3c- Não pratiqueis a violência!

(Ciclo C – 3º Domingo do Advento)

«NÃO PRATIQUEIS VIOLÊNCIA…!»   

São palavras de João Batista, no Evangelho de hoje.

Mas, antes de mais, escuta-se este clamor jubiloso, esperançoso e promissor: “Exultai e rejubilai de todo o coração!”... Clamor sempre fiel ao ritmo litúrgico – tal como o ritmo das estações – que, ano após ano, em cada 3º domingo do Advento, surge para nós no meio desta nossa caminhada para o Natal. E os motivos desta Alegria são vários: Porque “afastou os nossos inimigos… porque “revogou a sentença que nos condenava”… porque “o próprio Deus Salvador está no meio de nós”… porque “nos renova com o seu Amor…” (Sf 3 / 1ª L.). Palavras bíblicas que ressoam melhor aos nossos ouvidos agora que acabamos de entrar no «Ano Jubilar da Misericórdia Divina»; o grande Jubileu promulgado pelo nosso Papa Francisco.

Mas… «é justo e necessário» que – no meio dessa alegria por tantas razões – não esqueçamos o nosso esforço constante por remover os obstáculos mais graves que, no nosso mundo, se opõem continuamente àqueles valores mais “sagrados”, que são os únicos capazes de causar a nossa verdadeira Felicidade y Alegria. E o primeiro desses “valores” é o respeito e a defesa da Vida dos outros (e da nossa!). Porém, nestes tempos que são os nossos, o que se verifica é a existência de muitas “forças” que ferem, destroem ou matam a vida humana, em qualquer uma das suas fases ou idades. Quantas formas de violência física e não só! Violência tão antiga como a humanidade (desde “Caim e Abel”) mas que, muitíssimo tempo depois, no virar dos dois “Testamentos”, ainda eram frequentes as “violências”… Por isso é lançada a advertência de João Batista, o Profeta Precursor do Messias, no Evangelho de hoje: “Não pratiqueis violência com ninguém…” (Lc 3 / 3ª L.). Aliás, foi o próprio Messias, Jesus – Pacífico e Misericordioso – que entregou toda a sua vida, até à Cruz, para eliminar a violência na vida das pessoas. Embora nunca pela força das armas (“quem utiliza a espada à espada morrerá”, diria Ele / Mt 26, 52) mas com a sua revolução, pacífica e eficaz, do Amor e da Misericórdia!

Mesmo assim, e apesar destes vinte séculos de cristianismo, não se compreende a presença de tanta violência no mundo. Tanto mais quanto que se descobre, na ideologia e no agir de muita gente, uma “incoerência” total, inexplicável. As mesmas pessoas que condenam com toda a alma certas formas de violência, como os terrorismos fanáticos, as guerras letais… ou a violência de género (nos dois sentidos), defendem, ao mesmo tempo, a chamada «lei do aborto», em volta da qual é fácil verificar os exageros, abusos e excessos que se cometem em muitas partes do mundo. Autênticas «aberrações»! Será que – perguntamos nós – vão terminar algum dia aquelas outras violências… enquanto não acabemos com esta “violência terrível”? Ou será que essa maneira de atuar é inconsciente, instintiva ou maquinal? Seja como for, uma coisa é certa – atenção! –: «A Natureza e a Sociedade têm as “suas leis internas” e os seus “mecanismos de autodefesa”. Quer dizer, quando (elas) são atacadas naquilo que é o mais puro e genuíno – como a vida nascente, incipiente – defendem-se (como é lógico) eliminando os elementos “mortíferos e exterminadores”, que ceifam e matam essas ternas vidas já em processo». Assim de simples!

Que Deus nos valha (como diz o povo)! Porque, embora Ele tenha Paciência e Misericórdia Infinitas, para Perdoar tudo e todos, poderia acontecer que alguma força maléfica (um certo «Terminator»!) quisesse dar cabo da Humanidade para pôr outra no seu lugar (!?).

Bom, optemos por ficar com as potencialidades positivas desta mesma Humanidade e, como diz Paulo aos Filipenses: “Não nos inquietemos com coisa alguma; mas em todas as circunstâncias, apresentemos os nossos desejos diante de Deus, com orações, súplicas e acções de graças… (Fl 4 / 2ª L.).

E, confiadamente então, continuemos sempre a lutar – com a “violência pacífica” do Amor – para mudarmos «as plantas daninhas em boas espigas», e para sermos do bom “trigo que será recolhido no celeiro” e nunca da tal “palha para queimar num fogo inextinguível”… Pois, não em vão fomos “batizados no Espírito Santo e no fogo… (Lc 3 / 3ª L.).

Povos de toda a terra, exultai e cantai de alegria!

É este o nosso convite a toda a gente, Senhor,

ainda que nos envolva uma atmosfera de pessimismo,

ainda que certos setores da nossa sociedade

possam ficar imersos nesse ambiente irrespirável

Tu és, ó Deus, o nosso Pai e Salvador,

que nos livra de todos os «inimigos violentos»…

Por isso temos confiança plena em Ti e nada tememos

perante os que promovem ou geram violências

Prometemos, ó Pai de toda a Misericórdia,

que as alegrias pela nossa esperança na “vitória”,

não vão fazer-nos esquecer o esforço na luta

e as dificuldades que devemos enfrentar

para defendermos sempre a parte mais débil,

“os mais pequenos e fracos” do Evangelho.

Pode parecer que muitos não entendem,

ou querem lá saber do que contraria o egoísmo,

e do que contradiz os seus instintos egocêntricos,

mas nós continuamos a confiar em Ti.

Porque Tu sabes esperar com Paciência infinita,

queres perdoar, Pai Bom, com Amor Eterno

e aniquilar todas as violências humanas

com a Tua Misericórdia que “tudo vence”…

E com amor e gratidão esperamos sempre

“tirar água com alegria das fontes da Salvação”

enquanto louvamos, convidando todos a:

“Cantar ao Senhor, porque Ele faz maravilhas!”.

                                                               [ do “Salmo Responsorial” / Is c. 12 ]