50aa- «Lançaram-no fora da vinha e mataram-no…

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 27 do T. Comum)

 

 “…Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo e ficaremos com a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no…”. (Mt 21,36-39 / 3ª L.)

 

Sabemos que Jesus, ao contar esta parábola, estava a pensar naquela outra (parábola-alegoria) do profeta Isaías (Is 5), que Ele muito bem conhecia… Também sabemos que, nesta parábola, aquele “seu próprio filho que o dono finalmente enviou”, era apenas a figura do Messias, o mesmo Jesus, Filho de Deus… Porém, o que já não fica tão claro é saber onde é que nós nos situamos, nestas “histórias”? Onde é que estamos representados: Será que somos as “cepas da vinha”?… Ou os “servos”?… Ou os “vinhateiros”?

 

A – Parece evidente que, numa primeira aproximação, aquilo que melhor nos representa deverá ser a própria “vinha” – plantas e frutos – que, afinal, é o objetivo óbvio que toda a viticultura persegue…

B – E não seria preferível sentir-nos retratados nos “servos” que, no tempo próprio, são enviados para a colheita dos frutos? … Ou, porque não, nos “vinhateiros”, cuja missão seria cultivar a vinha?

A – Então, parece coerente que cada um deverá escolher a situação mais adequada para a missão a que se sente chamado e enviado… Lá onde melhor possa realizar-se, dentro da vocação sentida.

B – Tudo bem!… No entanto, parece que, realmente, somos chamados a cumprir – sucessivamente ou em simultâneo – todas aquelas funções: “vinhateiros”, “servos” e “cepas” da vinha… E se não realizarmos, oportunamente, cada uma destas missões, não nos sentiremos realizados!…

A – Mas será que a nossa missão, nesta vida, vai ficar por aí – embora nos pareça já suficiente –?

Não seremos chamados, como Jesus, a beber ainda um outro cálice: o da entrega e oblação total?

B – Ora, cá está a ‘personagem’ da parábola que ainda nos faltava confrontar: o próprio filho do dono da vinha. Quer dizer – na intenção da parábola – o Filho de Deus, Jesus de Nazaré… E com isso, Jesus está a enfrentar o sacrifício e oblação da Cruz… pois todo o resto…não ia bastar!

A – E foi “o Pai-Deus quem – em expressão do próprio Jesus – por amar tanto o mundo, entregou o seu Filho Único, para que todo o que nele crê não se perca mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Mas – pensamos nós – não será excessivo querer impor esta mesma atitude aos seus seguidores?…

B – Não parece! Pois é também o mesmo Jesus quem proclama esta exigência, com palavras que não excluem ninguém: “Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me»” (Lc 9,23)…  Já não temos dúvida!

 

A/B: Se é assim a tua exigência de Amor, não admira, Jesus, que tenhas poucos amigos!

A quem quer mais (como aquele jovem sincero a quem olhaste com afeição) Tu lhe dizes:

“Ainda te falta uma coisa: Deixa o que tens… e terás um tesouro… Vem e segue-Me!”.

E nós, ao escutar a tua Palavra, não podemos fechar os ouvidos ou olhar para o lado,

mas aceitarmos o Teu desafio – olhos nos olhos – com todas as consequências…

E quando possamos dizer cada um – como o Teu amigo Paulo – “já não sou eu que vivo,

és Tu, Jesus, que vives em mim”, quando isto for realidade num grau conveniente,

terá chegado o tempo da cruz e do sacrifício, até se consumar em nós o holocausto…  

                 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net