da disegno 9x9cm 2000 circa

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 23 do T. Comum)

 

“Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles»”. (Mt 18,19-20 / 3ª L.).

 

Texto do Evangelho de hoje, inserido num contexto de “correção fraterna” e de “perdão amigável”. Aqui inclui Mateus estas palavras de Jesus que nos revelam uma grande e estimulante verdade… Seríamos nós capazes de chegar a essa conclusão, com as nossas forças e pela nossa própria dedução?… Só a Palavra de Jesus podia revelar-nos mais este mistério admirável!

 

A – Uma coisa parece-nos evidente aos seres humanos. Fomos feitos, criados, como seres “incompletos” e, portanto, essencialmente “complementares”, sociais, comunitários…

B – E não só por aquilo da Palavra bíblia, “deixará o homem o pai e a mãe para se unir à sua mulher e serão os dois uma só carne” (Gn 2,24), mas pelo facto de o ser humano não ser “autossuficiente” e não poder ser “autónomo”… Necessita, então, do complemento de outrem!

A – Contudo, aqui – no nosso texto – a questão parece ser mais profunda e de uma outra dimensão. Entra em jogo uma “terceira pessoa”… que resulta ser, nada menos, que Jesus-Deus!

B – Acontece que, de súbito, aparece esta “realidade transcendente” e… aquilo que em si mesmo aparecia como inacabado, incompleto, insuficiente… adquire, de improviso, um valor infinito.

A – Mas, atenção, para isto acontecer é mesmo necessário e imprescindível que, antes de mais, exista essa complementaridade, colaboração, apoio mútuo, fraternidade, união de corações, amizade… numa palavra, Amor! Aí está isso de “dois ou três” – ou mais! – mas pelo menos dois.

B – E esta Presença, misteriosa e especial, de Jesus-Deus é capaz de obter, por si só, qualquer coisa que queiram “pedir ao Pai (de Jesus) que está nos Céus”. Pois quem pede é o mesmo Jesus!

A – Quererá isto dizer que, se essa oração de petição for individual ou autónoma, não vai conseguir o que pretende?… Já que, nessa pessoa, pode estar presente a mesma Divina Trindade!…

B – É verdade. Só que, no nosso caso, trata-se do mistério duma presença especial – essencial! – de Jesus, “inerente” a esse amor existente entre as pessoas… – Existe Amor? – Está Deus-Jesus!

A – E, por consequência, onde não há Amor mútuo, recíproco, também não está Deus. Isso fica bem patente en vários outros textos do Novo Testamento, nomeadamente na 1ª Carta de João, sobretudo quando nos dá a definição magistral, essencial, de Deus: «Deus é amor».

B – Aliás (no mesmo contexto da palavra de Jesus) João explica e esclarece: “Quem não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” ou “A Deus nunca ninguém o viu; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor é perfeito em nós”. (1Jo 4,8.12).

 

A/B: Quero compreender, Jesus, as tuas palavras e que penetrem em mim profundamente.

Que eu seja capaz de apreender a atitude e o exemplo de João, “o discípulo do amor”;

e que eu entenda as palavras que Tu lhe inspiravas, quando escrevia (1Jo 4,16):

“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele”.

Jesus, olha que nós precisamos desse Amor fraterno como do ar que respiramos:

então, infunde em nós, pelo teu Espírito, a capacidade de amarmo-nos uns aos outros,

porque é isso que significa e produz a Tua presença real em nós, pelo Amor!      

             

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net