(Ciclo A – Domingo 15 -Tempo Com.)
SEMENTE DE DEUS: «VERBO-PALAVRA»
Uma curiosidade bíblico-científica? – Parece como se Isaías, muitos séculos antes de que o homem “descobrisse” e “descrevesse” a existência do «Ciclo da água» na natureza, tivesse elaborado esta expressão: “Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir…”? É evidente que nós podemos explicar isto pela “imagem materializada” («modelo terrestre») que já aquelas civilizações antigas tinham acerca da Terra, onde as águas (“de cima” e “de baixo”) estavam comunicadas por uma espécie de “canal”, formando como que um «circuito fechado»… Tudo bem. Mas mesmo assim, e porque «Deus escreve direito com linhas tortas», verifica-se uma ‘feliz coincidência’ (!?) – com muitas centúrias de antecedência – entre essa “profecia” e o tal “ciclo da água” ou “ciclo hidrológico”, demonstrado pelos cientistas…
Porém, o que aqui e agora interessa é o significado bíblico-teológico da questão. Ou seja, a segunda parte do “argumento”: Do mesmo modo que a chuva… “assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão”. (Is 55 / 1ª L.). E uma vez que é Deus a falar, trata-se então da Palavra de Deus que – impreterivelmente! – realizará a sua missão.
Mas então, perguntamos nós, sendo assim onde é que fica a liberdade humana?
Vejamos. Desde logo, não podemos esquecer que a Palavra de Deus deve ser entendida, recebida e assumida como que em dois sentidos ou dimensões diferentes.
Quando – primeiro sentido – a Palavra é entendida como “doutrina (regra) de Salvação” para quem quiser recebê-la, aceitá-la e assumi-la na sua vida, então, naturalmente, terá os efeitos e produzirá os frutos que “permitir” a vontade livre do homem pela sua colaboração: “ora cem, ora sessenta, ora trinta por um”. E até menos… ou nada, poderia alguém acrescentar. Isso só Deus o sabe! Por enquanto, vemos especificadas, neste Evangelho de hoje, as «variadas liberdades» do homem, perante essa Palavra e essa Vontade de Deus. É evidente que sempre haverá homens livres, capazes de, com a sua verdadeira e livre vontade, contribuírem para que essa Palavra-Vontade de Deus cumpra a sua missão, produzindo frutos diversificados… Eis, portanto, diversos e variados graus de “fidelidade”. E assim será sempre!
Há também os que “ouvem a palavra do reino e não a compreendem…”; há os que “ouvem a palavra e a acolhem de momento com alegria, mas não tem raiz em si mesmos, porque são inconstantes, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbem logo…”; há os que “ouvem a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto”… E há os que (muitos mais!?) “recebem a Palavra em boa terra”… e esses “produzirão frutos diversificados”!… (Mt 13 / 3ª L.).
Vê-se, portanto, que, neste primeiro “sentido” da Palavra, a Vontade de Deus cumpre-se, ficando, ao mesmo tempo, a salvo a liberdade humana.
Mas há um outro “sentido” mais profundo e essencial da Palavra. Aquele sentido que o Apóstolo João, com o seu olhar penetrante – “águia de altos voos e de profundos mergulhos” – perscrutou desde o “prólogo” do seu Evangelho (Jo 1, 1…): A «Palavra» como «Verbo» (Logos, Sabedoria) de Deus. Palavra pronunciada uma só vez e para sempre, que é a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho: O Verbo de Deus Encarnado! E neste outro sentido e dimensão, vemos que se cumpre à letra a profecia de Isaías: essa Palavra(=“verbo”) “voltou (para o Pai) tendo realizado a sua missão”. Tanto assim, que este Verbo de Deus conseguiu “arrastar e atrair tudo a Si”, pela Sua Redenção: “Não só a nós, que possuímos as primícias do Espírito” mas também “as criaturas que esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus… para serem libertadas da corrupção que escraviza e para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus”… (Rm 8 / 2ª L.).
Recebemos e aceitamos, ó Pai,
a Palavra que sai da Tua boca;
aceitamo-la como semente lançada por Jesus,
porque a Tua Palavra é a semente,
que deverá dar fruto a seu tempo…
Mas recebemos e aceitamos com Amor,
sobretudo, o Teu Verbo-Palavra, que é Jesus,
o Teu próprio Filho muito Amado,
Palavra dita por Ti de uma vez para sempre:
Ele mesmo é em nós Semente de Salvação…
Ó Pai nosso, continua a visitar a nossa terra,
para a regares e encheres de fertilidade:
porque por onde Tu passas brota a abundância,
as fontes do céu transbordam em água,
e assim fazes brotar o trigo e todas as sementes…
Continua a abençoar, ó Pai, a nossa terra
e acompanhar o nosso esforço diário:
assim, até as pastagens do deserto vicejam
e os nossos outeiros vestem-se de festa…
Assim… tudo canta e grita de alegria!
[ do Salmo Responsorial / 64 (65) ]
14 Julho, 2017
SEMENTE DE DEUS: «VERBO-PALAVRA»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 15 -Tempo Com.)
SEMENTE DE DEUS: «VERBO-PALAVRA»
Uma curiosidade bíblico-científica? – Parece como se Isaías, muitos séculos antes de que o homem “descobrisse” e “descrevesse” a existência do «Ciclo da água» na natureza, tivesse elaborado esta expressão: “Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir…”? É evidente que nós podemos explicar isto pela “imagem materializada” («modelo terrestre») que já aquelas civilizações antigas tinham acerca da Terra, onde as águas (“de cima” e “de baixo”) estavam comunicadas por uma espécie de “canal”, formando como que um «circuito fechado»… Tudo bem. Mas mesmo assim, e porque «Deus escreve direito com linhas tortas», verifica-se uma ‘feliz coincidência’ (!?) – com muitas centúrias de antecedência – entre essa “profecia” e o tal “ciclo da água” ou “ciclo hidrológico”, demonstrado pelos cientistas…
Porém, o que aqui e agora interessa é o significado bíblico-teológico da questão. Ou seja, a segunda parte do “argumento”: Do mesmo modo que a chuva… “assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão”. (Is 55 / 1ª L.). E uma vez que é Deus a falar, trata-se então da Palavra de Deus que – impreterivelmente! – realizará a sua missão.
Mas então, perguntamos nós, sendo assim onde é que fica a liberdade humana?
Vejamos. Desde logo, não podemos esquecer que a Palavra de Deus deve ser entendida, recebida e assumida como que em dois sentidos ou dimensões diferentes.
Quando – primeiro sentido – a Palavra é entendida como “doutrina (regra) de Salvação” para quem quiser recebê-la, aceitá-la e assumi-la na sua vida, então, naturalmente, terá os efeitos e produzirá os frutos que “permitir” a vontade livre do homem pela sua colaboração: “ora cem, ora sessenta, ora trinta por um”. E até menos… ou nada, poderia alguém acrescentar. Isso só Deus o sabe! Por enquanto, vemos especificadas, neste Evangelho de hoje, as «variadas liberdades» do homem, perante essa Palavra e essa Vontade de Deus. É evidente que sempre haverá homens livres, capazes de, com a sua verdadeira e livre vontade, contribuírem para que essa Palavra-Vontade de Deus cumpra a sua missão, produzindo frutos diversificados… Eis, portanto, diversos e variados graus de “fidelidade”. E assim será sempre!
Há também os que “ouvem a palavra do reino e não a compreendem…”; há os que “ouvem a palavra e a acolhem de momento com alegria, mas não tem raiz em si mesmos, porque são inconstantes, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbem logo…”; há os que “ouvem a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto”… E há os que (muitos mais!?) “recebem a Palavra em boa terra”… e esses “produzirão frutos diversificados”!… (Mt 13 / 3ª L.).
Vê-se, portanto, que, neste primeiro “sentido” da Palavra, a Vontade de Deus cumpre-se, ficando, ao mesmo tempo, a salvo a liberdade humana.
Mas há um outro “sentido” mais profundo e essencial da Palavra. Aquele sentido que o Apóstolo João, com o seu olhar penetrante – “águia de altos voos e de profundos mergulhos” – perscrutou desde o “prólogo” do seu Evangelho (Jo 1, 1…): A «Palavra» como «Verbo» (Logos, Sabedoria) de Deus. Palavra pronunciada uma só vez e para sempre, que é a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho: O Verbo de Deus Encarnado! E neste outro sentido e dimensão, vemos que se cumpre à letra a profecia de Isaías: essa Palavra(=“verbo”) “voltou (para o Pai) tendo realizado a sua missão”. Tanto assim, que este Verbo de Deus conseguiu “arrastar e atrair tudo a Si”, pela Sua Redenção: “Não só a nós, que possuímos as primícias do Espírito” mas também “as criaturas que esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus… para serem libertadas da corrupção que escraviza e para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus”… (Rm 8 / 2ª L.).
Recebemos e aceitamos, ó Pai,
a Palavra que sai da Tua boca;
aceitamo-la como semente lançada por Jesus,
porque a Tua Palavra é a semente,
que deverá dar fruto a seu tempo…
Mas recebemos e aceitamos com Amor,
sobretudo, o Teu Verbo-Palavra, que é Jesus,
o Teu próprio Filho muito Amado,
Palavra dita por Ti de uma vez para sempre:
Ele mesmo é em nós Semente de Salvação…
Ó Pai nosso, continua a visitar a nossa terra,
para a regares e encheres de fertilidade:
porque por onde Tu passas brota a abundância,
as fontes do céu transbordam em água,
e assim fazes brotar o trigo e todas as sementes…
Continua a abençoar, ó Pai, a nossa terra
e acompanhar o nosso esforço diário:
assim, até as pastagens do deserto vicejam
e os nossos outeiros vestem-se de festa…
Assim… tudo canta e grita de alegria!
[ do Salmo Responsorial / 64 (65) ]