”…

Esta nossa opção, porém, não parece firme,

pois, quantas vezes o nosso amor

está aferrado a outras coisas!…

“Senhor, reanima e alenta a vida dos Teus servos,

para que os humildes o escutem e se alegrem!”.

[ do Salmo Responsorial / 33 (34) ]