
(Ciclo C – TODOS os SANTOS – 01-novembro)
A FELICIDADE DOS OUTROS FAZ A MINHA!
Volta sempre aquela visão apocalíptica: Aparece um anjo, de “sinete” na mão, para marcar uma multidão de pessoas… Qual animais de Feira? Ou como aquele pastor que “separa as ovelhas dos cabritos”(Mt 25,32)?… Um tanto estranho, não é? Agora vai se ver!
Estamos perante uma de tantas “visões” que teve o Apóstolo João quando vivia desterrado na ilha grega de Patmos – uma espécie de «Liturgia celeste» – descrita no seu livro “Revelação” (em grego Apocalipse). “Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus»”.(Ap 7 / 1ª L.). E por falar em “sinete” ou em selo, para entender este cap.7, não podemos deixar de recuperar o cap.5, deste mesmo livro, no qual já tinham aparecido mais selos, até “sete” (número “simbólico” da perfeição y da totalidade). “Depois, vi na mão direita do que estava sentado no trono um livro escrito nas duas faces e selado com sete selos”. Bom, e lá apareceu um outro “anjo”, para transmitir uma nova mensagem da parte de Deus. “E vi também um anjo forte que clamava com voz potente: «Quem é digno de abrir o livro e de quebrar os selos?»”. E, perante as lágrimas de aflição por não aparecer ninguém capaz de realizar tal façanha – necessária para a Salvação – “nem no céu nem na terra, nem debaixo da terra”, teve de ser pronunciada a voz de um dos “anciãos veneráveis” que dizia: “«Não chores. Porque vem aí Alguém, que é chamado o Leão da tribo de Judá, o rebento da dinastia de David, que abrirá o livro e os seus sete selos»”.(Ap 5,1-5). Então, vamos ver quem é este “rebento da casa de David” e “Leão da tribo de Judá”. Com certeza, todos adivinhamos que se trata do Filho de Deus, Jesus de Nazaré, o Cristo Salvador… Mas o que é que Ele nos diz hoje?
No Evangelho, apresenta-nos o seu «programa de Felicidade, o roteiro que nos conduz à Salvação»; radical e desconcertante, é verdade, mas previsível, expectável e certo! É como se alguém nos dissesse agora: Bem, o Caminho da Salvação está aberto definitivamente e foi destruída «a estrada da perdição» por obra e graça do Filho de Deus, que aceitou ser fiel à Missão encomendada pelo Pai, de Se entregar até à morte e morte de Cruz para a “Redenção de todos”… E então, calha a “esses todos” percorrer este Caminho (das «Bem-aventuranças»); que, na vida real, é também traduzido pelas «Obras de Misericórdia».(Mt 5 / 3ª L.). Já que Jesus fez a Sua parte, resta agora a nossa livre vontade para cooperar… pois sempre vai haver que “completar na nossa carne o que ‘falta’ às tribulações de Cristo” (Paulo / Cl 1, 24).
Só nesta perspetiva compreende-se aquela solene «Liturgia de Glória» que João descrevia na sua Revelação, onde, no meio do Louvor e Glorificação do Pai-Deus, aparecia “um Cordeiro imolado (Cristo Jesus) que estava de pé, a receber as taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. E todos cantavam, e louvavam, com um cântico novo, dizendo: «Tu és digno de receber o livro e de abrir os selos; porque foste morto e, com teu sangue, resgataste para Deus, homens de todas as tribos, línguas, povos e nações; e fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus” (Ap 5)… Esta é a “multidão incontável” dos Santos, «Assembleia Santa», a que nós podemos pertencer se o quisermos!
Porém, a Felicidade alcançada, só se pode exprimir verdadeiramente na forma de Gratidão e de Louvor a Quem, na realidade, fez possível a Salvação. E ninguém – como já devemos saber – pode ser realmente feliz se não for através da felicidade dos outros… Por isso, a Eternidade Feliz é como uma «solene Celebração das “felicidades” de cada um e da Felicidade de Todos» em Deus Pai, pelo Filho Jesus, com o Espírito Santo…
Portanto, eis o mais maravilhoso de tudo: que foi este mesmo Redentor a recuperar a nossa “filiação divina”. De tal modo que S. João tem toda a razão, ao escrever, na sua primeira carta católica: “O Pai consagrou-nos um admirável amor ao fazer-nos Seu filhos… Agora somos filhos de Deus mas ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos, porém, que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus…” (1 Jo 3 / 2ª L.). Todos os Santos e Santas de Deus – inumeráveis! – são «os filhos de Deus, em e com Jesus».
Somos impelidos, Senhor, a participar
– como ensaio prévio e repetido –
naquela Liturgia Celeste do nosso Futuro Feliz,
onde já sonhamos com participar,
inseridos na multidão dos Teus Santos e Santas…
Pois somos a geração dos que Te procuram,
que não se cansam de buscar a Tua face, ó Deus!
É sempre inspirador para nós, Senhor,
que sejas o Criador da terra – nossa «Casa comum» –
e de tudo o que nela existe e vive por Ti;
do mundo e de todos os seres habitantes nele;
que tenhas fundado a nossa terra sobre os mares
e a tenhas consolidado sobre as águas…
Mas, porque, só com as nossas forças,
não poderíamos subir à Tua montanha, Senhor,
nem habitar no Teu Santuário de Glória Eterna,
enviaste-nos o Salvador, o Teu Filho Jesus,
para nos impulsionar nessa escalada difícil,
e para nos ensinar, com o exemplo e a palavra:
que ninguém pode conquistar essa meta sozinho;
que devemos caminhar sempre juntos como irmãos
– com as mãos inocentes e o coração puro –
e que só conseguiremos a própria Felicidade
se nos esforçarmos por fazer os outros Felizes…
Obrigado, Jesus, por seres o Cordeiro imolado,
Salvador e Artífice da nossa Felicidade Eterna!
[ do Salmo Responsorial / Sl 23 (24) ]
31 Outubro, 2016
A FELICIDADE DOS OUTROS FAZ A MINHA!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo C – TODOS os SANTOS – 01-novembro)
A FELICIDADE DOS OUTROS FAZ A MINHA!
Volta sempre aquela visão apocalíptica: Aparece um anjo, de “sinete” na mão, para marcar uma multidão de pessoas… Qual animais de Feira? Ou como aquele pastor que “separa as ovelhas dos cabritos”(Mt 25,32)?… Um tanto estranho, não é? Agora vai se ver!
Estamos perante uma de tantas “visões” que teve o Apóstolo João quando vivia desterrado na ilha grega de Patmos – uma espécie de «Liturgia celeste» – descrita no seu livro “Revelação” (em grego Apocalipse). “Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus»”.(Ap 7 / 1ª L.). E por falar em “sinete” ou em selo, para entender este cap.7, não podemos deixar de recuperar o cap.5, deste mesmo livro, no qual já tinham aparecido mais selos, até “sete” (número “simbólico” da perfeição y da totalidade). “Depois, vi na mão direita do que estava sentado no trono um livro escrito nas duas faces e selado com sete selos”. Bom, e lá apareceu um outro “anjo”, para transmitir uma nova mensagem da parte de Deus. “E vi também um anjo forte que clamava com voz potente: «Quem é digno de abrir o livro e de quebrar os selos?»”. E, perante as lágrimas de aflição por não aparecer ninguém capaz de realizar tal façanha – necessária para a Salvação – “nem no céu nem na terra, nem debaixo da terra”, teve de ser pronunciada a voz de um dos “anciãos veneráveis” que dizia: “«Não chores. Porque vem aí Alguém, que é chamado o Leão da tribo de Judá, o rebento da dinastia de David, que abrirá o livro e os seus sete selos»”.(Ap 5,1-5). Então, vamos ver quem é este “rebento da casa de David” e “Leão da tribo de Judá”. Com certeza, todos adivinhamos que se trata do Filho de Deus, Jesus de Nazaré, o Cristo Salvador… Mas o que é que Ele nos diz hoje?
No Evangelho, apresenta-nos o seu «programa de Felicidade, o roteiro que nos conduz à Salvação»; radical e desconcertante, é verdade, mas previsível, expectável e certo! É como se alguém nos dissesse agora: Bem, o Caminho da Salvação está aberto definitivamente e foi destruída «a estrada da perdição» por obra e graça do Filho de Deus, que aceitou ser fiel à Missão encomendada pelo Pai, de Se entregar até à morte e morte de Cruz para a “Redenção de todos”… E então, calha a “esses todos” percorrer este Caminho (das «Bem-aventuranças»); que, na vida real, é também traduzido pelas «Obras de Misericórdia».(Mt 5 / 3ª L.). Já que Jesus fez a Sua parte, resta agora a nossa livre vontade para cooperar… pois sempre vai haver que “completar na nossa carne o que ‘falta’ às tribulações de Cristo” (Paulo / Cl 1, 24).
Só nesta perspetiva compreende-se aquela solene «Liturgia de Glória» que João descrevia na sua Revelação, onde, no meio do Louvor e Glorificação do Pai-Deus, aparecia “um Cordeiro imolado (Cristo Jesus) que estava de pé, a receber as taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. E todos cantavam, e louvavam, com um cântico novo, dizendo: «Tu és digno de receber o livro e de abrir os selos; porque foste morto e, com teu sangue, resgataste para Deus, homens de todas as tribos, línguas, povos e nações; e fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus” (Ap 5)… Esta é a “multidão incontável” dos Santos, «Assembleia Santa», a que nós podemos pertencer se o quisermos!
Porém, a Felicidade alcançada, só se pode exprimir verdadeiramente na forma de Gratidão e de Louvor a Quem, na realidade, fez possível a Salvação. E ninguém – como já devemos saber – pode ser realmente feliz se não for através da felicidade dos outros… Por isso, a Eternidade Feliz é como uma «solene Celebração das “felicidades” de cada um e da Felicidade de Todos» em Deus Pai, pelo Filho Jesus, com o Espírito Santo…
Portanto, eis o mais maravilhoso de tudo: que foi este mesmo Redentor a recuperar a nossa “filiação divina”. De tal modo que S. João tem toda a razão, ao escrever, na sua primeira carta católica: “O Pai consagrou-nos um admirável amor ao fazer-nos Seu filhos… Agora somos filhos de Deus mas ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos, porém, que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus…” (1 Jo 3 / 2ª L.). Todos os Santos e Santas de Deus – inumeráveis! – são «os filhos de Deus, em e com Jesus».
Somos impelidos, Senhor, a participar
– como ensaio prévio e repetido –
naquela Liturgia Celeste do nosso Futuro Feliz,
onde já sonhamos com participar,
inseridos na multidão dos Teus Santos e Santas…
Pois somos a geração dos que Te procuram,
que não se cansam de buscar a Tua face, ó Deus!
É sempre inspirador para nós, Senhor,
que sejas o Criador da terra – nossa «Casa comum» –
e de tudo o que nela existe e vive por Ti;
do mundo e de todos os seres habitantes nele;
que tenhas fundado a nossa terra sobre os mares
e a tenhas consolidado sobre as águas…
Mas, porque, só com as nossas forças,
não poderíamos subir à Tua montanha, Senhor,
nem habitar no Teu Santuário de Glória Eterna,
enviaste-nos o Salvador, o Teu Filho Jesus,
para nos impulsionar nessa escalada difícil,
e para nos ensinar, com o exemplo e a palavra:
que ninguém pode conquistar essa meta sozinho;
que devemos caminhar sempre juntos como irmãos
– com as mãos inocentes e o coração puro –
e que só conseguiremos a própria Felicidade
se nos esforçarmos por fazer os outros Felizes…
Obrigado, Jesus, por seres o Cordeiro imolado,
Salvador e Artífice da nossa Felicidade Eterna!
[ do Salmo Responsorial / Sl 23 (24) ]