45aa- «Vós me seduzistes, Senhor...

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 22 do T. Comum)

 

Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir; Vós me dominastes e vencestes. Em todo o tempo sou objecto de escárnio, toda a gente se ri de mim… Então eu disse: «Não voltarei a falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia”. (Jr 20,7.9 / 1ª L.).

 

Pelo facto de o Profeta Jeremias tentar ser sempre fiel à missão que Deus lhe encomendava de avisar, anunciar e – sobretudo – “denunciar”… já vemos o que lhe acontecia. Ele procurava ser fiel à Palavra, pronunciando e proclamando “as palavras” que o Senhor lhe comunicava; palavras que eram amargas e terríveis para aqueles ouvintes que preferiam viverem nas trevas do mal. E, claro, como essas palavras refletiam a verdade («a verdade que sempre foi amarga», pelo menos para muitos!), então, os efeitos – também amargos e terríveis – constituíam «a cruz de Jeremias»!…

 

A – Uma questão, todavia, permanece: Sendo assim a condição humana, donde provém a energia que faz suportar as dificuldades e provas, por vezes insuportáveis, que ferem os amigos de Deus?

B – Ou por outras palavras, existirá uma causa mais forte que o desânimo e a desistência perante essas pesadas cruzes que é preciso carregar para levar à frente a “missão encomendada”?…

A – Uma coisa é certa: a opção para seguir Jesus é, rigorosamente, “renunciar a si mesmo, tomar a nossa cruz e caminhar atrás d’Ele”. É o desafio do mesmo Jesus no Evangelho de hoje (Mt 16).

B – E Jesus, melhor do que ninguém, poderia dar resposta a essas questões, não só pelas Suas palavras mas principalmente com a Sua vida, onde o motor de tudo foi e é, sempre, o Amor…

A – Porém, aqui e agora, é o profeta Jeremias quem nos vai brindar a chave desta incógnita. Até porque, na sua vida, como “enviado de Deus”, era «precursor» do verdadeiro Enviado, Jesus.

B – É que Jeremias aparece, neste texto, como o melhor amigo, o perfeito “seduzido”, apaixonado, aquele que “se deixa dominar e vencer” por Quem sabe que o ama infinitamente!…

A – E neste diálogo amoroso, quem tem a iniciativa é “Aquele que amou primeiro” (como lemos nas Cartas dos Apóstolos). Ou seja, é o Senhor quem anda sempre à procura de seduzir a quem for capaz de amar! De nós depende: “deixar-nos seduzir”, ou desviar o nosso coração para outro lado!

B – Portanto, para quem, de verdade, entrou no jogo da sedução de Deus, já não há qualquer enigma sem solução nesta questão da cruz ou das cruzes da vida. Não é possível opor resistência!

A – Pode aparecer, numa primeira fase, a tentação de fugir do conflito, das perseguições, e até da perspetiva da uma morte que nos cerca… mas – como aconteceu a Jeremias – a verdade é que “não se pode conter esse fogo ardente, comprimido dentro do coração e dos ossos”!

B – O Amor de sedução de Deus é sempre mais Forte e, se formos leais na luta, será Sua a vitória!

 

A/B: O que eu desejo, Jesus, com todo o vigor da alma e a energia do coração,

é poder dizer como Jeremias: «Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir;

nesta luta desigual, dominaste-me, Jesus, e foi Tua a vitória»; e que seja de verdade!

Sentirei a tentação – tantas vezes(?) – de dizer “não voltarei a falar em Teu nome!”,

mas o Teu Espírito infunde “no meu coração, esse fogo ardente, comprimido,

que não poderei conter”, mesmo que os “inimigos” pareçam uma multidão!

             

 // PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net