41aa- «E os discípulos deram-nos à multidão...

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 18 do T. Comum)

 

“Jesus… ergueu os olhos ao Céu e recitou a bênção. Depois partiu os pães e deu-os aos discípulos, e os discípulos deram-nos à multidão. Todos comeram e ficaram saciados. E, dos pedaços que sobraram, encheram doze cestos. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças”. (Mt 14,19-21 / 3ª L.).

 

E era mesmo uma multidão!… Surpreendem, porém, os pormenores(!) registados por Mateus: “cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças” (estas, seguramente, mais numerosas que os primeiros); e os “doze cestos cheios, com os pedaços sobrantes”… Não obstante a tendência dos judeus a exagerar nos cálculos quantitativos e o sentido simbólico dado aos números, a verdade é que, por trás de tudo isso, escondem-se algumas realidades que merecem a nossa reflexão…

 

A – A preocupação de Jesus pelas necessidades e misérias humanas é, sem dúvida, a primeira questão a pôr em destaque: “Jesus, ao ver aquela grande multidão, encheu-Se de compaixão”

B – Aí está a chave para entender todo o resto… Jesus «agia e dizia», sempre, em função das pessoas e movido pelo bem que era preciso fazer aos outros, isto é, a sua salvação. E sabemos que “com-paixão” é «sentir com» ou «padecer com» (compadecer)… Só assim é possível ajudar!

A – Desde logo, Jesus não faz aqui senão projetar, “em Si” e nos outros, o Amor solícito, paciente e misericordioso do Pai Deus. E através de intermediários: “…os discípulos deram-nos à multidão”.

B – Porém, aquilo que mais chama a atenção em toda esta história é a superabundância dos bens destinados a satisfazer as necessidades dos pobres (aí estão esses números “grandiosos”!).

A – Claro que o mais admirável para todos é o milagre espetacular de Jesus – antes nunca visto – de “multiplicar” indefinidamente (outra vez a aritmética!) aqueles pães e peixes insignificantes…

B – Mas, será esse o verdadeiro milagre de Jesus neste episódio – que, aliás, deu-se mais do que uma vez – ou haverá que descobrir, por trás deste facto, um outro milagre, ainda mais importante?

A – Uma coisa, porém, ninguém pode negar: onde não havia, ao que parece, mais do que cinco pães e dois peixes (aqui os números são mesmo exíguos) apareceu uma imensa quantidade!…

B – Existe o comum sentir de que o real e autêntico milagre de Jesus consistiu em fazer surgir naquela gente toda – muitos deles talvez fechados e egoístas – um gesto fraterno de solidariedade, “pondo em comum” cada qual o seu acanhado “farnel” (seus «cinco pães e dois peixes»)!…

A – É verdade que conseguir esta atitude solidária em pessoas, talvez egoístas, é maior milagre; embora pareça menos espetacular que a aparição “mágica” de pães e peixes em abundância…

B – O que nunca devemos esquecer é a pedagogia de Deus, em Jesus Cristo: Ele não quer partir do nada, mas sempre vai contar com o nosso esforço – o tal “grãozinho” – para construir o Reino!

A – Quer isto dizer que Deus, em Jesus, precisa da nossa pequena parte para poder multiplicá-la. Até porque, em boa matemática, “multiplicar por 0” equivale a “nada”!

 

A/B: Aqui tens, Jesus, a nossa pobreza, a nossa exígua semente que deve crescer:

venha a nós a fortaleza do Teu Espírito para o esforço que exige a sementeira.

Nós sabemos que só Tu é que dás o crescimento, desde a omnipotência do Pai;

mas, da nossa parte, nunca deve faltar esse pequeno fruto do nosso trabalho.

É a nossa oferta que Tu, Jesus, “multiplicas” para saciar todas as fomes dos corpos,

como também “multiplicas” o Teu Corpo Eucarístico, alimento de todos os espíritos!   

             

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net