20aa- «Voltou à vida pelo Espírito

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo A – Domingo 6 da Páscoa)

 

“Na verdade, Cristo morreu uma só vez

pelos nossos pecados – o Justo pelos injustos –

para nos conduzir a Deus.

Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito”. (1 Pe 3,18 / 2ª L.).

 

Por falar em morrer e em voltar à vida, este texto da Carta de Pedro vem na sequência de uma situação de sofrimento que estão a padecer os discípulos de Jesus pelo único motivo de serem fiéis ao seu Senhor e Mestre (“pelo vosso bom procedimento em Cristo”). Por isso, aí mesmo, são estimulados e animados com estas palavras: “Mais vale padecer por fazer o bem, se for essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal”… Bom, mas aqui e agora, ficaremos com isso de “morte” e “ressurreição”.

 

A – Na verdade – dizemos nós também partindo do texto em questão – fala-se em morte e em voltar à vida referindo-se ao corpo, carne, mas será também assim, referido ao espírito?…

B – Para já, o Espírito Santo, enquanto Deus, é quem dá o “alento de vida” à matéria de todo o ser vivente (e a existência a todo o outro ser) mesmo que essa vida tenha sido cortada pela morte!

A – E será exercido o mesmo “poder” com o espírito, também chamado alma, quando morremos?…

B – Porém, é justamente nesta questão que nós olhamos para o texto inicial. Aí se afirma nitidamente que “morreu segundo a carne” e, por outro lado, que “morreu uma só vez”. Visto que não se afirma a mesma coisa acerca do espírito (alma), devemos entender que este não morreu.

A – Então, qual o significado, ou a lição, que podemos tirar, quer da verificação da morte da carne quer do pressuposto de “não morte” da alma ou espírito?

B – Quanto à morte e ressurreição da carne: aceitamos a realidade da sua fraqueza e mortalidade; mas com a firmeza da fé e confiança, acreditamos na ‘ressurreição da carne’ pela força do Espírito.

A – Mas será verdade, então, que o espírito (alma) não morre? Assim como da morte do corpo a gente tem constatações diárias, a morte do espírito ninguém a pode “testemunhar”…

B – Ainda que não se queira concordar com a definição razoável de que «o espírito não pode morrer», poderemos aceitar a definição, desde a fé (também razoável?) de que o espírito é como que uma emanação de Deus [“sois deuses”, afirmou o próprio Jesus (Jo 10,34)]…

A – É que seria um contrassenso que «aquilo que nasce de Deus, está em Deus ou é Deus», isto é, o espírito – essa “essência humano-divina” que nos informa – pudesse morrer alguma vez…

B – Dito de outro modo: Aquilo que o Espírito Divino criou como espírito, é imortal como Ele, por necessidade! Quer isto dizer que, se não pode morrer, também não necessita ser ressuscitado.

 

A/B: Outra vez, Senhor Jesus, às voltas com a matéria e o espírito!

Mas agora precisamos da ajuda do Teu Espírito “Vivificante” e Santificador

– cuja Luz Divina tudo ilumina, penetra e põe em evidência –

que nos oriente para sabermos «discernir» entre o que é carne e o que é espírito:

que consigamos aceitar a fragilidade mortal da nossa “carne” mas, ao mesmo tempo,

a perenidade imortal do nosso “espírito”, que nos exige compromissos definitivos!

  

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:

http://palavradeamorpalavra.sallep.net