51aa- «Tudo posso n’Aquele que me conforta.

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo A – Domingo 28 do T. Comum)

 

 “Irmãos: Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta”. (Fl 4,12-13 / 2ª L.)

 

Esta Carta de Paulo, aos cristãos de Filipos (onde aparece o famoso «hino a Cristo, servo sofredor») é caracterizada por um tom afetuoso que a perpassa de princípio a fim… E é bom ter presente que a Carta foi escrita desde uma das prisões que ele sofreu (embora ainda não está claro se desde a cadeia de Roma ou desde a de Éfeso). Até se alegra de que os seus injustos cativeiros acabassem por contribuir, curiosamente, para o progresso do Evangelho… Aliás, chega a afirmar que, “fora de Cristo Jesus, tudo é lixo para ele”

 

A – Sem deixar de agradecer sentidamente aos filipenses toda a ajuda que lhe enviaram à prisão, proclama – no texto refletido – a experiência acumulada ao longo da sua já dilatada vida, sempre conduzida por Deus. Quer deixar, na conclusão da Carta, uma lição de como atuar na vida cristã…

B – Isto para que os fiéis filipenses – de quem recebe e a quem agradece esses auxílios materiais – não pensem que ele, Paulo, vive agarrado ao bem-estar produzido por esses bens… Longe disso!

A – Atitude e conduta, aliás, bem patente na nossa sociedade consumista e hedonista, que tenta fugir sempre do que contraria, e prolongar indefinidamente o estado de bem-estar e de prazer!

B – Para Paulo, porém, é uma atitude assumida que – nesta vida terreal e transitória – é preciso aprender a viver os tempos de «não-prazer», de “necessidade”, de “pobreza”… como necessários! Mas, ao mesmo tempo, saber viver os períodos de “abundância”, de “fartura” ou de bem-estar…

A – Então, a filosofia do povo, fruto da longa experiência, é rica em ditados populares que refletem esta situação inclusiva e abrangente; por exemplo, «saber estar às duras e às maduras»…

B – Sim; para já não falar da atitude assumida pelos discípulos fiéis de Jesus («o servo sofredor»), “que comia e bebia”, e pelos grandes santos… como Teresa de Ávila, que repetia às suas Irmãs aquele ditado, tão castiço e simples como sagaz, aplicado à alimentação: «Quando perdiz, perdiz!».

A – Claro que esta conduta inclusiva… na vida, resulta muito difícil ou impossível para os que não sabem escutar e viver a palavra de Paulo, que conclui assim: “Tudo posso n’Aquele que me conforta!”.

 

A/B: O que significa, Jesus, sentir-nos “confortados por Ti” e nada temermos na vida?

Talvez contarmos só com a Tua fortaleza, ou também com o Teu conforto e aconchego?

Os inimigos chamavam-Te “glutão e beberrão” porque comias à mesa com todos;

e a João Batista – porque “nem comia nem bebia” – diziam estar “possuído do demónio”.

Por isso, Jesus, acudimos a Ti, em quem tudo podemos porque nos confortas

para conseguirmos imitar o exemplo de Paulo, Teresa ou João… e, pela sua intercessão,

aprendermos a conjugar os tempos de privação e de abundância, de fartura e de carência…   

                  

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net