(Ciclo A – Domingo 7 de Páscoa-ASCENSÃO)
ISTO É, «PARTIR PARA FICAR»
Parece ser como que um instinto comum a todo o reino Animal, o espírito de curiosidade, expressão equivalente a: afã de investigação, de pesquisa, de amor ao saber e à cultura… Vemo-lo em todas as espécies animais das chamadas Categorias superiores, desde o instante em que os indivíduos – ainda pequeninos – aparecem neste mundo Natural. Interpreta-se também como uma componente do “instinto de conservação”, como é evidente… No caso humano poderá adquirir outros graus e conteúdos… mas não deixa de ser curiosidade inata! Aqui está um primeiro texto da Palavra de hoje: “Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?»”. E a resposta de Jesus, um tanto aguda e incisiva, para endireitar a “curiosidade distorcida” dos discípulos: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade». (At 1 / 1ª L.)… Seja como for, pergunta e resposta, estão inseridas naquele diálogo e comunicação que, na altura, se tinha iniciado entre Jesus e os discípulos. (Será também, entre outros, por este motivo – de comunicação e diálogo – que, neste Dia da Ascensão, se comemora o «Dia da Comunicação Social»?).
Mas, seguindo o fio da nossa reflexão – perguntamos nós – por quem e quando é que vai ser satisfeita esta sede de conhecer a Verdade? Quando e como será esse tempo “que o Pai determinou”?… É verdade que Jesus acabava de falar já no Espírito, ao dizer «vós sereis batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias». Mas, pelos vistos, eles não podem atingir o sentido e alcance de tais palavras. Por isso, Jesus continua: “Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria, e até aos confins da terra”…(At 1). Então, as coisas começam a ficar mais esclarecidas. O apóstolo Paulo, por sua vez, na 2ª leitura, exprime um desejo veemente em forma de oração, para que esta realidade da “força do Espírito”, aconteça e progrida com segurança na vida dos fiéis: “…O Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados”… (Ef 1 / 2ª L.).
Por enquanto – não esqueçamos isto – é preciso que Jesus se afaste dos discípulos, abandonando este mundo visível, fora já das nossas «coordenadas espácio-temporais». É mesmo necessário isso acontecer para que possa entrar em ação o Espírito (o “Paráclito”, Advogado – lembram-se? –). Tinham sido estas as suas palavras, mesmo na véspera da sua paixão e morte: “Eu digo-vos a verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei” (Jo 16). E agora é chegado esse tempo de partir. Essa temida separação ou afastamento vai acontecer já!… Mas será que vai ser mesmo uma ausência, no sentido humano que damos a esta palavra? Ou não será, talvez, uma ausência aparente, um afastamento figurado, e não real?
A fé diz-nos – com base na Palavra de Jesus – que Ele, enquanto Deus Omnipresente, mas também enquanto Homem glorificado, não pode deixar de estar realmente presente no meio de nós, entre nós, em nós… como está em toda a parte! É verdade que Jesus vai “desaparecer da cena visível e palpável”; vai sair do meio de nós, mas apenas e só no que diz respeito ao “espaço-tempo”: agora já “respira” outra atmosfera, já vive numa outra dimensão!
Este – e não outro! – é o sentido simbólico da Ascensão de Jesus. “…Elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos”… E agora, toca a trabalhar! Nada de ficar com nostalgias indolentes ou mal disfarçadas! “Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?”… (At 1). Portanto, deixem-se de saudades melancólicas!
Vamos, mas é lembrar, fixar e viver desde já, as últimas palavras do Mestre e Salvador, antes mesmo da “subida”! «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos». (Mt 28 / 3ª L.).
Será que devemos alegrar-nos, Senhor,
pelo facto de Tu subires para o Céu
“entre aclamações e ao som de trombetas”?…
Não seria razoável entoar lamentações
pela Tua inevitável partida de entre nós?
Talvez nos sintamos tentados a exclamar,
como aquele poeta cristão,
«Tu deixas, Pastor Santo,
a Tua grei no vale fundo, escuro,
de solidão e pranto,
e Tu, rompendo o ar puro,
atinges o Imortal Seguro?»…
Mas não! Nos sabemos, Jesus,
que Tu ficas mais Vivo entre nós,
e que esta celebração jubilosa
– povos todos, batei palmas! –
está plenamente justificada:
pois é agora, com a tua “ascensão”,
que o Pai Deus começa a reinar
sobre todos os povos da terra…
É assim que, levantado em glória,
Tu, Jesus, atrais todos para Ti…
Então, cantai hinos a Deus, cantai!
[ do Salmo Responsorial / 46 (47) ]
26 Maio, 2017
ISTO É, «PARTIR PARA FICAR»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 7 de Páscoa-ASCENSÃO)
ISTO É, «PARTIR PARA FICAR»
Parece ser como que um instinto comum a todo o reino Animal, o espírito de curiosidade, expressão equivalente a: afã de investigação, de pesquisa, de amor ao saber e à cultura… Vemo-lo em todas as espécies animais das chamadas Categorias superiores, desde o instante em que os indivíduos – ainda pequeninos – aparecem neste mundo Natural. Interpreta-se também como uma componente do “instinto de conservação”, como é evidente… No caso humano poderá adquirir outros graus e conteúdos… mas não deixa de ser curiosidade inata! Aqui está um primeiro texto da Palavra de hoje: “Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?»”. E a resposta de Jesus, um tanto aguda e incisiva, para endireitar a “curiosidade distorcida” dos discípulos: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade». (At 1 / 1ª L.)… Seja como for, pergunta e resposta, estão inseridas naquele diálogo e comunicação que, na altura, se tinha iniciado entre Jesus e os discípulos. (Será também, entre outros, por este motivo – de comunicação e diálogo – que, neste Dia da Ascensão, se comemora o «Dia da Comunicação Social»?).
Mas, seguindo o fio da nossa reflexão – perguntamos nós – por quem e quando é que vai ser satisfeita esta sede de conhecer a Verdade? Quando e como será esse tempo “que o Pai determinou”?… É verdade que Jesus acabava de falar já no Espírito, ao dizer «vós sereis batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias». Mas, pelos vistos, eles não podem atingir o sentido e alcance de tais palavras. Por isso, Jesus continua: “Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria, e até aos confins da terra”…(At 1). Então, as coisas começam a ficar mais esclarecidas. O apóstolo Paulo, por sua vez, na 2ª leitura, exprime um desejo veemente em forma de oração, para que esta realidade da “força do Espírito”, aconteça e progrida com segurança na vida dos fiéis: “…O Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados”… (Ef 1 / 2ª L.).
Por enquanto – não esqueçamos isto – é preciso que Jesus se afaste dos discípulos, abandonando este mundo visível, fora já das nossas «coordenadas espácio-temporais». É mesmo necessário isso acontecer para que possa entrar em ação o Espírito (o “Paráclito”, Advogado – lembram-se? –). Tinham sido estas as suas palavras, mesmo na véspera da sua paixão e morte: “Eu digo-vos a verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei” (Jo 16). E agora é chegado esse tempo de partir. Essa temida separação ou afastamento vai acontecer já!… Mas será que vai ser mesmo uma ausência, no sentido humano que damos a esta palavra? Ou não será, talvez, uma ausência aparente, um afastamento figurado, e não real?
A fé diz-nos – com base na Palavra de Jesus – que Ele, enquanto Deus Omnipresente, mas também enquanto Homem glorificado, não pode deixar de estar realmente presente no meio de nós, entre nós, em nós… como está em toda a parte! É verdade que Jesus vai “desaparecer da cena visível e palpável”; vai sair do meio de nós, mas apenas e só no que diz respeito ao “espaço-tempo”: agora já “respira” outra atmosfera, já vive numa outra dimensão!
Este – e não outro! – é o sentido simbólico da Ascensão de Jesus. “…Elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos”… E agora, toca a trabalhar! Nada de ficar com nostalgias indolentes ou mal disfarçadas! “Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?”… (At 1). Portanto, deixem-se de saudades melancólicas!
Vamos, mas é lembrar, fixar e viver desde já, as últimas palavras do Mestre e Salvador, antes mesmo da “subida”! «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos». (Mt 28 / 3ª L.).
Será que devemos alegrar-nos, Senhor,
pelo facto de Tu subires para o Céu
“entre aclamações e ao som de trombetas”?…
Não seria razoável entoar lamentações
pela Tua inevitável partida de entre nós?
Talvez nos sintamos tentados a exclamar,
como aquele poeta cristão,
«Tu deixas, Pastor Santo,
a Tua grei no vale fundo, escuro,
de solidão e pranto,
e Tu, rompendo o ar puro,
atinges o Imortal Seguro?»…
Mas não! Nos sabemos, Jesus,
que Tu ficas mais Vivo entre nós,
e que esta celebração jubilosa
– povos todos, batei palmas! –
está plenamente justificada:
pois é agora, com a tua “ascensão”,
que o Pai Deus começa a reinar
sobre todos os povos da terra…
É assim que, levantado em glória,
Tu, Jesus, atrais todos para Ti…
Então, cantai hinos a Deus, cantai!
[ do Salmo Responsorial / 46 (47) ]