38aa- «As dores da maternidade...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 15 do T. Comum)

 

“Irmãos: Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há de manifestar em nós (…) Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adoção filial e a libertação do nosso corpo”. (Rm 8 / 2ª L.).

 

Ao continuar a proclamação do seu Evangelho, Paulo exorta às várias comunidades de Roma para nunca aceitarem as divisões e para construírem a unidade, mesmo no meio “dos sofrimentos do tempo presente”… Alguns daqueles cristãos – os de origem judaica – já tinham sido expulsos de Roma anteriormente pelo imperador Cláudio, e agora já estavam de regresso, mas sem terem conseguido ainda organizar-se… Num futuro, mais ou menos próximo, hão de vir as perseguições terríveis (a primeira, a de Nero), embora ainda não previsível no horizonte deles.

 

A – Neste mundo, o poder do Maligno sempre terá a capacidade de causar dor e sofrimento… Daí a tentativa de encontrar, através de todas as gerações, uma explicação para a existência do Mal…

B – Esta realidade, porém, da existência do Mal no mundo, ao que parece, não poderá ser imputada a outra causa que não seja a liberdade humana. Nisto, devemos estar todos de acordo!

A – Ou seja que, enquanto esta liberdade humana existir – e parece que nenhum ser humano quer suprimi-la ou renunciar a ela! – também não será possível suprimir o mal, a dor, o sofrimento…

B – Por conseguinte, todos «os sábios que, no mundo, existiram» (digamos, a gente normal que tem cabeça para pensar e coração para amar) seguiram e traçaram o «caminho da sabedoria»…

A – Será a estes “sábios” que se destinam aquelas enigmáticas palavras de Jesus, repetidas no Evangelho no meio das suas parábolas: «Quem tenha ouvidos para ouvir, oiça!»?

B – Esse “caminho de sabedoria” é-nos apresentado neste caso, por S. Paulo ao afirmar: “os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há de manifestar”

A – É como dizer: Se é impossível mudares o que quer que seja, então, aprende a lidar com essa realidade e não pretendas sair dela ou lutar contra ela (como quem “dá coices contra o aguilhão”)…

B – E assim, Paulo continua a declarar: “Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós… que esperamos… a libertação…”.

A – Ou seja, está bem claro. Se as criaturas – não humanas – até elas, estão submetidas ao sofrimento das “dores da maternidade”, quanto mais nós haveremos de “gemer interiormente”!?

B – Afinal, confirma-se aquele “princípio” generalizado: as dores e pesares são exigência do Amor. Ou, então, o amor demonstra-se! Aliás, como nos recorda aquele refrão musical juvenil: «O amor, para ser autêntico, tem que doer!».

 

A/B: É lei de vida, Senhor, Tu disseste que “ninguém pode ser superior ao seu mestre”.

Se o “tronco verde” é torturado e imolado, ao “seco” que lhe pode acontecer?…

Ou seja, Jesus, que só entenderemos o porquê do mal, e das suas consequências,

se conseguirmos abraçar-nos à Tua cruz e aprendermos a lição de Amor…

Mesmo “possuindo nós as primícias do Espírito” – e por isso mesmo com mais razão! –

temos que assumir “os gemidos interiores” para assim amar e sentirmo-nos amados…

       

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net